Por que a Inquisição considerava a Maçonaria uma seita perigosa?

 

Nos corredores escuros dos tribunais da Inquisição, a maçonaria era pronunciada quase como um feitiço proibido.

Para os inquisidores, as logias secretas que cresciam nas sombras das cidades europeias representavam muito mais do que simples reuniões de homens curiosos: eram, na sua visão, o germe de uma ameaça invisível e subversiva.
A Igreja, acostumada a vigiar todos os cantos da vida espiritual e social, via com inquietação como a maçonaria abria suas portas a pessoas de todas as crenças e classes sociais.

Num mundo onde a fé católica era a única aceite e qualquer desvio era punido com dureza, a ideia de que católicos, protestantes e judeus pudessem sentar-se juntos em igualdade de condições era escandalosa, quase herética.

O segredo de seus rituais, símbolos misteriosos e juramentos de silêncio alimentavam a imaginação dos inquisidores, que suspeitavam que nessas reuniões se gestavam heresias, críticas à Igreja e doutrinas perigosas como o deísmo ou o indiferentismo religioso.

Mas o medo da Inquisição não se limitava apenas ao espiritual.

Nos salões onde se discutia liberdade, igualdade e fraternidade, os inquisidores viam o reflexo de um novo mundo que ameaçava derrubar a velha ordem.

Que mais poderiam ser aqueles maçons senão conspiradores que tramavam revoluções e desobediência contra o trono e o altar?

O fato de que os maçons juraram lealdade uns aos outros acima de qualquer autoridade civil ou religiosa era visto como uma afronta direta ao poder estabelecido.
As bulas papais caíam como raios sobre a maçonaria, condenando suas práticas e excomungando seus membros.

As punições eram exemplares: prisão, tortura, confiscação de bens, até a morte.

Para a Inquisição, a Maçonaria era uma seita perigosa porque desafiava o controle absoluto da Igreja e do Estado, porque o seu segredo era um mistério impossível de vigiar e porque, no fundo, encarnava o sonho e o pesadelo de um mundo mais livre e fraterno.
Assim, na imaginação dos inquisidores, a maçonaria tornou-se o inimigo invisível, o espelho escuro onde se refletiam todos os medos de uma época que sentia cambalear sob o peso de novas ideias.

E nesse choque de sombras e luzes, a maçonaria sobreviveu, envolvida no mistério que a perseguição só ajudou a alimentar.

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