Quarenta dias e quarenta noites.

 

Foi confronto com o adversário mais temível: o ego, a dúvida, a ilusão do mundo. '.

Não foi penitência, nem castigo, nem fome de carne.
Foi uma guerra interna.
Foi confronto com o adversário mais temível: o ego, a dúvida, a ilusão do mundo.
O mestre, não subiu ao monte para fugir do homem, mas para decifrar o mistério da sua própria divindade. Porque quem não enfrenta a si mesmo nunca poderá conquistar o céu.
O iniciado sabe: antes da luz, a escuridão; antes do despertar, a morte simbólica.
Quarenta dias como o dilúvio que purificou a terra, como os anos de Moisés errando entre as sombras do seu povo, como a gestação da alma que se refaz na escuridão do ventre universal.
O número não é aleatório, é código.
É o limiar entre o profano e o sagrado, entre a carne e a essência eterna.
Lá, na solidão do monte, ele não só resistiu à tentação, como a desmembrou.
Não só rejeitou o poder terreno, como o transcendeu.
Ele não só venceu o demônio, como compreendeu que o maior inimigo habita no próprio templo do homem.

E foi nesse silêncio que todo ruído do mundo desaparece, que o mestre emergiu, não como um rei, mas como um fogo inextinguível.
A história eclesiástica insiste em glorificar a cruz, mas poucos compreendem que a verdadeira ressurreição aconteceu na montanha.
Antes do Gólgota, antes do martírio, a alma do homem já tinha sido forjada na forja do deserto.
Quando desceu, já não era homem: era verbo.
Era consciência acordada.
Ele era o Alfa e o Ómega, não porque alguém o proclamou, mas porque o soube na sua essência.
Sábios, buscadores, guerreiros do espírito: a lição está diante dos nossos olhos.
Não se trata de fé cega, nem de esperar salvação externa...
É sobre caminhar o mesmo caminho, subir nossa própria montanha, quebrar os véus e reconhecer a faísca que arde em nosso peito.

A verdade não se entrega, se conquista.

E a divindade não se implora, ela desperta.

Se você tem ouvidos, ouça: o saber que você procura não está em templos de pedra nem em dogmas sem alma.
Está em você, esperando que pegue a espada e reivindice sua própria ressurreição.

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