Eis aqui a interpretação esotérica da Ecclesia Lux sobre o mito da queda de Adão e Eva.
Na tradição esotérica propagado pela Ecclesia Lux, a história de Adão e Eva não é interpretada como um pecado ou uma tragédia de desobediência, mas como o marco iniciático da consciência humana, uma passagem necessária do ser inocente ao ser desperto.
Dentro dessa ótica,
o mito do Gênesis
não representa a queda no pecado,
mas sim a ascensão à liberdade.
É o primeiro e maior símbolo do arquétipo do aventureiro espiritual: aquele que ousa atravessar os limites impostos pela ordem, pela segurança e pela ignorância, saindo da sua zona de conforto para adentrar o terreno vasto, perigoso e sagrado do desconhecido.
Segundo os ensinamentos internos da Ecclesia Lux, há uma diferença fundamental entre o viver e o existir.
O existir é o estado passivo do Éden: protegido, repetitivo, obediente, sem dor, sem escolha.
Já o viver, por outro lado, é o arriscar, que se inicia com a transgressão: com a escolha de tocar o fruto do conhecimento e aceitar as consequências de saber.
É nesse sentido que Eva não é vista como a tentadora ou culpada, mas como a portadora da primeira luz, aquela que, ao escutar a serpente (símbolo da sabedoria oculta), abriu o caminho para a humanidade se tornar realmente humana.
Este é o verdadeiro arquétipo do aventureiro, aquela alma que não se conforma com os limites impostos, pois ela é, por essência, o que rompe cercas.
Na narrativa sagrada do Éden, esse papel é desempenhado por Eva, e depois por Adão, que escolhe acompanhá-la.
Eles não pecam: eles ousam.
E esse é o fundamento do caminho iniciático.
Dentro da Ecclesia Lux, o Aventureiro é visto como uma figura simbólica de todo buscador verdadeiro.
Ele ou ela não está em busca de conforto, status ou salvação; está em busca do prazer, da felicidade, da verdade, mesmo que essa verdade destrua tudo o que foi aprendido.
Como Adão e Eva, o iniciado deve ser uma aventureiro esotérico, aquele que deixa o jardim das certezas e caminha para o deserto das incertezas onde irá adquirir experiência.
A iniciação começa quando se abandona a inocência e se adentra a responsabilidade do saber.
Tal como o aventureiro mundano que parte de casa, rompe com a moral convencional e enfrenta os perigos do mundo, o iniciado espiritual precisa romper com as verdades herdadas, os dogmas familiares e as seguranças artificiais do mundo profano.
A Ecclesia Lux ensina que toda verdadeira iniciação é uma forma de desobediência ou queda, mas não no sentido de degeneração, e sim de descida consciente ao mundo do tempo, da matéria e da dor e do prazer, onde se pode realizar a obra de luz e amadurecer com as experiências.
É nesse mundo imperfeito que o iniciado manifesta sua liberdade, seu poder criador e sua vocação de restaurar o Reino Interior, fazendo aqui na terra a sua vontade como no céu.
O Éden não é um lugar perdido no passado, é um estado de consciência a ser reconquistado, mas agora com conhecimento, com mérito, com luz adquirida no fogo da aventura.
A psicologia moderna chama esse processo de individuação; as escolas de mistério chamam de transmutação; a tradição judaico-cristã o chama de salvação; e o esoterismo de iluminação.
Mas todas essas narrativas convergem para o mesmo modelo arquetípico: o herói (ou heroína) que deixa o conforto, enfrenta provações, morre simbolicamente e renasce com uma nova consciência.
Adão e Eva não são os primeiros humanos conforme querem nos forçar a acreditar, mas eles são verdadeiramente os primeiros iniciados.
Ao serem “expulsos” do paraíso, na verdade são enviados para cumprir sua missão: transformar o mundo, multiplicar a luz, dominar a matéria e reconstruir o templo interior por meio da experiência.
O Anjo com a espada flamejante que os guarda à entrada do Éden não é um carrasco, mas um símbolo do fogo iniciático: aquele que impede o retorno passivo, mas concede o acesso àquele que retorna com a chave da sabedoria.
Na linguagem da Ecclesia Lux, essa chave é a Lux Interna, uma luz interior que só pode ser acesa após a travessia da sombra, a perda do conforto e o enfrentamento do mistério.
É por isso que, ao olhar para o mundo atual, a Ecclesia Lux ensina que o espírito aventureiro precisa ser resgatado não apenas nos caminhos exteriores, mas no desbravar do próprio ser.
O desconhecido não está mais nas selvas geográficas, mas nas profundezas da psique, nas estruturas ocultas da realidade e nos recantos esquecidos da alma humana.
Cada homem e cada mulher é uma estrela caída.
E, ao se colocar no caminho da iniciação, revive o drama de Adão e Eva, recusando o paraíso da ignorância e escolhendo a luz da experiência, do prazer e da alegria de viver. Desafiam a ordem para reencontrar o espírito.
Torna-se, assim, o aventureiro sagrado, o portador do fogo roubado, o que cai para ascender e que encontra na queda a promessa da verdadeira redenção.
Essa é a herança que a Ecclesia Lux preserva.
Não um moralismo esvaziado,
mas a memória viva
do mito como instrução velada.
O mito de Adão e Eva é, então, um roteiro iniciático, um mapa do caminho, uma advertência e uma promessa: quem busca a verdade,
deve estar disposto a cair, para depois renascer
com os olhos abertos.
PAX et LUX
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