O Mapa Oculto da Grande Obra

 

No caminho da Alquimia, a morte não significa aniquilação, mas transformação.
Saturno, o velho da foice, não é apenas o guardião do tempo: é o guarda-redes do Portão Negra, aquela que o pretendente deve atravessar para abandonar o corruptível. Sob sua sombra começa a putrefacção, dissolução de tudo o que não é essencial.

No alto do triângulo, o Fênix ergue-se das suas cinzas.
É o emblema da alma que, tendo descido ao abismo de si mesma, ressurge em um novo e glorioso estado.

Este renascer não é metáfora poética: é o momento em que o alquimista queimou as escórias da matéria e do espírito, deixando apenas o ouro puro da essência.

De lado, as gotas celestes representam o Aqua Permanens, o solvente universal capaz de quebrar as formas para libertar o oculto.

Do outro lado, a chama espiral encarna o fogo secreto, invisível e perpétuo, que impulsiona a Obra a partir de dentro.

Água e fogo: pólos contrários que, na sua dança, geram vida e transmutação.

Sob o triângulo arde o selo de Vênus ( ♀ ♀), lembrando-nos que a Grande Obra não é alcançada pela violência, mas pela união amorosa de forças opostas: fixo com o volátil, o masculino com o feminino, o enxofre com o mercúrio.

Mais abaixo, o Sol e a Lua guardam o símbolo de Mercúrio Filosofico ( ☿), o mediador que equilibra todas as energias.

Ele une o Céu à Terra, o espírito à matéria, e é simultaneamente o guia interno do adepto e a substância viva que percorre cada fase do processo.

Finalmente, na base, repousa o Cubo, representação da Pedra Filosofal no seu estado bruto.
Dele brotam flores de várias cores: branco de pureza, vermelho de vida, amarelo de iluminação, azul de espiritualidade.
Eles são o testemunho de que a Obra tomou raiz, que a semente da transmutação germina e floresce.

Esta gravura não é um enfeite.
É uma mandala hermética, um compêndio de toda a ciência sagrada.
Ensina-nos que o solve et coagula não ocorre em laboratórios de fumo e retortas, mas no laboratório vivo da alma humana.

Morte, fogo e água, união de opostos e cristalização da pedra não são passos físicos: são processos internos que levam do chumbo do profano ao ouro do espírito.

"A Grande Obra é um caminho
de morte e ressurreição,
dissolução e coagulação,
amor e fogo.
E quem conseguir compreender os seus símbolos, descobrirá que neles está encriptada
a chave da sua própria transformação."

A iconografia aqui representada contém um basto conhecimento carregado de simbolismo para protegê-lo dos profanos e revelá-lo apenas aos que teriam despertado a visão interior. A Fênix, Saturno, a conjunção do Sol e da Lua e o cubo como pedra são símbolos universais na alquimia, teurgia e filosofia hermética, indicando que a verdadeira transmutação é a do próprio alquimista.

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