Do Silêncio dos Ossos ao Fulgor do Espírito” (por M ∴M∴ KaeL)

Ad Gloriam Magni Architecti Universi

Eu desci... ao silêncio.
E lá, na escuridão solene da Sala de Reflexões, me aguardava a testemunha mudo de todos os séculos: um esqueleto.

Nu de orgulho. Despojado de nome. Finalmente livre de máscaras.

Um eco branco do que já foi vida. Ou talvez do que a vida quis ser e não conseguiu.
Olhei para ele...
Eu, ainda coberto de carne, ainda vestido de ilusões, com a mente ainda ocupada por projetos, ambições, julgamentos e desejos...
E ele, em vez disso, imóvel.
Sem passado nem futuro. Só ossos.
E no entanto, nesse mutismo de cálcio e vazio, ele disse-me mais do que todos os discursos do mundo.
Quem foi você? — me perguntei.
A senhora admirada? O tirano cruel? O sábio ignorado?
Foste tu que andaste a terra com nobreza, ou que a manchaste com arrogância?
Você foi amado... ou temido? Você foi justo... ou só poderoso?
Não houve resposta.
Porque a Morte, como ensina a Tradição, não recompensa os títulos, nem distingue as linhagens.
Ela não se importa com avental, nem com oropéis, nem graus. Só se interessa pelo essencial:
O que você fez com a Luz que lhe foi confiada.
A Maçonaria, sábia e eterna, não coloca esse esqueleto na nossa frente para nos assustar, ela faz para nos acordar.
Diz-nos, com a linguagem implacável do símbolo:
“Você também será isto. ”
Sim, nós também!

Seus desejos, raiva, títulos, aplausos...
Tudo será pó.
E é logo ali, naquele limiar de osso e sombra, que começa a verdadeira iniciação.

Porque o Homem não nasce quando respira.
Nasce quando acorda.
Quando ele entende que a morte simbólica não é o fim...
É o caminho!

É o retalho onde o ego se dissolve, e o espírito se revela.

É a noite escura da alma que antecede aurora do Mestre Interior.

Como Albert Pike ensinou:
“Iniciação não é receber uma palavra: é tornar-se ela. ”

E como Oswald Wirth lembrava:
“Nada grande nasce sem morte prévia. Só aquele que desceu pode subir. ”

Nosso esqueleto não é um adorno macabro.
É o teu reflexo.
É o teu destino.
Mas também...
É a tua oportunidade.

Morre, então...
Morre de orgulho.
Morre de mentira.
Morre à indiferença.

Para você renascer na Virtude.
Para que seu novo corpo não seja feito de carne, mas sim de propósito.
Para que quando chegar a hora final, não tenhas que temer o ossário, pois a tua memória terá ficado semeada nas obras que deixaste.

Não nascemos para deixar ossos...
Nascemos para deixar luz.

Por isso, quando sair da sala de reflexões, não saia da mesma maneira.

Sai novo. Saia humilde. Saia verdadeiro.

E que cada passo que você der em diante seja uma homenagem ao esqueleto
que você viu...
...e ao espírito que agora renasce em você.

(Ad Gloriam Magni Architecti Universi)

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