Os tetramorfos na arte cristã e seus significados
Embora seja mais provável que apareça na arte ocidental, qualquer experiência da iconografia cristã nos apresentará uma vez ou outra a imagem de algumas criaturas estranhas e aladas, com a cabeça e as características de animais.
Geralmente no Evangeliário, e também às vezes na arquitetura dos edifícios das igrejas, o aparecimento de tais criaturas fantásticas possa parecer desconcertante para os que são novos na Fé Cristã.
No entanto, essas criaturas com asas de anjo – coletivamente chamadas de Tetramorfos – são encontradas no Antigo e no Novo Testamento da Bíblia, e seu simbolismo explica sua presença na encadernação do Evangeliário.
É o profeta Ezequiel, exilado juntamente com os israelitas no século VI a.C., que primeiro nos revela a visão dos quatro seres angélicos. Numa visão, e vindo das chamas, Ezequiel relata:
“Quanto às suas faces, tinham forma semelhante à de um homem, mas os quatro apresentavam face de leão do lado direito e todos os quatro apresentavam face de touro do lado esquerdo. Ademais, todos os quatro tinham face de águia” (Ez 1,10).
“O primeiro Vivente é semelhante a um leão; o segundo Vivente, a um touro; o terceiro tem a face como de homem; o quarto Vivente é semlhante a uma águia em voo” (Ap 4,7).
É esta configuração mostrada na imagem da parte superior deste post e a representação mais comum das quatro criaturas nas obras de arte cristãs.
Quanto ao motivo pelo qual os Tetramorfos aparecem no Evangeliário, isso se deve à identificação das quatro criaturas como símbolos dos Quatro Evangelistas:
Marcos é representado como o leão alado, quando seu evangelho começa com João Batista e sua “voz clamando no deserto”; o leão é um animal do deserto no Oriente Médio.
O simbolismo de representar os Quatro Evangelistas como as Criaturas de Quatro Asas se desenvolveu ao longo do tempo, de modo que, na Alta Idade Média, era extremamente comum encontrar esses símbolos no Ocidente.
Também era comum ver os evangelistas retratados como humanos, mas ladeados por “suas criaturas”.
Embora esse simbolismo remonte ao primeiro milênio após o nascimento de Cristo, e certamente pertença à Tradição da Igreja Oriental, também é verdade que o simbolismo é usado com menos frequência no Oriente, porque os ícones não são meramente exemplos de “arte cristã”, mas são imagens que são veneradas e honradas.
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