O dia em que estrada chegou ao fim...

Um dia, a estrada chega ao fim.

A louça fica na pia, a tv fica ligada, o livro fica aberto numa página que não será mais virada.

A estrada chega ao fim.

Homenagem a D. Hedelazir Genari Ventura, D. ZIZA, minha Mãe, minha DIVA, que partiu para o Oriente Eterno um 7 de Setembro...

Roupa no varal, lençol esticado, casa limpa, toalha sobre a cama, móvel no mesmo lugar.
A estrada chega ao fim.

Chinelos na entrada da porta, mesa posta, café frio na caneca, retrato empoeirado, lista na geladeira.
A estrada chega ao fim.

Aqueles aos quais eu feri, continuarão a caminhar e, talvez, nem se lembrarão mais de mim.
A estrada, a minha estrada, chega ao fim.

E virão novas primaveras, novos brotos surgirão e as estações continuarão mudando, sem mim.

E haverão partidas e chegadas, encontros e despedidas, novos amores, novos amigos e reconstruções. A vida continuará, sem mim.

E hoje, enquanto posso respirar, a minha prece mais bonita é: se nada levarei daqui, que eu saiba deixar boas memórias no coração das pessoas...

(Eunice Ramos)

Comentários

  1. Um dia virá
    em que a minha porta
    permanecerá fechada
    em que não atenderei o telefone
    em que não perguntarei
    se querem comer alguma coisa
    em que não recomendarei
    que levem os casacos
    porque a noite se adivinha fresca.
    Só nos meus versos poderão encontrar
    a minha promessa de amor eterno.

    Não chorem; eu não morri
    apenas me embriaguei
    de luz e de silêncio.

    Rosa Lobato de Faria

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