O amor ágape é a expressão mais pura e elevada do princípio divino atuando no ser humano.
Não é um amor que busca possuir, dominar ou receber em troca; é o amor que se entrega sem condição, sem necessidade, sem medida.
É a manifestação viva da transcendência no plano humano, a presença do espírito quando a personalidade foi atravessada pela luz.
Este amor não é sentimentalismo, nem romantismo disfarçado de virtude: é força, é vontade, é fogo espiritual que não consome, mas transforma.
Ao longo da tradição esotérica, o amor ágape foi descrito como uma corrente universal que emana da Fonte, e que só pode ser sustentado por aquele que trabalhou sobre si mesmo.
No Corpus Hermeticum, somos lembrados que “O homem foi feito para contemplar o divino, e amar sem desejar é contemplar sem apropriar”.
O amor que brota do espírito não exige reciprocidade porque não nasce da carência, mas da plenitude interior. Para chegar a esse estado, é imprescindível que a alma seja temperada na disciplina da vontade e na expansão da consciência.
Não se trata de uma emoção, mas de um ato de poder interior, de alquimia viva entre o fogo do coração e a clareza da mente elevada.
Rudolf Steiner ensinava que "A alma deve desenvolver o amor que nada pede para si, que se torna um poder criador no mundo espiritual".
Neste sentido, o ágape não é apenas uma virtude, mas um limiar para o eterno.
É a evidência de que a centelha divina no ser humano foi avivada até se tornar uma chama consciente.
Somente aquele que transcendeu o ego pode sustentar o amor ágape, porque este não tem raízes no desejo nem no medo, mas na unidade essencial de todas as coisas.
Amar assim é habitar o todo do outro sem precisar interferir no seu caminho, é ver no outro o Um manifestado, mesmo quando se esconde atrás de máscaras de sombra ou separação.
O amor ágape é alcançado quando a vontade foi purificada, quando deixa de ser instrumento do capricho e se transforma em vontade espiritual, orientada para o bem maior. Não se trata de reprimir, mas de transmutar.
O Kybalion lembra-nos que “o Tudo está em tudo, e tudo está no Todo”; amar a partir desse conhecimento é conhecer-se canal do Amor Universal.
Aquele que alinhou a sua vontade com o seu espírito torna-se um servo silencioso deste princípio, agindo a partir da compaixão ativa, sem impor, sem exigir, sem desejar reconhecimento.
Este amor é, portanto, um caminho de transcendência.
É o caminho pelo qual o ser humano se liberta das correntes da dualidade e alcança a unidade essencial com o Todo.
Através do ágape, a alma se eleva acima do jogo de forças e se torna veículo do eterno no tempo.
O amor se transforma assim em ponte entre mundos, entre planos, entre o visível e o invisível.
Não há revolução maior do que amar assim, de espírito e de vontade firme, pois aquele que ama assim já não pertence apenas ao mundo dos homens, mas começou a vibrar no ritmo do cosmos.
"Amor é a lei, amor sob vontade"
Malik
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