Nas profundezas de Londres, sob a sombra do nevoeiro e o sussurro do templo, um homem trabalha em silêncio.
É Elias Ashmole, estudioso do seu século, guardião de segredos antigos. Mas hoje não é o alquimista nem o colecionador; é o Mestre.
Diante dele, um pergaminho virgem recebe as linhas douradas de um pentagrama perfeito.
O compasso dança com a precisão da vontade, e a pena destila conhecimento mais do que tinta.
Não desenha por vaidade, mas por obrigação sagrada.
No seu peito, o avental de cordeiro brilha.
Não é um ornamento: é o véu da pureza, símbolo do trabalho que redime.
O colar que ele usa não pendura em vão: o olho que tudo vê o observa também, lembrando-lhe que o trabalho sem virtude é vã.
Atrás, o forno atanor guarda o fogo secreto.
Dragão Vermelho, símbolo da matéria prima, borbulha dentro do frasco.
Na escuridão, três luzes revelam o oculto: Sabedoria, Força e Beleza, refletidas no metal bunhado e no cristal sagrado.
Em sua mesa, as Constituições de Anderson abertas: “A um Deus e a uma Virtude”.
Não há mandamento maior para o iniciado.
A coluna quebrada do lado lembra-lhe o sacrifício de Hiram.
O chão de mosaico preto e branco sob seus pés não é simples ornamento: é o universo dual sobre o qual caminha o verdadeiro iniciado.
O número 33 resplandece na pedra, invisível ao profano, evidente ao sábio.
Sobre um vaso de lama, repousa um ramo de acácia, eterno, incorruptível, como a alma do Mestre quando atravessou o limiar.
Ashmole não procura ouro vulgar.
Ele transmuta a alma, e cada símbolo em sua oficina é um eco dos Mistérios Maiores.
Quem vê essa imagem e entende, não precisa de mais.
Quem não entende, continue procurando...
... porque a luz não se impõe, se descobre!
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