Fragmentos de um ensino desconhecido...

"—O silêncio completo é mais fácil, disse ele quando tentei compartilhar com ele minhas ideias sobre este tema. O silêncio completo é simplesmente um caminho fora da vida, bom para um homem em um deserto ou em um mosteiro. Aqui, falamos sobre trabalho na vida."

E você pode ficar calado de tal maneira que ninguém note.

Todo o problema surge do fato de que nós dizemos muitas coisas.

Se nos limitássemos apenas às palavras realmente indispensáveis, isso em si mesmo poderia chamar-se silêncio.

E é assim para tudo: para o alimento, para os prazeres, para o sono; para tudo o que é necessário tem um limite.

Mais além começa o "pecado".

Tente entender isto bem: "pecado" é tudo o que não é necessário.

—Mas se a partir de agora, neste mesmo instante, as pessoas se abstivessem de tudo o que é inútil, o que seria a vida inteira? Perguntei.

E como distinguiriam o que é necessário do que não é? —

De novo você fala à sua maneira, disse G.

Eu não falava de todo sobre as "pessoas".

Esta não vai a lugar nenhum e para ela não há pecado.

Pecado é o que prega o homem no lugar quando ele decidiu ir, e é capaz de ir.

Pecados são para aqueles que seguem o caminho, ou que se aproximam dele.

E desde então pecado é o que impede um homem, o que o ajuda a enganar-se e a imaginar que está trabalhando quando simplesmente está dormindo.

O pecado é o que adormece o homem quando ele já decidiu acordar.

E o que faz o homem dormir?

Novamente, tudo que é inútil, tudo que não é indispensável.

O indispensável é sempre permitido.

Mas além disso, a hipnose começa imediatamente.

No entanto, devem lembrar-se de que isto só diz respeito àqueles que estão ou acreditam estar no trabalho.

E o trabalho é submeter-se voluntariamente a um sofrimento temporário para se livrar do sofrimento eterno. Mas as pessoas temem o sofrimento.

Quer o prazer agora, imediatamente e para sempre.

Eles não querem compreender que o prazer é um atributo do paraíso e que é preciso merecê-lo.

E isso é necessário, não por razão ou em nome de alguma lei moral — arbitrária ou interior — mas porque se o homem obter o prazer antes de o ter ganhado, não estará em condições de mantê-lo, e o prazer tornar-se-á sofrimento.

O essencial é que você deve ser capaz de conquistar o prazer, e ser capaz de mantê-lo.

Quem pode fazer não precisa aprender.

Mas o caminho que leva até lá passa pelo sofrimento.

Aquele que imagina que, tal como é, pode aproveitar o prazer, engana-se muito, e se for capaz de ser sincero consigo mesmo, então chegará o momento em que poderá perceber.


(Sr. Gurdjieff.- (Fragmentos de um ensino desconhecido” de P. Ouspensky)

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