Esta é a sigla alquímico-lato mística que surge a jornada em direcção à Pedra Oculta, localizada no centro do ser. Para chegar lá, diz a fórmula, devemos “rectificar-nos”, isto é, operar correctamente “dentro” e “fora” de nós mesmos; o “caminho certo” torna-se assim uma metáfora para o próprio objectivo.
Mas este caminho, para ser percorrido, precisa que as pedras se correspondam, mantendo as suas diferenças, as linhas de fuga; a argamassa para conectá-los reside então em perceber as conexões subtis que unem todos os aspectos da manifestação, começando pela singularidade da nossa própria existência.
Para que isso seja possível, nas páginas dedicadas às palavras individuais que compõem VITRIOL, há digressões que podem ser excêntricas à primeira vista, mas que, justamente pela mudança de perspectiva, podem ampliar o horizonte do viajante.
São imagens unidas pelo sentido da investigação interior, facetas daquela tensão pela Verdade que, mesmo que nem todos a procurem conscientemente, certamente existe dentro de todos. São palavras de Raffaele K. Salinari , autor da obra Vitriol e Massoneria , numa edição italiana.
Na câmara de Reflexões, é o primeiro contacto que o postulante tem com a Maçonaria.
O mais importante papel da Câmara de Reflexões é o de conduzir à meditação que, quando feita, permite ao homem o acesso à sua própria alma e à sua consciência, pelo afastamento das sensações periféricas do domínio do “Ego”, e alcançar os secretos arcanos do “Eu verdadeiro”.
Uma meditação profunda e sincera, feita no silêncio absoluto, formará um perfeito Recipiendário dos Mistérios da Iniciação.
A meditação profunda é o único caminho capaz de levar o homem a um reencontro consigo mesmo.
Só um olhar introspectivo sincero, firme e permanente, pode levar o postulante ao GADU, pois este não se encontra nos templos, nas nuvens ou em qualquer outro lugar senão dentro do próprio coração do homem.
Após se despojar de todos os metais, estará simbolicamente, despido das vaidades e do luxo da sociedade profana. Esta privação dos metais serve ainda para demonstrar que só damos valor às qualidades morais, servindo os metais, apenas, para socorrer aos nossos semelhantes.
Também serve para nos lembrar do homem antes da civilização, no seu estado natural, quando desconhecia a vaidade e o orgulho.
E “Deus”, que damos o nome de GADU, que tudo vê, será testemunho da sinceridade com que ides responder às nossas perguntas.
O postulante entra então num Lugar, que pelo pretume das suas paredes, simboliza a morte, que se assemelha a um túmulo, encontra “O Pão e a Água”, dois elementos comuns, mas de importância transcendente para a vida do Homem; “O Enxofre e o Sal”, (espírito e sabedoria); “A Ampulheta”, (medir o tempo), ”O Testamento”, (moral e filosófico); “O Galo”, (audácia e vigilância);“
A Foice”, (trabalho); “O Símbolo da Morte”, esqueleto (fim da vida); “As palavras”: Vigilância e Perseverança, (são as finalidades da Ordem maçónica), e a palavra Vitriol.
Um destaque da palavra VITRIOL sobre a parede escrita em letras maiúsculas, entre frases de sentido exotérico, a inscrição VITRIOL, leva o iniciando a, para alguns autores pode significar para si e para a sua disposição de ingressar na ordem maçónica. A explicação só aparecerá mais tarde, quando ele, como Aprendiz, estudar os fundamentos da iniciação.
As letras desta palavra são as iniciais da frase latina:
“VISIT INTERIORA TERRAE RECTIFICANDO INVENIES OCCULTUM LAPIDEM”
Ou seja:
“VISITA O INTERIOR DA TERRA E NELE, RECTIFICANDO ENCONTRARÁS A PEDRA OCULTA”.
Esta frase, depois de bem entendida pelo Aprendiz, exorta-o a buscar, no íntimo do seu ser, por meio do contínuo aperfeiçoamento, o SER ideal, ou o EU interior Divino, que é essencial do GADU, presente em todas as criaturas.
A frase é um antigo lema ROSA CRUZ e o seu significado actual é aceite igualmente por todas as Lojas, embora possa ter, às vezes, algumas variações na interpretação.
Rectificando, significa na verdade seguir em linha recta, ou seja, agir em si mesmo com profundidade, pois o homem postulante deixa todos os vícios de uma vida anterior para adoptar novos padrões de conduta moral.
Pedra oculta, que ainda se encontra no estado bruto, necessitando ser lapidada, trabalhada, o que só acontece com a constante aprendizagem, com respeito às normas, com presença constante em Loja, com a aplicação dos princípios fundamentais da Maçonaria, como a fraternidade e a humildade.
De nada adianta descobrir que no seu interior há uma pedra bruta, se essa pedra não for tocada, não tem a sua rusticidade conhecida, se nada se faz para o seu polimento.
Eis aí um convite que a Ordem Maçónica faz ao postulante para, no silêncio e na meditação, pesquisar na sua própria alma todos os escaninhos, todas as minudências, todas as anfractuosidades dela a fim de encontrar o seu próprio “EU”, o mais profundo do ser, o homem verdadeiro que habita no corpo material.
Este, o “EU” interior, o homem verdadeiro, é a “PEDRA OCULTA” de cujo conhecimento todos nós temos necessidade!
Ela está no “INTERIOR DA TERRA’, isto é, dentro de nós mesmos, no mais íntimo do nosso ser, no mais recôndito da nossa alma e para encontrá-la devemos agir “RECTIFICANDO” os nossos pensamentos, os nossos costumes, os nossos vícios e a nossa Moral.
Além de tudo isso, na Câmara das Reflexões são encontradas frases de sentido místico, que advertem o profano para examinar as suas intenções e o seu estímulo ao procurar a maçonaria que servem para instruir e reanimar o postulante, fazendo-lhe vislumbrar os princípios maçónicos que terá de aceitar, caso persista no seu propósito de se tornar Maçom, dando-lhe, em caso contrário a oportunidade de se retirar, não prosseguindo, então a iniciação.
A sinceridade evitará que ele se torne um mau Maçom, o que não é, de nenhuma forma, a vontade da Maçonaria.
A Câmara das Reflexões, é a versão actual e moderna de uma das antigas provas iniciáticas, correspondendo àquela que se refere ao primeiro elemento alquímico fundamental: a Terra. Este tipo de prova remonta aos costumes do Egipto antigo, pois já aproximadamente no ano 2000 a.C.; em Abidos, localidade que fica entre Assuã e Tebs, os iniciados eram levados por Anúbis até a Tumba (hipotética) de Osíris, onde eram submetidos às ideias de morte e renascimento.
Estas imagens permaneceram nos ritos subsequentes utilizados pela civilização humana, sendo encontrados nos rituais gregos e romanos e tendo a sua contraparte nos procedimentos escandinavos de adoração de Thor.
Segundo os antigos documentos encontrados no vale do Nilo, o iniciando deveria sofrer uma “morte iniciática”, ao entrar no túmulo de Osíris, dali emergindo, por uma porta, no templo onde Anúbis lhe daria o sopro de uma nova vida.
Esta morte nada mais é do que a renúncia aos preconceitos, às superstições, ao fanatismo e aos vícios, necessária à ressurreição para as nobres virtudes da alma e do carácter humano, capaz de orientar o ser dual que o homem é para a construção de uma vida profícua e feliz.
José Carreiro – CIM 115940 – ARLS “Acampamento dos Aprendizes” nº 2772, Oriente de Mogi das Cruzes – GOSP
Bibliografia consultada
- Castro, Boanaerges Barbosa, Templo Maçónico e seu Simbolismo. Aurora, SP.
- Adoum, Jorge, Grau do Aprendiz e seus Mistérios, Pensamento, SP.
- Site Wikipedia, pesquisa na internet.
- Raffaele K.Salinari, Vitriol e Massoneria , Edição Italiano. Itália.
- E, Vivências pessoais na Maçonaria.
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