A separação Institucional entre a autêntica Maçonaria “Azul” e a Maçonaria Filosófica, ou de Supostos Graus Altos

 

Vimos repetidamente quão grande foi o transtorno que os altos graus introduziram na Maçonaria, desde que, abandonando a primitiva simplicidade e os saudáveis preceitos do simbolismo, foram adotados os pomposos títulos e as fábulas e mistérios de uma Seudo- Maçonaria quase - mística e indefinível, cheia de labirintos com entrada mas sem saídas, graus filosóficos ou altos graus, afastaram-se da mensagem original proposta pelos 3 graus maçônicos originais, os altos graus cheios de teorias teosóficas, templárias, com mensagens de vingança e de desconcertos, que embora esclarecessem vários pontos do verdadeiro Rosacrucismo universal no 18o ano, outros pontos escureceram.

De todos os sistemas que obedeceram a estes propósitos, só o Rito Escoces chegou a prevalecer, apesar da luta rude que teve que sustentar contra todos os seus antagonistas, até que finalmente chegou a ser admitido e considerado como fazendo parte integral da Maçonaria.

Contribuiu para este resultado a divisão de poderes que chegou a estabelecer e a harmonia que pretendia alcançar; neste momento foi que a Maçonaria Azul e a Maçonaria Filosófica ou de Altos Graus se dividiram de forma saudável em duas instituições separadas, mas sempre com eficazes e fraternais vasos comunicantes , nos últimos tempos com a Maçonaria Simbólica, compreendendo que, na luta com esta, havia de ser vencido à medida que a instrução se tornasse cundindo e ocupando o lugar que o fanatismo e os odiosos privilégios tinham preenchido o mundo durante as épocas de perturbação, de ignorância e de vicissitudes que se seguiu imediatamente à reforma filosófica de 1717.

Espalhado por todo o lado e adoptado, sendo considerado, como já dissemos, como fazendo parte integrante da Maçonaria, embora com carácter especial de justaposição, se nos é permitido a frase, pois em nada afeta a essência da Maçonaria, nem é necessário para os fins desta grande associação, que não necessita de mais do que dos seus três graus, e que não exige dos seus iniciados a aceitação do escocismo, deixando-os em liberdade de aspirar, se lhes agradar, aos altos graus, sem que a posse destes influencie em nada o carácter, aos direitos e condições desses direitos.

Livre já dos entraves que o tinham detido na sua marcha, completamente dono de si e consolidada a sua sentença por toda a parte, pôde finalmente o escocismo entregar-se descansadamente, a partir de 1854, aos grandes trabalhos que com tanto empenho tem vindo a prosseguir desde essa data, purando o Rito e a organização do Supremo Conselho, de estranhas e caducas teorias e procedimentos, harmonizando-o com o espírito maçônico da época.

Mas para legalizá-lo de certa forma e para fazê-lo à altura necessária e em condições de poder preencher dignamente a sua missão, era necessário rever a sua lei fundamental; definir claramente os seus princípios e formulá-los e publicá-los, através de uma declaração que, embora os desse a conhecer, em termos de que a ninguém pudesse ter a menor dúvida da pureza das suas doutrinas e do espírito eminentemente progressista em que se inspira, servisse também de norma de conduta, à qual todos os corpos directores e subordinados do Rito Escocês deveriam ser adaptados.

Depois de muitos ensaios infrutíferos, chegou ao fim o tão desejado momento de reunir na Assembleia Universal os Representantes dos Supremos Conselhos regulares, ou tomados por tais pelo menos do mundo inteiro.

A Suíça, uma das nações que mais intimamente tinha observado as tradições do escocismo através do seu Directório Escocês e recentemente pelo Supremo Conselho que acabava de ser constituído, foi o apelo a realizar esta empresa.

À circular que dirigiu aos Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito, expondo-lhes os seus propósitos e convidando-os para a celebração de um Grande Convento Universal que se constituiria em Lausana em 6 de Setembro de 1875, com o objetivo de proceder à revisão e reforma das Grandes Constituições de 1786, à definição e proclamação de princípios, à estipulação de um Tratado de Aliança e Solidariedade, e em suma, à perfeita organização e regularização do Rito, responderam aderindo certamente e prometendo o seu concurso, os Supremos Conselhos de Cuba, México, Inglaterra, Bélgica, Escócia, França, Itália, Hungria, EUA e alguns outros.

Chegado o dia prefixado, exigem-se, de fato, os Supremos Conselhos aderentes, dando início às suas tarefas.

Onze sessões realizaram-se nessa assembleia; inaugurados solenemente os trabalhos em 6 de Setembro de 1875, encerrados no dia 25 do próprio mês, dissolvendo-se o Convento depois de ter concluído a sua missão.

Este Convento é sem disputa um dos mais importantes, se não for o mais importante talvez, de quantos se registram nos fastos da Maçonaria.

E esta importância é chamada a crescer de dia para dia, pela grande ressonância e grande importância dos notáveis acordos e disposições que foram adoptados naquela memorável assembleia, que se foram imediatamente resultados desde o primeiro momento em que foram consagrados, muito maior ainda de chegar a alcançá-lo no futuro

E com efeito, além dos assuntos que podem ser considerados meramente peculiares do Rito Escocês, a reunião do precitado Convento, que talvez não tinha outro objetivo senão o de praticar um reconhecimento no campo da Maçonaria Universal, produziu resultados tão grandes quanto verdadeiramente imprevistos, que permitem assegurar que tiveram de superar excessivamente as esperanças mais lisonjeiras que poderiam conceber os campeões mais entusiastas e decididos do escocismo.

Porque sem luta, sem descalabros, sem ter que vente nenhuma resistência, que arrombar nenhum obstáculo, que contrariar aparentemente o mais leve protesto, nem queira o mais insignificante ressentimento; com a maior harmonia e no meio da maior calma e silêncio, a fé tomando o Convento das mais importantes posições, e tornando-se forte nelas, proclamando-se a Fraternidade como soberana, e erguendo-se a razão legisladora, para a verdade somos supremo juiz supremo e nomeando a Igualdade como árbitro dos destinos da Maçonaria Universal.

A soberba tentou destronar a Maçonaria e foi derrotada, e a ignorância tentou se colocar acima das ideias da Maçonaria e falhou.

A injustiça acreditava ser dona e soberana do mundo mas foi vencida, porque por grandes que sejam poderio das ditaduras e das excelências do poder político demagógico, está longe de poder ser comparada à democracia que propõe a maçonaria.

Alcoseri

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