A Margem Oculta: A Arte de Vencer no Espaço Improvável (Antonio Carlos Monteiro)

 

Na noite luminosa de nossos trabalhos, peço vossa licença e atenção para compartilhar uma reflexão que, embora nascida do estoicismo, ressoa profundamente no coração da Obra Maçônica.
"Aprende a pensar em meio a dificuldades, tempos difíceis podem ser suavizados, grandes apertos distendidos e fardos pesados tornados mais leves para aqueles que podem aplicar a pressão correta."
Vivemos tempos em que muitos se sentem à deriva, sem margem de manobra, sem controle, como peças passivas em um jogo maior. Mas a Sabedoria, eterna arquiteta do destino, nos revela um segredo ancestral: há sempre mais espaço do que pensamos uma fresta de luz na parede do impossível.
Reflitamos juntos, Irmãos:
Quantas vezes em nossas vidas, profanas ou iniciáticas, estivemos diante do abismo da derrota, apenas para encontrar, no último instante, uma chama interior, uma centelha de força silenciosa que nos guiou à vitória? Quantas vezes vencemos quando tudo dizia que fracassaríamos?
Quantas portas se abriram quando ousamos pressionar o ponto certo?
A chave está em não aceitar a derrota como inevitável.
O estoicismo nos ensina que, mesmo quando tudo parece ruir, ainda resta algo que pode ser feito: nossa atitude.
A Maçonaria nos ensina que, mesmo em meio aos escombros simbólicos da câmara de reflexão, algo em nós permanece de pé, a Vontade.
A Pedra Que Não Cede.
Assim como o Aprendiz, diante do bloco bruto, deve confiar em seu malho e cinzel, mesmo que o trabalho pareça interminável, o Iniciado deve confiar na possibilidade oculta. Mesmo quando o espaço parece apertado, ainda podemos atuar com precisão.
A margem de manobra, Irmãos, não é um espaço físico.
É uma margem interior.
É aquela medida invisível entre
a rendição e a superação.
É a capacidade de olhar para a adversidade e dizer:
"Se é humanamente possível, eu posso fazê-lo."
Marco Aurélio, Imperador-filósofo, nos lembra que tudo que é humano não nos é inacessível. Se um ser humano foi capaz, outro pode ser também. Basta agir com lucidez, com razão, com esforço total.
A Arte de Aplicar a Pressão Correta
Há algo de alquímico nesse ensinamento: não é apenas força bruta que resolve o dilema, mas pressão na medida certa.
Como o Mestre que ajusta a régua e o compasso, como o Engenheiro da Alma que calcula as forças invisíveis, somos chamados a aplicar a ação justa, no ponto exato, na hora correta.
Muitas vezes, o que nos falta não é poder, mas discernimento.
Outras vezes, o que falta é coragem.
E quase sempre, o que falta é fé em nós mesmos, aquela fé racional, estoica, que diz: “Ainda posso algo. Ainda há margem.”
O Espírito da Vitória.
Conta-se que um assessor de Lyndon Johnson dizia haver ao redor do presidente uma sensação forte:
"Se você fizesse tudo, você venceria."
É esse espírito que devemos cultivar.
Um espírito que não se entrega, que não lamenta, que age.
Que não vê o obstáculo como sentença, mas como desafio.
Vejamos, então, em nossas próprias Vidas iniciáticas quantas oportunidades deixamos de perceber por estarmos cegos ao que parecia pequeno demais, apertado demais, difícil demais.
Talvez ali, naquela margem oculta, estivesse nossa vitória silenciosa esperando.
CONCLUSÃO
A Maçonaria, tal como o Estoicismo,
não nos promete facilidades.
Ela nos oferece ferramentas.
E uma das mais poderosas é a capacidade de descobrir a margem oculta onde o comum só vê paredes.
Que aprendamos, como verdadeiros Filhos da Luz, a pensar em meio às dificuldades.
A aplicar a pressão certa, no ponto certo.
A reconhecer que a Obra se realiza não quando tudo está fácil, mas quando se age com precisão no impossível.
E assim, que possamos vencer não por sorte, mas por Consciência.
Não por força, mas por Sabedoria.
A Reflexão está lançada.
Agora, que venha a Transformação em "seu templo".

(Andros)

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