MAÇONARIA AFRICANA ..

A maçonaria africana, em geral, foi influenciada pela colonização europeia, com tradições britânicas e francesas sendo as mais comuns
Após a independência dos países africanos, lojas estrangeiras formaram obediências nacionais, e as relações maçônicas tendem a seguir modelos europeus. 
A Maçonaria Prince Hall, um ramo da maçonaria norte-americana, é um exemplo notável de maçonaria afro-americana, com uma história e tradições próprias. 

Maçonaria no Continente Africano

  • Influência Colonial
    A Maçonaria em África, em grande parte, deriva da influência britânica e francesa durante o período colonial.
  • Obediências Nacionais:
    Com a independência dos países africanos, as lojas estrangeiras se organizaram em obediências nacionais, seguindo, muitas vezes, as tradições europeias.
  • Tendências Contemporâneas
    As relações maçônicas africanas tendem a copiar e aprofundar as facções liberais e regulares de origem europeia.
  • Francofonia
    No século XXI, a maioria dos membros maçônicos em África são francófonos. 
Maçonaria Prince Hall
  • Origem
    A Maçonaria Prince Hall foi fundada em 1784 por Prince Hall e outros homens negros livres.
  • Ramo Norte-Americano
    É um ramo da Maçonaria nos Estados Unidos, com uma presença significativa na comunidade afro-americana.
  • Tradições Próprias
    A Maçonaria Prince Hall tem suas próprias tradições e costumes, muitas vezes com raízes nas experiências afro-americanas.
  • Reconhecimento
    Algumas Grandes Lojas Prince Hall são reconhecidas por Grandes Lojas estaduais e pela Grande Loja Unida da Inglaterra, enquanto outras são consideradas irregulares ou clandestinas. 
Contexto Histórico
  • Colonização
    A influência da colonização moldou a Maçonaria africana, com a formação de lojas e obediências baseadas nas tradições dos países colonizadores. 
  • Independência
    A independência dos países africanos levou à criação de obediências nacionais e à adaptação da Maçonaria às realidades locais. 
  • Tradições Afro-Americanas
    A Maçonaria Prince Hall reflete a importância da comunidade afro-americana na história da Maçonaria e a sua luta por reconhecimento e igualdade

África, justa e perfeita

Há cerca de três milhões de anos, no auge do período Paleolítico, uma pequena comunidade de hominídeos composta por 20 ou 30 indivíduos da espécie Pithecantropus erectus ocupava uma pequena planície do Serengueti, na actual Tanzânia. Por incontáveis gerações, seguiam a mesma rotina. 

Chegando à caverna após um árduo dia de caça e colecta, os homens permaneciam em silêncio, arfando devido ao calor. 

As mulheres tagarelam entre si uma linguagem arcaica que mistura estalidos e fonemas primitivos. 

O fruto do trabalho jaz ali ao lado: um javali abatido e alguns tubérculos amarelados. 

Os mais jovens tinham passado há poucos dias pela cerimónia de Iniciação, a porta de entrada a um novo mundo, ao universo dos adultos, dos grandes guerreiros e caçadores poderosos. 

Tais eventos eram marcados por diversas provas, como a da terra – rastejar pelas dunas –, da água – mergulhando fundo no lago Tanganica –, do fogo – andar em brasas – e, logicamente, do sangue – derramar ritualisticamente o sangue da primeira presa abatida, devolvendo à Gaia ou Mãe-Terra um pouco do que ela tanto fornece aos homens.

Defronte a entrada do abrigo, todos se sentam no verde relvado que adorna o ambiente. 

Observam, atentamente, o lento e preguiçoso ocaso do dia que paulatinamente se precipita no horizonte, a oeste. Os animais da noite começam a sair das tocas. 

Uivos são ouvidos. O farfalhar distante das matas anuncia o início do domínio das trevas sobre a natureza. O vento sul-sudeste soa mais forte. 

Os mais velhos trocam olhares entre si, com pequenas nuanças revelando a apreensão iminente. 

Como seres do dia, todos temem a chegada da noite. 

Com ela, os três grandes inimigos passam a ocupar a arena universal que a todos vai envolvendo: a escuridão, o frio e a ameaça dos predadores.

Discretamente, os bravos vão-se aninhando em torno de um arranjo de gravetos, folhas e pequenos troncos. 

Somente um deus poderia protegê-los destes perigos. 

Fogo. É isso que todos mentalizam neste momento. 

É o salvador, o redentor, aquele que afugenta todos os males da noite. 

Tal qual o Sol, que reina triunfante durante o dia, os guerreiros sabem que apenas o fogo pode protegê-los pelas próximas horas. 

O xamã, com duas pedras em atrito, realiza a mágica da incandescência, no centro da formação semicircular. Imediatamente os mais experientes transcendem os seus pensamentos, observando as brasas escaldantes. 

Fixando os seus olhares na luz irradiante, sentem a presença, no ponto central, da ideia de Divindade, do incompreensível ou intangível – aquela partícula que seria a origem e a razão da existência de tudo. 

Também a existência da porção não-material que forma os seres, a alma ou psy-khe, que Platão (427-347 a.C.) tão bem estudou, marca a sua posição no meio das labaredas. 

Durante o dia estas grandezas caminham junto ao Sol invencível, o deus-pai. 

Ao cair da noite, o grande soberano retira-se para o mundo das trevas, deixando apenas um lampejo protector remanescente nas chamas, personificando a luz que protege e guarda.

Após breves instantes de contemplação silenciosa, todos se levantam e começam a caminhar em volta da fogueira, numa circunvolução ritualística, no sentido horário, acompanhando o giro da Terra. Imploram pela ressurreição do Sol. 

Em volta, no horizonte, as doze constelações se postam formando a vista de 360º, tal quais as doze colunas representando o zodíaco. 

No alto, a cúpula ou abóbada celeste a todos cobria, protegendo e estabelecendo o vínculo sagrado com o infinito.

Todos ali eram irmãos, na mais terna concepção da palavra. 

A leal fraternidade os tornava solidários entre si, prontos a derramar o próprio sangue pelos mais fracos do grupo. 

Para evitar a intromissão de elementos de outros clãs, estabeleciam sinais e toques próprios, que permitiam a rápida identificação dos familiares. 

De todos era exigida a mais recta conduta social, de acordo com os princípios morais da época.

Sabemos que na aurora do Homem a existência era ténue e fugaz. 

A expectativa de vida era curta, os riscos de morte ocorriam a cada minuto e as perspectivas de um futuro promissor beiravam a ficção. 

A extinção muitas vezes parecia uma certeza. 

Somente um poderoso espírito de luta, de coragem e de extrema valentia poderia ter garantido a sobrevivência desta espécie, fisicamente tão frágil, mas que estava fadada a sobrepujar todo o planeta, alguns milhões de anos mais tarde.


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