Devíamos abolir a palavra “covardia” do dicionário.
Devíamos proibi-la de ser mencionada em nossos lares,
nas ruas, nas escolas, nas praças e em todo o país.
Medo não é covardia.
Não enfrentar o medo é que é covardia.
Chega de contar os mortos muitos deles vivos entre nós.
A hora é de alimentar a vida e evitar a água potável que nos servem no conforto do lar, vamos matar a sede na fonte dos rios,
lá onde bate o coração daqueles que não se entregam antes da luta.
Lágrimas não enchem barriga e as desculpas são sempre as mesmas, e o que é pior, são sempre os mesmos nos muros das lamentações.
Vamos derrubar o muro, agora!
Está proibido chorar sem lutar.
Está proibido chorar se não for por momentos de felicidade.
Não dá mais pra esperar, as quebradas estão mais quebradas do que nunca e precisamos estar inteiros para consertá-las.
Agora é a hora!
Está proibido também dar o ombro para o outro chorar, que vá chorar no inferno ou no raio que o parta.
Temos que andar com os braços abertos: Uma mão para puxar quem está atrás, e a outra, para segurar na mão de quem está na frente.
Arregace as mangas e não esqueça que os covardes são presas fáceis para o destino.
Sergio Vaz
Trecho do texto "É proibido chorar" do livro "Literatura, pão e poesia" Global Editora
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