SOBRE DEUS E RELIGIÃO

 


Ler alguns textos nos ajudará a ilustrar bem esta diatriba e suas consequências.
Todos nós conhecemos o seguinte texto, emitido pelos Modernos:

“O Maçom é obrigado, por vocação, a praticar a moral e se entender seus deveres, nunca se tornará um estúpido ateu, nem um homem imoral.

Mesmo quando nos tempos antigos os maçons eram obrigados a praticar a religião que se observava nos países onde habitavam, hoje se achava mais oportuno não impor-lhe outra religião do que aquela em que todos os homens concordam, e deixá-los total liberdade em relação às suas opiniões pessoais.

Esta religião consiste em ser homens bons e leais, isto é, homens de honra e de probidade, qualquer que seja a diferença de seus nomes ou convicções.

Desta forma, a Maçonaria se tornará um centro de unidade e é o meio de estabelecer relações amigáveis entre pessoas que, fora dela, teriam permanecido separadas umas das outras.”

O leitor pouco avançado pensará que o texto anterior defende a crença religiosa, mas na verdade o que está fazendo é desmantelar a Iniciação Tradicional, que exige a fé como uma necessidade existencial e não como um mero exercício intelectual, e para a qual o frio deísmo não é uma alternativa válida.

Assim, logo que a Grande Logia dos Antigos foi constituída e publicado o Ahiman Rezon (ou, como diz no seu interior, as Constituições Irlandesas e Iorquinas), o texto anterior foi imediatamente corrigido, dando-lhe uma forma que não violasse as antigas tradições maçónicas e que marca claramente as distâncias com o texto de Anderson e Desaguliers:

O maçom sempre actuará como um verdadeiro noaquito. (... )
O Maçom é obrigado por seu juramento a professar adoração ao Deus eterno e a acreditar firmemente nos sagrados Registros que os Dignatários e Pais da Igreja compilaram e publicaram para uso de todos os homens de bem.

Portanto, ninguém que compreenda corretamente a Arte poderá desviar-se pelos caminhos irreligiosos do infeliz libertino, nem se deixará induzir os arrogantes professores do ateísmo ou do deísmo, nem se manchará com os graves erros da superstição cega; mas terá a liberdade de abraçar a fé que ele considere conveniente, desde que em todos os momentos rende a devida reverência ao seu Criador, e nos assuntos mundanos trate com honra e honestidade, respeitando o preceito de ouro de agir segundo a Regra, o que implica fazer ao próximo o que deseja que ele fizessem a si mesmo e na Sociedade não entrar em disputas vãs e desnecessárias sobre as diferentes opiniões e credos dos homens, admitindo na Fraternidade todos aqueles que são bons e leais.


(fonte: CM; Cultura Maçônica, abril de 2014)

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