A Estrela de Nove Pontas

 

Nos confins de uma terra antiga, onde montanhas tocavam os céus e os rios cantavam segredos ao vento, vivia um sábio chamado Andros.

Ele não era um mestre comum; sua sabedoria transcendia eras e suas palavras iluminavam corações como estrelas no firmamento.

Seus discípulos, vinham de terras distantes em busca da verdade, e Andros, paciente como o tempo, os guiava em sua jornada.
Certa manhã, quando o sol nascia em um tom dourado sobre o horizonte, Andros reuniu seus discípulos ao redor de um antigo símbolo entalhado em pedra: uma estrela de nove pontas. O brilho da aurora fazia o símbolo cintilar como se estivesse vivo.
— Mestres de outrora falaram sobre a unidade do mundo, e esta estrela carrega o segredo para compreendê-la — disse Andros, sua voz serena como a brisa que soprava entre as árvores.
Os discípulos se entreolharam, intrigados. Um deles, Yeshar, um jovem questionador, perguntou:
— O que significa essa estrela, mestre?
Andros sorriu. Ele sabia que aquele dia marcaria a revelação de um novo caminho para seus aprendizes.
— Há muito tempo, na antiga Pérsia, nasceu um homem chamado Bahá'u'lláh — começou Andros, sentando-se sobre uma pedra. — Seu nome significa "Glória de Deus", e ele trouxe ensinamentos que buscavam unificar toda a humanidade sob um mesmo princípio: a crença em um único Criador e no amor incondicional entre os povos.
Os discípulos se acomodaram ao redor, atentos.
— Ele nos ensinou que todas as religiões do mundo são como capítulos de um único grande livro — continuou Andros. — Cada Mensageiro Divino, desde Abraão até Jesus, de Buda até Maomé, trouxe um ensinamento para sua época, mas todos falam da mesma verdade universal.
Os olhos de seus discípulos brilharam com a revelação. Mas Yeshar, sempre curioso, inclinou-se para frente.
— Mas mestre, se todas as religiões são partes de um único livro, por que há tantas diferenças entre elas?
Andros pegou um pequeno espelho e o colocou diante do grupo.
— Olhem para este espelho — disse ele. — O que veem?
— A luz do sol refletida — respondeu uma das discípulas, Ishtar.
— Exato! — exclamou Andros. — Agora, se eu partir este espelho em vários pedaços e os espalhar pelo chão, o que aconteceria?
— Cada pedaço ainda refletiria o sol — respondeu Ishtar.
— E assim são as religiões — disse Andros. — Elas refletem a luz divina em tempos e lugares diferentes, mas a luz continua sendo a mesma. A Fé Bahá’í nos ensina a enxergar essas conexões e a entender que somos todos parte de uma única grande família.
Os discípulos refletiram sobre isso.
— Mas como podemos viver essa unidade, mestre? — perguntou Harim, o mais jovem do grupo.
Andros olhou para o céu e apontou para as nuvens que lentamente se dissipavam.
— A oração e a meditação são chaves para nos conectarmos com o Criador — disse ele. — Mas a verdadeira fé se manifesta no serviço ao próximo. A Fé Bahá’í nos ensina que devemos trabalhar para o bem da humanidade, educar crianças, eliminar preconceitos e espalhar o amor entre todas as nações.
Os discípulos se olharam, absorvendo cada palavra.
— Mas mestre, os governantes não gostaram desses ensinamentos? — perguntou Yeshar.
— Não, não gostaram — respondeu Andros com um olhar triste. — Bahá'u'lláh foi perseguido, exilado e aprisionado. Mas nem mesmo as correntes puderam impedir que sua mensagem de amor se espalhasse pelo mundo.
Os discípulos sentiram um arrepio. Como era possível que alguém sofresse tanto por querer a paz?
— Hoje, sua comunidade cresceu e espalha sua sabedoria em mais de 200 países. Eles não têm clero, mas sim conselhos eleitos para guiar suas comunidades. E sua missão continua: construir um mundo onde todas as pessoas sejam tratadas como irmãos e irmãs.
Yeshar abaixou a cabeça, pensativo.
— E essa estrela de nove pontas... ela representa essa unidade?
— Sim — respondeu Andros. — O número nove é o mais alto dos números de um único dígito e simboliza a completude. Representa que a humanidade está pronta para alcançar sua maior evolução: a paz e a unidade global.
O grupo ficou em silêncio por um momento. Depois, Harim se levantou e disse:
— Mestre, quero seguir esse caminho. Quero ser um construtor dessa unidade.
Os outros discípulos concordaram. Algo dentro deles havia despertado.
Andros sorriu. Seu coração se encheu de alegria, pois sabia que naquele dia, sob a luz dourada do amanhecer, plantara sementes que germinariam no futuro.
E assim, a mensagem da Estrela de Nove Pontas seguiu seu curso, iluminando corações e unindo almas através do tempo e do espaço.

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