Alguns Irmãos podem vir a estranhar ou questionar sobre as menções feitas ao Grande Arquiteto do Universo e sobre a utilização dos Livros Sagrados religiosos dos Irmãos a prestarem compromisso no âmbito dos rituais das Ordens Sapienciais do Rito Moderno.
Deixemos aqui bem esclarecidas as dúvidas.
Em 1877, o Grande Oriente da França tirou a OBRIGATORIEDADE da utilização do termo “À Glória do Grande Arquiteto do Universo” e possibilitou que se utilizassem como substitutos os termos “Ao progresso da Humanidade” e “À Glória da Franco-Maçonaria Universal”.
Isso foi motivado pelo fato de que, havia um bom tempo, o termo tinha se tornado sinônimo para as concepções teístas judaico-cristãs de grande parte dos maçons.
Essa concepção, do Grande Arquiteto do Universo como sendo sinônimo de um deus personalizado, não está de acordo com a Tradição Iniciática mais antiga.
O “Grande Arquiteto do Universo”, não é, e nem deve ser, identificado com nenhum Deus.
René Guénon, um dos maiores estudiosos do século XX das tradições iniciáticas, em um texto datado de 1911, na revista “A Gnose”, expõe com maestria o assunto ao afirmar:
“Já dissemos que, para nós, o Grande Arquiteto do Universo constitui unicamente um símbolo iniciático, que devemos tratar como todos os outros símbolos e do qual devemos, conseqüentemente, buscar antes de tudo formar uma idéia racional; em outras palavras, que esta concepção não pode ter nada em comum com o deus das religiões antropomórficas, que é não somente irracional, mas até mesmo anti-racional.”
No mesmo artigo, René Guénon prossegue demonstrando que o Grande Arquiteto do Universo (G.'.A.'.D.'.U.'.) é o conceito daquele que traça o “plano ideal”.
Enquanto o “demiurgo” platônico é a coletividade de seres individuais, tomados em conjunto, que executa, ou seja, que atua como “operário” do Universo, o G.'.A.'.D.'.U.'. é o próprio conceito metafísico do plano ideal, do projeto de transcendência e de transformação.
O arquiteto concebe o edifício a ser construído, no entanto, não é ele que, materialmente, executa a obra.
Sendo assim e colocadas as coisas em seus devidos lugares, é evidente que não há qualquer contradição no fato de um maçom do Rito Moderno trabalhar “à Glória do G.?.A.?.D.?.U.?.”, desde que não confunda os conceitos e não adote as perspectivas equívocas tão comuns nos dias de hoje.
Quando se trabalha “à Glória da Humanidade”, “à Glória da Franco-Maçonaria Universal” etc., só se troca seis por meia-dúzia.
A humanidade é o próprio “Homem Universal” e sua “glória” é, exatamente, a realização do plano de transcendência representado pelo G.'.A.'.D.'.U.'.. Já a “Franco-Maçonaria Universal” é, precisamente, no dizer de René Guénon, “a humanidade considerada no cumprimento ideal da Grande Obra Construtiva”, ou seja, o cumprimento da concepção metafísica do G.'.A.'.D.'.U.'..
A utilização dos Livros Sagrados das respectivas religiões dos Irmãos do Capítulo é a prova inequívoca da mais ampla tolerância e do mais amplo respeito à consciência individual de cada Irmão.
Tendo em vista que todo franco-maçom regular precisa estar aberto a uma dimensão sagrada, seja ela qual for, nada mais justo que preste seu compromisso sobre um livro que represente, para ele, essa dimensão.
A nós soa estranho e mesmo desprovido de sentido, que se preste compromisso sobre uma Constituição Maçônica a qual, muitas vezes, não se leu, não se conhece e que é, na acepção própria do termo, um documento sem nenhum sentido sagrado.
Constituição ou regulamento maçônicos são documentos registrados em cartório, públicos, administrativos, e não a expressão de uma Dimensão Superior, Metafísica etc.
Sendo assim, retomando o uso constante em todos os rituais do Rito Moderno anteriores a 1877, mantivemos as menções ao G.'.A.'.D.'.U.'. e a utilização dos livros sagrados dos Irmãos capitulares.
Também cabe acrescentar, aos Irmãos mais tendentes a transformarem a Maçonaria em um substituto para a religião e a cultuarem o G.'.A.'.D.'.U.'. como um deus e que, infelizmente, gostam de taxar como “irregulares” aos maçons que não concebem o G.'.A.'.D.'.U.'. da mesma maneira teísta e antropomórfica que eles, que ortodoxia e regularidade maçônica referem-se a um todo harmônico e completo, e não especificamente a este ou aquele símbolo em particular, ou mesmo à uma fórmula como “À Glória do Grande Arquiteto do Universo”, da qual se quis fazer uma característica da Maçonaria Regular, como se só a frase, pudesse constituir uma condição necessária e suficiente de regularidade.
Portanto, a regularidade do Rito Moderno está em acordo com sua Tradição.
Autor: André Otávio Assis Muniz
Grande Secretário Geral de Educação, Cultura e Orientação Ritualística do SCFRMB
O Rito Moderno é um rito maçônico que se caracteriza por sua abordagem laica e pela inclusão de diversas filosofias, como deísmo e agnosticismo, sendo amplamente praticado na Europa e no Brasil.
Origem e História O Rito Moderno, também conhecido como Rito Francês, surgiu no início do século XVIII, especialmente em Londres, onde a primeira Grande Loja foi estabelecida em 1717. Este rito foi uma resposta a um conflito entre duas grandes tradições maçônicas: a dos "Modernos" e a dos "Antigos". Os "Modernos" buscavam inovações e adaptações nos rituais, enquanto os "Antigos" defendiam a preservação das tradições. O Rito Moderno se consolidou na França, onde se tornou a prática predominante nas lojas maçônicas.
Características do Rito Moderno Laicidade: O Rito Moderno não exige a adesão a uma religião específica, permitindo que seus membros pratiquem suas crenças pessoais, desde que respeitem a moral e a ética.
Filosofia Inclusiva: Este rito abriga diversas correntes filosóficas, como o deísmo e o panteísmo, promovendo um ambiente de reflexão e liberdade de pensamento.
Simbologia e Rituais: O Rito Moderno utiliza uma linguagem simbólica rica e promove a prática de rituais que visam o autoconhecimento e a evolução pessoal dos maçons. A sobriedade e a coerência são características marcantes, evitando discursos longos e didáticos.
O Rito Moderno é um rito maçônico que se caracteriza por sua abordagem laica e pela inclusão de diversas filosofias, como deísmo e agnosticismo, sendo amplamente praticado na Europa e no Brasil.
ResponderExcluirOrigem e História
ResponderExcluirO Rito Moderno, também conhecido como Rito Francês, surgiu no início do século XVIII, especialmente em Londres, onde a primeira Grande Loja foi estabelecida em 1717. Este rito foi uma resposta a um conflito entre duas grandes tradições maçônicas: a dos "Modernos" e a dos "Antigos". Os "Modernos" buscavam inovações e adaptações nos rituais, enquanto os "Antigos" defendiam a preservação das tradições. O Rito Moderno se consolidou na França, onde se tornou a prática predominante nas lojas maçônicas.
Características do Rito Moderno
ResponderExcluirLaicidade: O Rito Moderno não exige a adesão a uma religião específica, permitindo que seus membros pratiquem suas crenças pessoais, desde que respeitem a moral e a ética.
Filosofia Inclusiva: Este rito abriga diversas correntes filosóficas, como o deísmo e o panteísmo, promovendo um ambiente de reflexão e liberdade de pensamento.
Simbologia e Rituais: O Rito Moderno utiliza uma linguagem simbólica rica e promove a prática de rituais que visam o autoconhecimento e a evolução pessoal dos maçons. A sobriedade e a coerência são características marcantes, evitando discursos longos e didáticos.