COMO VEJO O MUNDO! O incrível mapa do Universo!


Minha condição humana me fascina. 
Conheço o limite de minha existência e ignoro por que estou nesta terra, mas às vezes o pressinto. 

Pela experiência cotidiana, concreta e intuitiva, eu me descubro vivo para alguns homens, porque o sorriso e a felicidade deles me condicionam inteiramente, mas ainda para outros que, por acaso, descobri terem emoções semelhantes às minhas.

E cada dia, milhares de vezes, sinto minha vida — corpo e alma — integralmente tributária do trabalho dos vivos e dos mortos. 

Gostaria de dar tanto quanto recebo e não paro de receber. 

Mas depois experimento o sentimento satisfeito de minha solidão e quase demonstro má consciência ao exigir ainda alguma coisa de outrem. 

Vejo os homens se diferenciarem pelas classes sociais e sei que nada as justifica a não ser pela violência. 

Sonho ser acessível e desejável para todos uma vida simples e natural, 
de corpo e de espírito.

Recuso-me a crer na liberdade e neste conceito filosófico. 

Eu não sou livre, e sim às vezes constrangido por pressões estranhas a mim, outras vezes por convicções íntimas. 

Ainda jovem, fiquei impressionado pela máxima de Schopenhauer: “O homem pode, é certo, fazer o que quer, mas não pode querer o que quer”; e hoje, diante do espetáculo aterrador das injustiças humanas, esta moral me tranqüiliza e me educa. 

Aprendo a tolerar aquilo que me faz sofrer. 

Suporto então melhor meu sentimento de responsabilidade. 

Ele já não me esmaga e deixo de me levar, a mim ou aos outros, a sério demais. 

Vejo então o mundo com bom humor. Não posso me preocupar com o sentido ou a finalidade de minha existência, nem da dos outros, porque, do ponto de vista estritamente objetivo, é absurdo. 

E no entanto, como homem, alguns ideais dirigem minhas ações e orientam meus juízos. 

Porque jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e deixo este tipo de satisfação aos indivíduos reduzidos a instintos de grupo.

Em compensação, foram ideais que suscitaram meus esforços e me permitiram viver. 

Chamam-se o bem, a beleza, a verdade. 

Se não me identifico com outras sensibilidades semelhantes à minha e se não me obstino incansavelmente em perseguir este ideal eternamente inacessível na arte e na ciência, a vida perde todo o sentido para mim. 

Ora, a humanidade se apaixona por finalidades irrisórias que têm por nome a riqueza, a glória, o luxo. 
Desde moço já as desprezava.

Tenho forte amor pela justiça, pelo compromisso social. Mas com muita dificuldade me integro com os homens e em suas comunidades. 

Não lhes sinto a falta porque sou profundamente um solitário. 
Sinto-me realmente ligado ao Estado, à pátria, a meus amigos, a minha família no sentido completo do termo. 

Mas meu coração experimenta, diante desses laços, curioso sentimento de estranheza, de afastamento e a idade vem acentuando ainda mais essa distância. 

Conheço com lucidez e sem prevenção as fronteiras da comunicação e da harmonia entre mim e os outros homens. 

Com isso perdi algo da ingenuidade ou da inocência, mas ganhei minha independência. 

Já não mais firmo uma opinião, um hábito ou um julgamento sobre outra pessoa. 

Testei o homem. É inconsistente.

A virtude republicana corresponde a meu ideal político. 
Cada vida encarna a dignidade da pessoa humana, e nenhum destino poderá justificar uma exaltação qualquer de quem quer que seja. 

Ora, o acaso brinca comigo. 

Porque os homens me testemunham uma incrível e excessiva admiração e veneração. 

Não quero e não mereço nada. 
Imagino qual seja a causa profunda, mas quimérica, de seu sentimento. 

Querem compreender as poucas ideias que descobri. Mas a elas consagrei minha vida, uma vida inteira de esforço ininterrupto.

Fazer, criar, inventar exigem 
uma unidade de concepção, de direção 
e de responsabilidade. 

Reconheço esta evidência. 
Os cidadãos executantes, porém, não deverão nunca ser obrigados e poderão escolher sempre seu chefe.

Albert Einstein.

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