Em um vale cercado por montanhas antigas e banhado pela luz dourada do sol poente, vivia o sábio Andros, um mestre conhecido por sua sabedoria e compaixão.
Muitos buscavam seu ensinamento, mas apenas os mais dedicados permaneciam ao seu lado. Entre seus discípulos estavam Lysias, um jovem cheio de determinação, e Nereu, um rapaz inquieto e sempre preocupado com as conquistas alheias.
Certa manhã, ao notar Nereu cabisbaixo e distante, Andros perguntou-lhe:
— O que perturba seu espírito, meu jovem?
Nereu hesitou, mas acabou confessando:
— Mestre, vejo Lysias progredir rapidamente nos ensinamentos, enquanto eu permaneço estagnado. Sinto-me frustrado, e no fundo, não desejo que ele tenha tanto sucesso. Por que ele avança enquanto eu fico para trás?
Andros sorriu serenamente e convidou seus discípulos a caminharem até o rio que serpenteava pelo vale.
Chegando à margem, pegou duas pedras e entregou uma a cada discípulo.
— Joguem suas pedras no rio — ordenou Andros.
Os jovens obedeceram, e as pedras afundaram imediatamente. O mestre então pegou uma folha seca e a colocou sobre a água. A folha flutuou suavemente, sendo levada pela correnteza.
— A pedra representa o espírito da inveja — explicou Andros. — Pesada e densa, ela arrasta para o fundo aqueles que a carregam. Quem inveja se prende ao peso do ressentimento, tornando-se incapaz de avançar. Já a folha representa o espírito livre daquele que se alegra com o progresso dos outros e se concentra em sua própria jornada. Quem age assim é como a folha, que segue o fluxo da vida sem resistência.
Nereu abaixou a cabeça, refletindo. Então, Andros continuou:
— A inveja não apenas impede seu crescimento, mas também obscurece sua visão. Em vez de aprender com o sucesso alheio, o invejoso deseja destruí-lo. Em vez de buscar aprimorar-se, ele se ocupa em desejar que o outro caia. Assim, perde tempo, desperdiça sua energia e se afasta da sabedoria.
Lysias, que ouvia atentamente, perguntou:
— E como podemos nos livrar desse espírito, mestre?
Andros sorriu e respondeu:
— Primeiro, reconhecendo sua presença dentro de si. Segundo, cultivando a gratidão pelo que já possui. Terceiro, concentrando-se no próprio caminho, sem comparações. E, por fim, aprendendo a se alegrar genuinamente com o sucesso do outro. Pois aquele que celebra as vitórias alheias atrai para si a mesma luz que ilumina o próximo.
Nereu, com lágrimas nos olhos, curvou-se diante do mestre e disse:
— Agora compreendo, mestre. Quero me libertar desse peso e aprender a crescer por mérito próprio.
Andros assentiu e, apontando para o rio, concluiu:
— Que seu coração se torne leve como a folha, e que suas águas sigam sempre em frente, sem carregar o peso da inveja.
Daquele dia em diante, Nereu passou a se dedicar com humildade e alegria, deixando para trás o peso da inveja. E assim, seus passos se tornaram mais leves e sua mente, mais sábia.
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