Refletir sobre o que...??
Hoje vamos parar diante daquele lugar sagrado que antecede toda Iniciação, esse espaço que não é profano nem ainda maçônico, mas o limiar entre os dois mundos: o...
Quarto de Reflexões.
Por que você reflete e não simplesmente esperar ou preparar?
Porque aqui não se aguarda passivamente, mas enfrenta o primeiro ato consciente do caminho inicático: olhar para si mesmo.
A palavra latina (reflectere) significa "dobrar para trás", e é precisamente isso que fazemos aqui: olhar para o nosso interior, como a águia que desce antes de subir.
Em que devemos refletir?
1. Sobre a morte simbólica.
O crânio que contemplam não é mero ornamento. É o espelho onde devem reconhecer a vossa própria fuga. "Visita Interiora Terrae Retificando Invenies Occultum Lapidem" reza a inscrição alquímica nestas paredes. Somente ao aceitar que tudo o que é mundano perece - incluindo as nossas vaidades -, poderá encontrar a Pedra Oculta: o seu verdadeiro ser.
2. Sobre os três trabalhos de casa.
As perguntas que vos são colocadas aqui - os vossos deveres para com a natureza, para com vocês mesmos, para com os outros? - são a base moral do maçom. Não são exames com respostas certas, mas sim convites para esculpir sua própria escala de valores.
3. Sobre a demissão.
Ao deixar metais e pertences materiais, não se despojam de objetos, mas de amarras. Enxofre, mercúrio e sal na mesa representam os elementos que devem transmutar: paixões (enxofre), intelecto (mercúrio) e corpo (sal).
4. Sobre o testamento filosófico.
Esse papel onde você redige sua "última vontade" não é um formulário, mas um pacto com seu eu futuro. Tudo o que escreverem hoje será lido pelo homem renascido que sairá desta sala.
Porquê o simbolismo sombrio?
Escuridão, símbolos mortuários e isolamento não procuram assustar, mas criar o vazio fértil onde a semente inicial possa germinar. Como a semente que deve apodrecer para dar vida à árvore, o profano deve "morrer" à sua antiga identidade.
Este quarto é o athanor alquímico onde a sua transformação está acontecendo.
Seu negro não é ausência de luz, mas potencialidade pura - como a escuridão primordial antes do Fiat Lux.
Lembremos, quando saímos para a Luz da Sociedade, a Sala de Reflexões não fica para trás, mas acompanha-os.
Em cada grau, em cada decisão, em suas noites de dúvida, volte mentalmente para este lugar.
Porque a verdadeira Maçonaria não se vive nos templos fastuosos, mas no silêncio desta câmara que todos nós carregamos dentro de si.
Que o prumo da nossa consciência nos guie sempre para as profundezas onde mora a verdade.
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