A CAMINHADA ...

 

Nas profundezas do inconsciente habita um medo primordial, denso como a matéria escura, um terror cósmico que grita em silêncio e atormenta a existência.

É o medo da morte — o abismo sem eco.
Medo do fim, do nada, do esquecimento.

Medo de deixar de ser e, ao mesmo tempo, medo de jamais ter sido.
Tememos o adeus definitivo, o instante irreversível em que não estaremos mais aqui para tocar, olhar, amar.
O medo de nos dissolvermos no vazio, de nos tornarmos poeira sem nome na vastidão indiferente.
Porque o universo não para, e nós avançamos a toda velocidade rumo ao desconhecido, arrastados por uma força maior, sem promessa de regresso, sem garantias de que algo em nós sobreviverá.

E talvez esse seja o medo mais cruel: não a morte em si, mas a possibilidade de que ela seja absoluta.
Que não reste rastro, nem memória, nem sombra.
Apenas um silêncio impassível, tão vasto quanto eterno.
E é por isso que rezamos por clemência.

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