As lojas maçônicas surgidas na Colônia, no século XVIII, tiveram grande importância no movimento de emancipação política.
No Brasil as idéias liberais e democráticas chegaram trazidas pelos filhos dos grandes proprietários de escravos e de terras, que ao retornarem de seus estudos em universidades européias ingressaram nas lojas maçônicas.
Viajantes, principalmente franceses, de passagem pela Colônia também foram responsáveis pela propagação das idéias do Iluminismo.
Figuras expressivas da sociedade colonial, como fazendeiros, comerciantes, funcionários, professores e muitos padres, reuniam-se nas lojas maçônicas tomando consciência da situação da Colônia e de sua condição de colonos
Quando D. João chegou ao Rio de Janeiro, em 1808, encontrou a Maçonaria já plenamente estabelecida. Nas lojas maçônicas foram articuladas a Conjuração Baiana, a Conjuração do Rio de Janeiro e a Revolução Pernambucana de 1817.Depois da Revolução do Porto, na qual a Maçonaria desempenhou papel importante no estabelecimento da Monarquia constitucional, as sociedades maçônicas no Brasil passaram a ser o centro mais ativo de trabalho e da propaganda emancipadora, sobretudo após a partida de D. João VI.
Segundo a historiadora Célia de Barros Barreto, "A Maçonaria aparece, então, funcionando como verdadeiro partido, dentro do qual começam a surgir as primeiras discórdias oriundas de interesses diversos."
Democratas e aristocratas reuniam-se nas lojas maçônicas para discutir suas idéias e projetos. Defendiam a emancipação, mas não chegavam a um acordo sobre como esta emancipação se realizaria.
O grupo de Gonçalves Ledo, os democratas, predominava no Grande Oriente do Brasil, enquanto que os aristocratas, liderados por José Bonifácio, dominavam o Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz. Os dois grupos tentavam atrair D. Pedro para a Maçonaria.
O príncipe agradou ambos os lados ingressando nas duas lojas.
Assim como a Maçonaria, a imprensa desempenhou papel importante em favor da Independência. Livre da censura, a partir de agosto de 1821, passou a divulgar as idéias discutidas até então somente em reuniões secretas.
Os aristocratas expressavam-se no Despertador Brasiliense, de Francisco de França Miranda e em O Espelho, de Manuel Ferreira de Araújo.
No Rio de Janeiro, a partir do segundo semestre de 1821, começaram a aparecer panfletos que, distribuídos nas ruas ou pregados nos muros, pediam a permanência do príncipe no Brasil. Exortavam ainda à separação de Portugal, e criticavam as medidas recolonizadoras das Cortes.
Quando, em dezembro de 1821, chegaram ao Rio de Janeiro as novas ordens de Lisboa, os protestos só cresceram.
Em meio a grande agitação, as forças políticas brasileiras uniram-se para impedir o regresso de D. Pedro, o que significaria para o Brasil voltar à situação de Colônia.
José Joaquim da Rocha criou o Clube da Resistência; emissários foram enviados às províncias de São Paulo e Minas Gerais em busca de apoio; José Clemente Pereira, presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro, começou a colher assinaturas pedindo ao príncipe que ficasse.
Em 9 de janeiro de 1822, uma comissão levou ao palácio um abaixo-assinado com oito mil assinaturas .
Em cerimônia solene e festiva, conhecida como o Dia do Fico, D. Pedro concordou em desobedecer às ordens das Cortes, ficando no Brasil.
Na ocasião disse: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto, diga ao povo que fico."
O Dia do Fico representou não só a desobediência às Cortes mas também marcou o início do processo de separação, apesar de que entre os vivas que o saudaram ouvia-se também "Viva a União de Portugal com o Brasil."
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