Imagine um Venerável Mestre que, por anos a fio, se recusa a ceder o malhete. Sua voz, antes um guia, ecoa agora como um decreto imutável.
Ele se tornou o próprio monumento da Loja, uma figura intocável, cujas decisões não são questionadas e cujas visões, por mais antiquadas que sejam, são impostas como a única verdade.
A tradição, que deveria ser um alicerce para o progresso, transforma-se em grilhões.
Novas ideias são sufocadas, o debate construtivo é substituído por um silêncio respeitoso, mas estéril, e a inovação é vista como uma ameaça à "verdadeira essência" da Loja.
A Asfixia dos Irmãos
Sob essa liderança petrificada, os membros começam a sentir o peso.
Os aprendizes, ansiosos por absorver o conhecimento e aprimorar-se, encontram-se em um ambiente onde a curiosidade é de incentivada e a autonomia é uma miragem.
Os companheiros, com sua energia e desejo de contribuir, veem suas propostas ignoradas e suas iniciativas barradas. E os mestres, que deveriam ser pilares de apoio e sabedoria, são relegados a papéis secundários, suas experiências e visões desvalorizadas em favor da autoridade centralizada do Venerável.
A vitalidade da Loja, que reside na participação ativa e no crescimento de seus membros, diminui.
Reuniões tornam-se rotineiras e sem propósito, a camaradagem se esvai sob a sombra da hierarquia rígida, e a busca pelo aprimoramento individual, um dos pilares da maçonaria, é gradualmente sufocada.
A Loja, em vez de ser um farol de luz e conhecimento, começa a parecer um museu, com peças preciosas, mas imóveis e empoeiradas.
As Feridas da Loja
O impacto mais devastador é na própria Loja. Sua reputação externa pode ser manchada pela percepção de inércia e pela falta de dinamismo.
Novas candidaturas diminuem, pois o boca a boca espalha a atmosfera estagnada. Internamente, a Loja corre o risco de perder seus membros mais valiosos – aqueles que buscam crescimento e um propósito maior, e que, ao não o encontrarem, podem se afastar.
A essência da maçonaria, que prega a evolução contínua, o aprendizado e a construção de um futuro melhor, é traída quando um Venerável Mestre se apega ao poder de forma prejudicial.
A venerabilidade, em vez de ser uma virtude, transforma-se em um fardo, perpetuando um ciclo de estagnação que mina a força e o propósito da Loja e de todos que a ela pertencem.
É um triste lembrete de que mesmo nas mais nobres instituições, a vaidade e o apego ao poder podem corromper os princípios e prejudicar o caminho daqueles que buscam a luz.
O verdadeiro Venerável Mestre não é aquele que se perpetua, mas sim aquele que prepara o caminho para que outros brilhem, garantindo que a chama da Loja
nunca se apague.
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