O Conceito do “Grande Arquiteto do Universo”

 

Embora pareça universal, cada obediência interpreta de forma diferente: como um deus teísta, uma força cósmica, ou até mesmo um símbolo da razão.

Essas interpretações geram debates intensos dentro da maçonaria.
Um dos conceitos mais icônicos e, ao mesmo tempo, mais enigmáticos dentro da maçonaria é o do "Grande Arquiteto do Universo".

À olho nu, pode parecer uma simples referência a Deus, uma maneira simbólica e neutra de nomear uma divindade suprema sem aderir a uma religião específica.

No entanto, por detrás desta figura esconde-se uma complexa rede de interpretações que varia profundamente de obediência para obediência e mesmo entre os próprios iniciados.

Longe de ser uma ideia monolítica, o Grande Arquiteto é um símbolo vivo, em constante construção, cuja verdadeira natureza convida a uma reflexão filosófica e espiritual que pode acompanhar o Maçom durante toda a sua vida.

Nas obediências mais tradicionais e teístas, como a Grande Sociedade Unida da Inglaterra, o Grande Arquiteto do Universo é entendido como uma entidade pessoal, um Deus criador, omnisciente e transcendente.

Esta visão permite acolher crentes de diferentes religiões monoteístas sob um mesmo símbolo comum.

No entanto, em obediências liberais e adogmáticas, como o Grande Oriente da França, o Grande Arquiteto adquire uma interpretação muito mais abstrata: pode representar a Razão, a Lei Natural, a Ordem Cósmica, ou até mesmo o ideal de perfeição para o qual o ser humano aspira.

Neste sentido, já não é uma divindade externa, mas uma força simbólica que habita dentro de cada ser consciente.
Algumas correntes esotéricas dentro da maçonaria dão um passo mais além e relacionam o Grande Arquiteto com princípios herméticos ou gnósticos.

Nestas visões, o Arquiteto é o demiurgo do universo, o grande geômetra que construiu as leis invisíveis que regem a realidade.

Esta abordagem liga-o não só à criação do mundo físico, mas também ao desenho oculto da alma humana, que o iniciado deve descobrir e reconstruir em si mesmo.

A busca por este princípio supremo torna-se, então, um trabalho de autoconhecimento, onde compreender o Arquiteto é compreender a própria essência.
O fascinante deste símbolo é a sua capacidade de se adaptar e ressoar com diferentes sensibilidades espirituais. Não impõe uma verdade, mas sugere uma direção.

Em vez de dizer ao maçom o que ele deve acreditar, convida-o a perguntar-se o que constrói o universo e o que ele deve construir dentro de si.

Assim, o Grande Arquiteto do Universo não é uma resposta, mas uma pergunta aberta a que cada iniciado deve responder com seu próprio martelo e cinzel, enquanto levanta o templo interior da sua existência.

Comentários