Seu surgimento ocorreu em meio a um contexto mais amplo de reformas religiosas em curso no século XVI. Essas reformas incluíam a ascensão do Luteranismo e do Calvinismo na parte continental da Europa.
O anglicanismo continua sendo uma importante denominação cristã até os dias atuais, especialmente na Grã-Bretanha, na Nigéria, em Uganda e em demais países que pertenceram ao império britânico no passado.
Como surgiu o anglicanismo
O rei Henrique VIII estava casado com Catarina de Aragão. Eles tiveram vários filhos, mas apenas uma filha sobreviveu. Assim, o rei não tinha um descendente homem que pudesse assumir o trono em seu lugar.
Henrique VIII pretendia se divorciar para se casar novamente. Porém, o pedido de anulação de seu casamento não foi aceito pelo papa Clemente VII.
Logo, no ano de 1534, o rei determinou - através do chamado Ato de Supremacia - que fosse criada a Igreja Anglicana. Ela estaria submissa ao poder do Estado e reconhecia Henrique VIII como protetor, senhor e chefe supremo da Igreja e do clero na Inglaterra.
Além de deixar de estar sob a autoridade o papa, garantindo, assim, a ampliação do poder da monarquia, o Estado expropriava inúmeras terras pertencentes à Igreja.
Nesse momento, a igreja na Inglaterra deixa de ser católica romana e passa a ser católica reformada.
O surgimento das reformas protestantes
A criação da Igreja Anglicana ocorreu durante a Reforma Protestante, contexto em que novas doutrinas se formavam a partir da ruptura com o Catolicismo. Cada uma das novas doutrinas adotavam características distintas, influenciadas por seus precursores.
A primeira doutrina protestante dessa época surgiu na Alemanha, em 1517, e é conhecida como Luteranismo, uma vez que seu precursor foi Martinho Lutero.
Lutero, que era um monge católico, discordava de certas práticas. Ele ia contra, especialmente, ao pagamento das indulgências em desagravo dos pecados cometidos pelas pessoas.
Assim, com o objetivo de “reformar” a igreja, e não de dividi-la, Martinho Lutero contestou alguns pontos da doutrina cristã, tornando pública sua crítica ao pregar as 95 teses na porta da igreja de Wittemberg, na Alemanha.
Esse manifesto propiciou a divisão da igreja, ao mesmo tempo em que o então papa Leão X excomungava Lutero.
Pouco após a ação de Lutero, surgiu em genebra, na Suíça, o Calvinismo, de João Calvino. Em 1533, Calvino converteu-se ao Protestantismo e tornou-se um defensor da nova doutrina, sendo posteriormente excomungado devido às suas crenças.
Finalmente, surge o Anglicanismo, de encontro às anteriores doutrinas, esta surgia como uma nítida expressão da supremacia do rei Henrique VIII.
Semelhanças e diferenças entre o anglicanismo e o catolicismo
As crenças, doutrinas e dogmas da Igreja Anglicana assemelham-se às católicas, mas também apresentam algumas diferenças.
Dentre as principais semelhanças, destacamos os fatos de os anglicanos acreditarem na palavra contida na Escritura Sagrada, bem como de praticarem os sacramentos do Batismo e da Eucaristia.
No que respeita às diferenças, destaca-se o não reconhecimento da autoridade papal. Além disso, no século XX, algumas denominações anglicanas passaram a ordenar mulheres para o sacerdócio, enquanto na Igreja Católica só homens podem ser padres e bispos.
Luteranismo e Calvinismo
As principais diferenças entre as doutrinas protestantes concentram-se especialmente na forma como a salvação é alcançada pelos homens.
Os luteranos acreditam que a salvação é obtida em decorrência das nossas atitudes e pela fé.
Os calvinistas, por sua vez, pregam a Doutrina da Predestinação - crença de que o destino de cada um já estaria traçado por Deus.
Anglicanismo no Brasil e no mundo
Inicialmente, o anglicanismo foi difundido pelos países que eram colônias inglesas, mas sua propagação foi tão alargada que atualmente a igreja anglicana ocupa o terceiro lugar em número de seguidores cristãos em todo o mundo. Com cerca de 80 milhões de fiéis, a Igreja Anglicana está atrás da Igreja Católica Apostólica Romana e da Igreja Ortodoxa.
No caso do Brasil, o Tratado de Comércio e Navegação entre Portugal e Inglaterra (1810) foi o responsável por permitir o direito ao culto e a construção de capelas anglicanas no Brasil.
Desde então, essa vertente conta com adeptos no Brasil, permanecendo ativa sob diferentes denominações até os dias atuais.
Referências Bibliográficas
DAWSON, Christopher. A divisão da cristandade: Da reforma protestante à era do iluminismo. São Paulo: É Realizações Editora, 2014
VAINFAS, Ronaldo [et al.]. História – Volume Único. São Paulo: Saraiva, 2014.
Comentários
Postar um comentário