Nessa semana abordamos os livros filosóficos que oferecem ao leitor doutrinas mediadas por um discurso facilitador, seja por meio de recursos literários ou de 'aplicação prática ' das ideias neles contidas.
A razão da escolha está justamente no fato de que o livro escrito pelo filósofo alemão Friedrich Wilhem Nietzsche (nascido em 1844), entre os anos de 1883 - 1885 se transformou numa das obras mais influentes, principalmente entre os jovens, na primeira metade do século XX
Assim falava Zaratustra combina uma prosa poética com ditos éticos e filosóficos.
Usando o artifício de falar por meio de um mestre zoroastrista persa - Zaratustra, que prega aos homens ' que desejam se separar das multidões ', ele retoma idéias centrais da sua filosofia.
Ideias estas sobre vontade e potência, e a emergência de um super-homem (evolução intelectual do macaco e do homem comum para uma consciência superior de si mesmo).
Idéias que ele desenvolveu em outras duas obras: 'Gaia Ciência' e 'Além do Bem e do Mal', este último, ensaio escrito após a publicação da duas primeiras partes de Zaratustra.
Sim, a obra foi escrita em partes reunidas após a morte precoce do filósofo em 1900 quando já se achava recluso num sanatório em razão da loucura resultante de sífilis.
Teve uma vida curta, mas intelectualmente brilhante: aos 24 anos já lecionava filologia na Universidade da Basileia, uma das mais prestigiosas da Europa.
'Assim Falava Zaratustra: um livro para todos e para ninguém ' tem a vantagem de não exigir uma leitura sequencial, pois foi organizado em torno de temas como 'Da castidade', Do amor ao próximo ', ' Da livre morte', 'Da canalha', 'Dos sublimes ', como uma bíblia laica e até mesmo sacrílega - uma vez que uma de suas teses é a morte de Deus e a decadência do cristianismo.
Na forma de ensinamentos de Zaratustra o leitor é provocado a refletir e a entrever o que seria a emergência desse novo ser, o homem de consciência superior, avesso à servidão e à mediocridade da 'turba'.
Note-se que Nietzsche foi banido de certos círculos intelectuais de esquerda e associado à doutrina nazista da pureza racial.
Contudo, sua obra filosófica vem sendo retomada como parte da intelligentsia universal e nada comprova o interesse de Nietzsche pela política. Além disso, publicou e morreu bem antes do surgimento do socialismo russo ou do nazifascimo alemão.
Os ensinamentos de Zaratustra sem dúvida fascinam pela agudeza da crítica e pelas sugestões sobre como podemos criar um mundo novo.
Leituras Livres
Foto: edição La Fonte, tradução de Antônio Carlos Braga, texto integral, 2018
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