Na escala simbólica da Maçonaria, o Mestre representa muito mais do que um grau. É um estado de consciência
É o culminar de um processo de transformação interior que não se mede pela antiguidade, mas pela maturidade da alma, pela sabedoria adquirida, pelo domínio de si mesmo.
Ser professor não é um privilégio,
mas uma responsabilidade.
Não é um título que se ostenta, mas um fardo sagrado que se carrega com humildade.
O verdadeiro Mestre Maçom não é definido pelo que sabe, mas sim pela forma como vive o que sabe.
Porque a mestria é, em última análise, uma forma de presença: uma luz serena que não se impõe, mas que ilumina.
A figura do Mestre em nossos rituais está intimamente ligada a um arquétipo eterno: aquele que morre e renasce, aquele que passa pela escuridão do sepulcro simbólico para emergir transformado, consciente da sua missão.
A lenda de Hiram Abif não é apenas uma narração dramática: é o espelho da alma que aceita a morte do ego para poder exercer a orientação sem vaidade.
É por isso que todo mestre verdadeiro é um iniciado no mistério da perda.
Foi testado.
Conheceu a decepção, o silêncio, a solidão, o erro.
E ressurgiu de tudo isso sem ressentimentos, com uma compreensão mais profunda da vida, do símbolo, do outro.
Joseph Fort Newton nos lembra que o Mestre Maçom não é um ser acabado, mas um homem em trabalho contínuo.
Não chegou a um ponto final, mas compreendeu que o verdadeiro saber consiste em servir, e que o verdadeiro poder é temperado pela compaixão.
O Mestre é uma ponte
entre o ideal e a realidade.
É aquele que encarna, em suas palavras e silêncios, a doutrina do esquadrão, do compasso, do equilíbrio.
É quem sabe que o exemplo ensina mais do que qualquer discurso, e que a verdadeira autoridade não precisa erguer a voz, porque fala de alma alinhada.
Em termos práticos, ser mestre significa:
Saber guiar sem impor.
Corrigir sem humilhar.
Ensinar sem arrogância.
Ouvir sem preconceito.
Decidir com equanimidade
Segure firme, mas também com ternura.
O Mestre não quer ser admirado.
Procure que o outro cresça.
E se tiver que calar para que outro brilhe, fá-lo sem medo, porque a sua identidade não depende do reconhecimento, mas da coerência interior.
No simbolismo maçônico, o mestre trabalha com ferramentas que não são mais rudes.
Não esculpe a pedra com força,
mas com precisão.
Não age pela urgência, mas pela proporção.
Aprendeu a ler os símbolos, mas também a ler as almas, e por isso pode guiar sem dominar.
Mas este mestrado — repitamos — não é automático.
Não se adquire com o tempo, nem com os graus, nem com as acusações.
Conquista-se com a vida.
E só quando o coração é governado pela sabedoria e não pelo orgulho, pode um homem se considerar digno do título que carrega.
A figura do Mestre também está profundamente ligada
à função sacerdotal do maçom.
Ele é, simbolicamente, aquele que penetrou o Sancta Santtorum, não porque tenha vencido, mas porque foi vencido e aceitou a sua vulnerabilidade.
Por isso, quando um Aprendiz ou um Companheiro olha para o Mestre, não deve ver nele um superior, mas um exemplo.
Um espelho do que pode se tornar se trabalhar honestamente, constância, pureza de intenção.
E o Mestre, por seu lado, deve lembrar-se todos os dias que seu dever não é mandar, mas servir o processo de edificação do outro, sem nunca esquecer de continuar aperfeiçoando sua própria pedra.
Num mundo onde a palavra "mestre" foi degradada pela vaidade e pela superficialidade, nós temos o dever de restaurar o seu verdadeiro significado.
Um mestre é aquele que
aprendeu a governar a si mesmo.
Mestre é aquele que ensina sem palavras, porque sua única presença inspira.
Mestre é aquele que aceita morrer todos os dias ao seu ego, para renascer como servo da Luz.
Se isso conseguirmos — ainda que imperfeitamente —, então teremos compreendido que ser Mestre
é uma iniciação constante,
uma vida consagrada ao trabalho silencioso,
à virtude discreta,
à verdade que se vive mais do que se prega.
Ad gloriam Magni Architecti Universi
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