Etimologicamente, “laico” (“laos”, voz grega que significa povo) é aquele que não desempenha um cargo eclesiástico, ou seja, é o homem do povo, por isso a igreja católica usa o termo laico para indicar aqueles que têm a simples categoria de prosélitos ou fiéis.
Esta doutrina defende a independência do homem, da sociedade e especialmente do Estado de toda influência eclesiástica ou religiosa, permitindo assim o livre arbítrio da consciência de cada indivíduo: a razão sobre o dogma.
De acordo com os antigos deveres, que se mantêm em vigor até hoje, expressava-se no essencial das leis maçônicas a ideia do “humanismo”.
Assim, a principal preocupação dos maçons é o aperfeiçoamento do indivíduo.
Para alcançar o seu fim, propõe aos seus adeptos que possuam um pensamento criador e, para alcançar esse objetivo, exige-lhes: “pensem bem, fale bem e agir bem”.
Depreende-se que laicismo e maçonaria são uma simbiose que permitirá aumentar a força moral do homem, tornar uma sociedade mais justa e oferecer a mesma oportunidade de acesso à educação e à cultura num mundo globalizado.
O absolutismo dos séculos XVIII e XIX proibiu a livre circulação das ideias e dos livros e impôs as ideias católicas e a defesa da Igreja.
Os pensadores dissidentes foram perseguidos para proibir o exercício da Maçonaria em todo o território do reino e suas colônias, estabelecendo a pena de morte para todos os indivíduos que professassem essas ideias.
Assim nasceu o laicismo, como uma barreira que deveria proteger a liberdade de pensamento contra a superstição, o fundamentalismo, o totalitarismo.
Levantava-se como um farol que deveria irradiar sobre a sociedade a tolerância, como factor indispensável para que esta pudesse se desenvolver.
A Maçonaria assume como sua o desafio de lutar pela igualdade entre os seres humanos e a defesa do laicismo como valor contra o dogmatismo, seja ele político, social, económico ou religioso.
Os maçons entendem a necessidade de permitir a livre opção de buscar suas próprias concepções religiosas.
O maçom deve zelar pelo cumprimento das leis e, consequentemente, defender o Estado Laico, que é atacado por aqueles dogmáticos que pretendem aplicar na República as regras derivadas do seu sectarismo. O Estado Laico não se combate porque é maçônico, porque é contrário às religiões, combate-o porque a base da sua existência está na racionalidade do homem.
Laicismo significa defesa da liberdade de consciência, pelo que não é proclama de ateísmo nem movimento anti-religioso; é espírito de liberdade e nasce da necessária secularização da ciência, da filosofia, da história e das instituições.
Afirma que o Estado, enquanto entidade de direito, não pode professar culto, que, especialmente na democracia, a educação é uma função primordial do Estado, que a educação laica é o método educativo específico da democracia, que o Estado deve se propor formar homens livres, cidadãos e não súbditos, com discernimento próprio, que não é possível fundar no dogma a educação do homem livre e que, além disso, o laicismo escolar é a condição sine qua non para que a liberdade de cultos não seja uma ficção desprovida de valor real.
O laicismo significa, essencialmente, uma alteração da relação entre o mundo e a religião; em vez de ocupar esta o lugar central e dominante de todas as atividades humanas, como aconteceu em certa fase da história do Ocidente, e actualmente ocorre em vários países, especialmente muçulmanos, a reduz ao que deve ser sua própria esfera, o foro da consciência pessoal.
Depois da dura luta desenvolvida desde o século XVIII em que a Igreja e o Estado disputaram a escola e a universidade, o laicismo moderno teve que se levantar perante as pretensões de alguns de revitalizar a Igreja como poder político e teve que levantar, mais uma vez, sua voz sobre seitas e grupos religiosos exclusivos com sinais de limpezas étnicas.
Alguns católicos, protestantes, muçulmanos e judeus querem resolver as suas diferenças com sangue e todos querem ter um Deus feito à sua medida, que os ampare e favoreça e que, também, os justifique nos seus desmanes e interesses, esquecendo-se de que se pode viver com tolerância, como algumas experiências passadas nos Ensinam-no.
Devemos defender fortemente a universalidade dos direitos humanos, a tolerância e a solidariedade.
Laicidade é lutar pelo que é nosso, é abrir as janelas da compreensão e da justiça e é lutar sem tréguas contra todos os fanatismos, que perturbam e distraem na tarefa comum do bem-estar irrevogável do homem.
O laicismo deve iluminar-nos e ajudar-nos a caminhar todos juntos, cada um com a sua verdade, para que no futuro o pensamento em liberdade seja o natural e próprio de qualquer cidadão.
Basta salientar que a melhor garantia para o desenvolvimento das crenças pessoais é a existência de um Estado plenamente laico, que pratique plenamente a máxima evangélica de "dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César".
No seu fundamento, laicismo é sentir democrático e tolerante, pois não combate nenhuma ideia ou sentimento religioso, respeita-os e deixa-os ao domínio exclusivo das consciências; mas aponta para o perigo que significa a intolerância religiosa, combatendo-a, porque esta, muitas vezes, em posição privilegiada, especula com as consciências timoratas e cria um estado dentro de outro Estado.
Concluiremos que o laicismo envolve a ideia de livre exame, o direito que o homem tem de conhecer, analisar e tirar conclusões segundo as suas próprias faculdades.
É a rebelião da razão contra imposição do dogma.
Porque o dogma usou a ignorância para precipitar a humanidade no abismo do sobrenatural, conduzindo-a e subordinando-a aos seus próprios interesses.
O ideal de liberdade é laico porque dá a cada um a possibilidade de seguir e professar as ideias que a sua própria razão lhe dita; o ideal de igualdade é laico porque a razão rejeita qualquer classificação dos homens em categorias que não as da inteligência, a capacidade de trabalho, a do valor moral, categorias estabelecidas pela razão e o ideal da Fraternidade é laico porque significa a aceitação da liberdade alheia e da igualdade dos outros em relação a si mesmo.
O ideal laico é espírito de progresso, de curiosidade que vai sempre na vanguarda, porque ele não é retido por nenhum trabalho.
Não existe objeto tabu nem ignorância digna de veneração; tudo é matéria de estudo, de busca, de aprofundamento.
O ideal laico permite que os homens sondem cada vez mais profundo no desconhecido e façam descobertas úteis à ciência e à humanidade.
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