A partir do momento em que alguém se torna Maçom, terá de se conscientizar que haverá um caminho longo a percorrer. Pode-se dizer que é um caminho sem fim.
Ao longo dessa caminhada há bons e maus momentos.
Os bons deverão ser aproveitados como incentivo, e os maus não poderão ser motivo de esmorecimento e desistência da viagem iniciada.
A linguagem, sempre empregada nas Lojas Maçónicas, diz que o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que se deve talhar a si mesmo para se tornar uma pedra cúbica.
É o início da sua jornada Maçónica.
Os instrumentos elementares para a viagem são conhecidos do Maçom desde a sua primeira instrução recebida: a régua de 24 polegadas, o maço e o cinzel.
Com o progresso, nós Maçons vamos recebendo outros objetos.
Os utensílios de trabalho, obviamente, são simbólicos. Todos os símbolos nos abrem as portas sob condição de não nos atermos apenas às definições morais.
É na nossa 4ª instrução, que começamos a entender os significados da nossa jornada maçónica, do espírito Maçónico, que nos ensina, um comportamento original que não se encontra em nenhum outro grupo de homens.
Se isto não for assumido, não se será um bom Maçom, livre e de Bons costumes.
O que é “ser livre e de bons costumes” na concepção maçónica?
Livre e de Bons Costumes implica que, apesar de todo homem ser livre na real acepção da palavra, pode estar preso a entraves sociais que o privem de parte da sua liberdade e o tornem escravo das suas próprias paixões e preconceitos.
Assim é desse jugo que se deve libertar, mas, só o fará se for de Bons Costumes, ou seja, se já possuir, na sua personalidade, preceitos éticos (virtudes) bem fundamentados.
O ideal dos homens livres e de bons costumes, que a nossa sublime Ordem ensina, mostra que a finalidade da Maçonaria é, desde épocas mais remotas, o aprimoramento espiritual e moral da Humanidade, pugnando pelos direitos dos homens e, pela Justiça, pregando o amor fraterno, procurando congregar esforços para uma maior e mais perfeita compreensão entre os homens, a fim de que se estabeleçam os laços indissolúveis de uma verdadeira fraternidade, sem distinção de raças nem de crenças, condição indispensável para que haja realmente paz e compreensão entre os povos.
Livre, palavra derivada do latim, em sentido amplo quer significar tudo o que se mostra isento de qualquer condição, constrangimento, subordinação, dependência, encargo ou restrição.
A qualidade ou condição de livre, assim atribuído a qualquer coisa, importa na liberdade de acção a respeito da mesma, sem qualquer oposição, que não se funde em restrição de ordem legal e, principalmente moral.
Em consequência de ser livre, vem a liberdade, que é a faculdade de se fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se entende, de ir e vir a qualquer parte, quando e como se queira, exercer qualquer atividade, tudo conforme a livre determinação da pessoa, quando não haja regra proibitiva para a prática do acto ou não se institua princípio restritivo ao exercício da actividade.
Bem verdade é que a Maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento moral, onde nós homens nos aprimoramos em benefício dos nossos semelhantes, desenvolvendo qualidades que nos possibilitam ser cada vez mais úteis à colectividade.
Não nos esqueçamos, porém, que, de uma pedra impura jamais conseguiremos fazer um brilhante, por maiores que sejam os nossos esforços.
O conceito maçónico de homem livre é diferente, é bem mais elevado do que o conceito jurídico.
Para se ser homem livre, não basta ter liberdade de locomoção, para ir aqui ou ali.
Goza de liberdade o homem que não é escravo das suas paixões, que não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de fera humana.
Não é homem livre, não desfruta da verdadeira liberdade, quem esta escravizado a vícios.
Não é homem livre aquele que é dominado pelo jogo, que não consegue libertar-se das suas tentações.
Não é homem livre, quem se enchafurda no vício, se degrada e se condena por si mesmo, sacrificando voluntariamente a sua liberdade, porque os seus baixos instintos se sobrepuseram às suas qualidades, anulando-as.
Maçom livre, é o que dispõe da necessária força moral para evitar todos os vícios que infamam, que desonram, que degradam.
O supremo ideal de liberdade é livrar-se de todas as propensões para o mal, despojar-se de todas as tendências condenáveis, sair do caminho das sombras e seguir pela estrada que conduz à prática do bem, que aproxima o homem da perfeição intangível.
Sendo livre e por consequência, desfrutando de liberdade, o homem deve, sempre pautar a sua vida pelos preceitos dos bons costumes, que é expressão, também derivada do latim e usada para designar o complexo de regras e princípios impostos pela moral, os quais traçam a norma de conduta dos indivíduos nas suas relações domésticas e sociais, para que estas se articulem seguindo as elevadas finalidades da própria vida humana.
Os bons costumes, referem-se mais propriamente à honestidade das famílias, ao recato das pessoas e aà dignidade ou decoro social.
A ideia e o sentido dos bons costumes não se afastam da ideia ou sentido de moral, pois os princípios que os regulam são, inequivocamente, fundados nela.
O bom Maçom, livre e de bons costumes, não confunde liberdade, que é direito sagrado, com abuso que é defeito; crê em Deus, ser supremo que nos orienta para o bem e nos desvia do mal.
O bom Maçom, livre e de bons costumes, é leal.
Quem não é leal com os demais, é desleal consigo mesmo e trai os seus mais sagrados compromissos; cultiva a fraternidade, porque ela é a base fundamental da Maçonaria, porque só pelo culto da fraternidade poderemos conseguir uma humanidade menos sofredora; recusa agradecimentos porque se satisfaz com o prazer de haver contribuído para amparar um semelhante.
O bom Maçom, livre e de bons costumes, não se abate, jamais se desmanda, não se revolta com as derrotas, porque vencer ou perder são contingências da vida do homem, é nobre na vitória e sereno se vencido, porque sabe triunfar sobre os seus impulsos, dominando-os, pratica o bem porque sabe que é amparando o próximo, sentindo as suas dores, que nos aperfeiçoamos.
O bom Maçom, livre e de bons costumes, abomina o vício, porque este é o contrário da virtude, que ele deve cultivar; é amigo da família, porque ela é a base fundamental da humanidade; tem qualidades morais para ser Maçom, não humilha os fracos, os inferiores, porque é cobardia, e a Maçonaria não é abrigo de cobardes; trata fraternalmente os demais para não trair os seus juramentos de fraternidade; não se desvia do caminho da moral, porque quem dele se afasta, incompatibiliza-se com os objectivos da Maçonaria.
O bom Maçom, o verdadeiro Maçom, não se envaidece, não alardeia as suas qualidades, não vê no auxílio ao semelhante um gesto excepcional, porque este é um dever de solidariedade humana, cuja prática constitui um prazer. Não promete senão o que pode cumprir. Uma promessa não cumprida pode provocar inimizade. Não odeia, o ódio destrói, só a amizade constrói.
Finalmente, o verdadeiro Maçom, não investe contra a reputação de outro, porque tal fazer é trair os sentimentos de fraternidade.
O Maçom, o verdadeiro Maçom, não tem apego aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que o bom Maçom deve cultivar.
Os vaidosos buscam posições em que se destaquem; os verdadeiros maçons buscam o trabalho em que façam destacar a Maçonaria.
O valor da existência de um Maçom é julgado pelos seus atos, pelo exercício do bem.
Antonio Marcus de Melo Ferreira
Bibliografia
- Ritual do Grau de Aprendiz Maçom
- Dicionário Aurélio – 1999
- Adaptação do Texto Original do I:. Nery Saturnino – ARLS Amor e Fraternidade
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