As Quatro Fases do Nirvana

 


No coração da doutrina budista, o Nirvana não é uma simples aniquilação, mas a consumação de um processo inicático de libertação. Não é um lugar, mas um estado do Ser; não é um fim, mas uma transmutação profunda da consciência.

As Quatro Fases do Nirvana, conforme descritas nas escrituras do Therav āda, representam um mapa secreto de ascensão da alma através da dissolução progressiva do ego e do retorno à Luz não manifestada.

1. - Sot āpanna – Aquele que entra na corrente
A primeira etapa, Sot āpanna, é a quebra do véu mais denso da ignorância. Aqui, o iniciado corta três algemas: a crença na existência de um "eu" permanente (sakk āya-di ṭṭhi), a dúvida no caminho (vicikicch ā) e o apego a rituais vazios (s īlabbata-par ām āsa).
Em termos esotéricos, isto equivale à primeira transmutação do chumbo da personalidade na prata da consciência: a alma viu a verdade, ainda que fugazmente.
O Adepto que chegou a esta fase não pode mais recuar. Sua corrente o leva inevitavelmente para o oceano da Vacuidade.

2. - Sakad āg āmi – Aquele que volta mais uma vez
Na segunda etapa, o iniciado enfraqueceu substancialmente as correntes do desejo e da aversão, as polaridades que mantêm a alma girando na roda do Samsara.
Nesta fase, a mente inferior começa a ser submetida à vontade do Espírito.
De uma perspectiva esotérica, esta etapa representa o trabalho do alquimista interior sobre as emoções e o corpo astral.
O adepto está agora no limiar do equilíbrio: o seu retorno à manifestação é pouco necessário, apenas mais uma vez, para completar a sua purificação.

3. - An āg āmi – Aquele que não volta
A terceira etapa marca o corte definitivo com os planos inferiores do desejo.
O An āg āmi abandonou completamente a ligação sensorial.
Em termos ocultistas, o seu corpo de desejo foi dissolvido e transmutado.
Ele ainda vive em um corpo físico, mas seu centro de consciência já não está nos chakras inferiores.
Sua morada está no coração e no olho interior.
Quando deixar este plano, não voltará ao mundo humano, mas habitará nos planos superiores de existência (Suddh āv āsa), de onde poderá alcançar o Nirvana final.

4. - Arahant – Aquele que destruiu os inimigos.
A última etapa é a consumação da Grande Obra.
O Arahant eliminou as dez correntes do ego, incluindo a mais subtil vaidade espiritual e a mais profunda ignorância metafísica.
O tempo para ele parou.
Não precisa de mais encarnações.
De uma visão esotérica, o Arahant despertou completamente a consciência búdica e alcançou a união com o Não-Ser, que é o Ser em seu estado absoluto.
Sua chama está extinta no mundo, mas arde eternamente na luz imanifestada.

"Aquele que nasce morre. O não nascido, o não criado, isso é o Nirvana. "– Dhammapada– Dhammapada
As Quatro Fases do Nirvana não são apenas uma progressão espiritual, mas um processo inicático de morte e renascimento interior.

Cada etapa envolve um sacrifício de uma parte do ego no altar do Espírito. No silêncio do desapego e no aperto puro, a alma se ilumina, se eleva e retorna à sua Fonte.
Para aqueles que sentiram o chamado do caminho interno, este mapa é um guia, um espelho e uma promessa: a Libertação não é um mito, mas uma ciência da alma, conhecida pelos sábios e selada nos símbolos do Mistério.

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