Na edificação dos costumes e da vivência em sociedade, o construtor e a sua obra têm ligação intrínseca em todas as fases do projecto, pois não pode o pedreiro iniciar qualquer trabalho eximindo-se da responsabilidade sobre os efeitos que este venha a influenciar durante ou após a sua execução.
Sendo assim, menos ainda pode o pedreiro livre deixar de medir a todo tempo a marca da sua trajectória como edificador de posturas e conceitos no que concerne o trato e relacionamento entre os irmãos ou profanos do mundo exterior.
Neste contexto, o desbastar da pedra bruta não é uma atitude isolada, ela permeia a todos quantos a volta do novo ser acompanham este processo de transformação e neste momento, as suas vidas também acabam por ser transformadas, na reacção em cadeia onde os bons costumes e a rectidão das acções devem ser como o maço, instrumento de força que as imprime nos corações da eternidade.
A postura correcta do pedreiro livre, entretanto, esbarra nas entrelaçadas relações do quotidiano enquanto na correria do dia a dia esquecemo-nos até mesmo de quem somos e do novo papel que hora passamos a desempenhar na sociedade.
Nestes momentos devem sempre ser lembradas as palavras do Venerável Mestre no encerramento, suscitando diligência, moderação e prudência, cernes da formação moral aprendidas no seio da nossa casa perfeita e às vezes esquecidas ao nos depararmos com os desafios do dia a dia exaustivo.
As promessas solenes de amparo, assistência, tolerância e bondade jamais devem estar submersas nos pesados afazeres ou perderemos a nossa identidade de homens pinçados da turba e diferenciados da maioria, negando a formação justa e perfeita que como uma dádiva recebemos, permitindo ao mundo que julgue o trabalho da nossa oficina, em vão.
As belíssimas palavras de David também nos remetem a um maior sentimento sobre o nosso comportamento não apenas em loja, mas no mundo profano também, pois ao citar “Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”, devemos lembrar-nos que no início dos tempos todas as criaturas tiveram origem num só criador, o Senhor que como o orvalho de Hermon, que desce sobre os montes de Sião, ordena a vida e a bênção para sempre.
Somos de fato então todos irmãos, pois somos filhos de um mesmo Pai cuja harmonia e amor nos foram magistralmente ensinadas pelo Divino Mestre, as quais devem ser cultivadas a cada manhã, partes que são da lista de bons ofícios que deve professar o verdadeiro pedreiro livre e de bons costumes.
Enganamo-nos, porém, se pensamos que ter irmãos nos basta, pois neste momento o verbo “ser”, também nos diferencia da mesmice que ronda a humanidade onde todos buscam “ter”, muitas vezes sem o merecer.
Devemos esmerar-nos em “ser” irmãos, pois o que o é, é por si só, não esperando mais por isso.
Ser irmão é estar disposto a servir sempre a todos os que têm direito aos nossos bons ofícios, ou seja, a sociedade, esta que milita na escuridão, cega a beira do abismo implorando por um fio de esperança, que apenas os actos de homens completos e de bons costumes e, sobretudo, responsáveis pelos seus atos, podem multiplicar.
Termino com a famosa frase de Voltaire:
“Posso não concordar com nenhuma das palavras que dizes, mas morrerei lutando para que tenhas o direito de dizê-las.”
FONTE Wiliam F, Nogueira, A. M. – ARLS Wilton Cunha nº 144 –Jaú, Or. do RJ, Brasil
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