“O olho com que vejo Deus é o mesmo olho com que Deus me vê.” (Meister Eckhart)
Poucos mestres cristãos medievais se aproximaram tanto do Coração da Sabedoria quanto Meister Eckhart.
Teólogo, místico e filósofo dominicano alemão, Eckhart desafiou os dogmas de seu tempo com uma ousadia que beirava o esoterismo puro – e por isso foi silenciado pela própria Igreja que dizia servi-lo.
Quem foi Meister Eckhart?
Nascido na Turíngia (Alemanha), Eckhart entrou ainda jovem na Ordem dos Pregadores (dominicanos).
Estudou em Colônia e em Paris, sendo doutor em teologia.
Foi prior, professor, pregador e mestre espiritual – chamado de “maister” em alemão medieval.
Sua doutrina une elementos neoplatônicos, cristãos e místicos, mas sempre com uma linguagem simbólica e profundamente interior.
Principais Ensinamentos
1. O Deus Interior:
Eckhart ensinava que Deus habita no mais íntimo da alma e que o verdadeiro encontro com o Altíssimo acontece no silêncio interior.
Isso lembra aos irmãos o simbolismo do Templo que deve ser construído dentro do coração do iniciado.
2. Desapego Radical (Abgeschiedenheit)
Para alcançar o Divino, é necessário esvaziar-se de si mesmo, libertar-se do ego e dos apegos materiais — o que na Maçonaria reconhecemos como o polir da Pedra Bruta.
3. União Mística
Ele falava da fusão da alma com Deus, não como algo externo, mas como um despertar de algo que já habita em nós, no "fundo sem fundo" da alma.
4. A Palavra Criadora
Em sua pregação, Eckhart dizia que Deus está continuamente criando o mundo, e que cada um de nós, ao silenciar o ego, pode ser um instrumento dessa Criação.
Conflito com a Igreja
Por suas ideias revolucionárias e por desafiar a separação entre Criador e Criatura, foi acusado de heresia.
Após sua morte, parte de suas teses foi condenada pela bula In agro dominico (1329), mas ele já havia escrito sua defesa, dizendo: "Se há erro em minhas palavras, eu me retrato, mas não renuncio à Verdade."
Relevância para os Iniciados
Meister Eckhart é um elo entre a sabedoria iniciática do Ocidente e o misticismo universal.
É possível perceber nele ecos de Hermes Trismegistus, dos Sufis, dos Cabalistas, e até dos Upanishads orientais.
Na senda maçônica, ele nos convida a olhar para dentro, onde a verdadeira Luz brilha — no silêncio do coração, onde habita o Grande Arquiteto.
Que essa reflexão seja como uma tocha acesa no meio da escuridão do mundo profano.
Pesquisa: Cristiano Pedragon
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