Os Altos Graus Maçônicos do REAA



Imagem aparece na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

Desde tempos imemoriais, o ser humano busca compreender seu papel no universo. 

Guiado por uma chama interior que anseia por sabedoria e transcendência, ele olha para o céu em busca de respostas e para dentro de si mesmo em busca de sentido. A Maçonaria nasce como uma das mais antigas e estruturadas expressões desse anseio pela Luz. 

Mais do que uma associação fraternal, ela se apresenta como uma escola iniciática, simbólica e filosófica que propõe a elevação do ser humano a partir do autoconhecimento e da prática das virtudes.

Mas o que é, afinal, a Maçonaria? 

Para compreendê-la em sua essência, é necessário ultrapassar os véus da mera curiosidade histórica e adentrar os mistérios de seus Ritos, símbolos e graus. Esta postagem tem por objetivo conduzir o leitor através de uma jornada que parte das origens da Arte Real e culmina na compreensão profunda dos graus iniciáticos, especialmente no Rito Escocês Antigo e Aceito e no Rito de York — dois pilares da tradição maçônica ocidental.

Capítulo 1: As Origens da Arte Real

A origem da Maçonaria se perde nos labirintos da história. Embora os documentos históricos mais antigos da Maçonaria especulativa datem do século XVII, muitos estudiosos e iniciados apontam para uma linhagem muito mais antiga, que remonta às corporações de construtores de catedrais medievais, aos Collegia Romanos da Antiga Roma, aos Mistérios do Egito, da Grécia e do Oriente, e até mesmo às Escolas de Mistérios da Caldéia e da Pérsia.

A Tradição Lendária

Segundo a tradição simbólica, a Maçonaria teria suas raízes no Templo de Salomão, erigido por Hiram Abiff — o arquiteto-mestre — sob os auspícios do rei Salomão, do rei Hiram de Tiro e de todo o povo hebreu. Este templo não era apenas um edifício físico, mas um símbolo arquetípico do universo e do próprio homem, cuja alma deve ser reconstruída com as ferramentas da sabedoria, da força e da beleza.

Os maçons operativos medievais, por sua vez, herdaram esses símbolos e práticas em suas obras de pedra, mas foi com o advento da Maçonaria especulativa — especialmente após a fundação da Grande Loja de Londres em 1717 — que os símbolos deixaram de representar pedras literais e passaram a apontar para os blocos do caráter e da alma do iniciado.

Capítulo 2: A Estrutura da Maçonaria Moderna

A Maçonaria moderna é composta por três pilares principais: os graus simbólicos, os graus filosóficos e as Obediências ou Potências maçônicas. Embora os detalhes possam variar conforme o país ou o rito adotado, a estrutura geral é a seguinte:

O três primeiros graus da Maçonaria

Os Três Graus Simbólicos

  1. Aprendiz O início da jornada, marcado pela entrada simbólica na Loja e pela descoberta dos mistérios da existência. O aprendiz é o buscador, o homem bruto que começa a ser talhado.
  2. Companheiro – Representa o progresso no conhecimento e o domínio das ciências e artes liberais. Aqui o iniciado aprende a lapidar a si mesmo e a contribuir com a edificação do templo coletivo.
  3. Mestre Maçom – É aquele que experimenta a morte simbólica de Hiram Abiff e renasce para uma vida de sabedoria e serviço. Esse grau marca o ápice da maçonaria simbólica e o limiar para os graus filosóficos.

Estes três graus são universais e compõem o que se chama de Maçonaria Azul.

Os Altos Graus e os Ritos

Após o grau de Mestre, o maçom pode optar por prosseguir sua jornada nos chamados “Altos Graus”, organizados em sistemas chamados Ritos. Cada Rito possui sua estrutura, seus graus próprios, e sua forma de transmitir os mistérios maçônicos superiores. Dois desses Ritos, bastante conhecidos e praticados são:

  • Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) – Com 33 graus, é um dos sistemas mais simbólicos e filosóficos da Maçonaria.
  • Rito de York – Mais prático e histórico, também muito difundido nos Estados Unidos, com destaque para o Capítulo, o Conselho Críptico e a Maçonaria Templária.

Clique aqui para conferir nossa Publicação sobre o Rito de York.

Á frente, exploraremos em detalhes cada um desses graus do REAA, seus símbolos, palavras de passe, alegorias e ensinamentos ocultos.

Capítulo 3: Os Graus Filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito

Introdução ao REAA

O Rito Escocês Antigo e Aceito é uma das expressões mais completas da espiritualidade maçônica. Cada grau representa uma etapa do processo de iluminação da alma, refletindo valores morais, virtudes espirituais e grandes arquétipos da Tradição Ocidental.

A jornada começa no grau 4 e culmina no grau 33 — o ápice de uma caminhada de autossuperação e compromisso com a Ordem.

A seguir, descreveremos cada grau, seu simbolismo essencial e seus ensinamentos de forma velada.


Graus Inefáveis (Graus 4 ao 14)

Estes graus são chamados “Inefáveis” porque lidam com os nomes sagrados de Deus e com os Mistérios do Templo de Salomão.


4º Grau – Mestre Secreto

Palavra-Chave: Obediência e silêncio.
Símbolo: Chave de Marfim.
O iniciado aprende o valor da discrição e da guarda dos segredos divinos. É introduzido à guarda do Templo interior e à vigilância da consciência.


5º Grau – Mestre Perfeito

Palavra-Chave: Reverência à memória.
Símbolo: Ramos de acácia.
Neste grau se cultua a memória de Hiram Abiff. Ensina-se que a virtude sobrevive à morte, e o templo interior deve ser reconstruído com moralidade e retidão.


6º Grau – Secretário Íntimo

Palavra-Chave: Lealdade.
Símbolo: Olho que tudo vê.
O maçom é iniciado no serviço direto aos reis simbólicos, representando o discernimento e a vigilância da alma.


7º Grau – Preboste e Juiz

Palavra-Chave: Justiça.
Símbolo: Balança e espada.
Neste grau o iniciado é treinado para julgar com retidão, simbolizando o discernimento entre o certo e o errado.


8º Grau – Intendente dos Edifícios

Palavra-Chave: Trabalho e responsabilidade.
Símbolo: Régua e compasso cruzados.
Aqui o maçom é encarregado da construção simbólica do templo espiritual.


9º Grau – Mestre Eleito dos Nove

Palavra-Chave: Zelo e retidão.
Símbolo: Punhal.
Neste grau dramático, o maçom participa de uma missão de justiça simbólica. Ensina a luta contra a traição e a necessidade da coragem moral.


10º Grau – Ilustre Eleito dos Quinze

Palavra-Chave: Fidelidade à missão.
Símbolo: Espada flamejante.
Representa o combate à ignorância e à deslealdade, e a purificação da alma pelo serviço à verdade.


11º Grau – Sublime Cavaleiro dos Doze

Palavra-Chave: Discernimento.
Símbolo: Triângulo com letras sagradas.
O iniciado aprende que a verdadeira justiça é aquela temperada pela misericórdia.


12º Grau – Grão-Mestre Arquiteto

Palavra-Chave: Conhecimento.
Símbolo: Esquadro sobre pergaminho.
Neste grau, o iniciado é ensinado sobre os segredos da geometria sagrada e da harmonia universal.


13º Grau – Cavaleiro do Real Arco

Palavra-Chave: Verdade oculta.
Símbolo: Templo subterrâneo.
Um dos graus mais esotéricos, representa a descoberta dos segredos ocultos sob os escombros do templo interior. Aponta para o nome sagrado perdido.


14º Grau – Grande Eleito ou Perfeito e Sublime Maçom

Palavra-Chave: Reintegração.
Símbolo: Triângulo com a letra hebraica Yod.
Síntese dos graus anteriores, representa o homem que purificou a si mesmo e redescobriu a centelha divina perdida. A alma reintegra-se à sua origem divina.


Capítulo 4: Os Graus Capitulares

Esses graus marcam uma mudança de paradigma: o iniciado deixa de habitar o Templo de Salomão destruído e se volta para a reconstrução de um novo Templo — desta vez, não mais feito por mãos humanas, mas dentro do coração.

Eles conduzem o Maçom da Tradição Judaica para os Mistérios Cristãos, em um percurso que culmina no grau Rosa-Cruz.


15º Grau – Cavaleiro do Oriente ou da Espada

Palavra-chave: Libertação.
Símbolo: Espada flamejante e muro rompido.
Lição: O grau representa a libertação dos cativos na Babilônia e a reconstrução do Templo. O iniciado aprende que deve libertar sua alma das cadeias do mundo profano e reconstruir seu Templo interior. Simboliza a coragem espiritual.


16º Grau – Príncipe de Jerusalém

Palavra-chave: Restauração.
Símbolo: Balança e cetro.
Lição: O maçom participa dos esforços pela justiça, fraternidade e equidade entre os homens. Representa os juízes que restabelecem a ordem espiritual. O grau ensina a liderança moral e o exercício da autoridade com humildade.


17º Grau – Cavaleiro do Oriente e do Ocidente

Palavra-chave: Transição.
Símbolo: Colunas derrubadas e reconstruídas.
Lição: Este grau representa a transição entre o Antigo e o Novo Testamento, entre a Lei e a Graça. O iniciado compreende que a sabedoria é uma luz que vem tanto do Oriente quanto do Ocidente — uma união dos mistérios judaicos e cristãos.


18º Grau – Cavaleiro Rosa-Cruz

Palavra-chave: Amor e sacrifício.
Símbolo: Rosa e Cruz.
Lição: Este é um dos mais importantes graus do REAA. O maçom Rosa-Cruz é aquele que compreendeu o sacrifício do Cristo Cósmico como arquétipo da regeneração espiritual.
Ele aprende que o verdadeiro Mestre é aquele que se sacrifica por amor à Verdade e aos seus irmãos.
É também um grau profundamente alquímico, pois ensina a união dos opostos (a rosa – beleza, e a cruz – dor) como caminho da transmutação da alma.


Capítulo 5: Conselho de Kadosh

Conselho de Kadosh, esses graus são densos, simbólicos e profundos. Neles, o Maçom percorre um verdadeiro caminho iniciático, enfrentando seus próprios dogmas, ilusões e máscaras. É aqui que ele é confrontado com o dever de tornar-se realmente um Iniciado.

19º Grau – Grande Pontífice ou Sublime Escocês

Palavra-chave: Sabedoria espiritual
Símbolo: Altares, pergaminhos e incensos
Lição: O iniciado se torna um sacerdote da Sabedoria. Aprende que a verdadeira religião é interior, e que toda a espiritualidade ritual deve ser apenas uma representação externa de uma realidade interna. Este grau representa a elevação do Maçom à condição de intérprete da Lei Divina.


20º Grau – Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre Ad Vitam

Palavra-chave: Imortalidade da alma
Símbolo: Colunas eternas
Lição: Ensinamentos profundos sobre a eternidade do Espírito, o Karma, a reencarnação e a necessidade da pureza moral. A maçonaria aqui toca em temas da Filosofia Universal e da Religião Perene. O Maçom aprende que é Mestre não por autoridade exterior, mas por sabedoria interior conquistada.


21º Grau – Cavaleiro Noaquita ou Cavaleiro Prussiano

Palavra-chave: Justiça universal
Símbolo: Arca de Noé
Lição: Aqui o iniciado é chamado a compreender a Lei Universal presente em todos os povos. O grau é inspirado na figura de Noé como patriarca da humanidade regenerada após o dilúvio. Ensinamentos sobre o ecumenismo, o respeito entre crenças e a moralidade universal.


22º Grau – Cavaleiro do Real Machado

Palavra-chave: Força moral
Símbolo: Machado e o carvalho
Lição: O grau representa o combate ao erro e à opressão. O iniciado aprende a usar o “machado” da razão e da ética para derrubar os troncos podres das mentiras e da corrupção humana.


23º Grau – Chefe do Tabernáculo

Palavra-chave: Consagração
Símbolo: Tenda e objetos do Templo Mosaico
Lição: O iniciado refaz o caminho do Tabernáculo hebreu, compreendendo os objetos sagrados e seus significados ocultos. Um retorno simbólico ao sacerdócio de Aarão e à Aliança entre Deus e o homem.


24º Grau – Príncipe do Tabernáculo

Palavra-chave: Disciplina espiritual
Símbolo: Turíbulo e candelabro
Lição: O iniciado é iniciado nos ritos mais profundos do Tabernáculo, sendo chamado a se tornar um verdadeiro príncipe do espírito. Este grau é altamente místico e baseado em práticas rituais esotérica


25º Grau – Cavaleiro da Serpente de Bronze

Palavra-chave: Cura interior
Símbolo: Serpente de Mois
Lição: O grau representa a elevação da consciência por meio da dor, da cura e da transformação interior. O símbolo da serpente é aqui ressignificado como poder de regeneração espiritual. Profundo grau alquímico.


26º Grau – Príncipe da Mercê ou Escocês Trinitário

Palavra-chave: Compaixão
Símbolo: Coração flamejante
Lição: O iniciado aprende que, após conhecer as Leis, deve aplicá-las com misericórdia. Representa o domínio do amor sobre a frieza da justiça. Um grau profundamente cristão.


27º Grau – Soberano Comendador do Templo

Palavra-chave: Devoção e sabedoria

Símbolo: Cálice e espada cruzada
Lição: Uma continuação do Rosa-Cruz, mas em um nível mais elevado. O iniciado é um defensor do Templo invisível da Verdade. Este grau é cercado de simbolismos ligados aos Templários e aos mistérios gnósticos.


28º Grau – Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto

Palavra-chave: Iluminação
Símbolo: Sol radiante, triângulo e serpente
Lição: O grau do Iluminado. O Maçom atinge aqui a plena consciência espiritual e o domínio do Conhecimento Hermético. Este grau está ligado à Cabala, ao Hermetismo e à Tradição Rosa-Cruz. Representa o Sol espiritual iluminando as trevas da ignorância.


29º Grau – Grande Escocês de Santo André

Palavra-chave: Fidelidade e sacrifício
Símbolo: Cruz em X (cruz de Santo André)
Lição: Um grau de lealdade absoluta à missão espiritual. O iniciado é chamado a sacrificar seus próprios interesses em nome da Verdade. A cruz em forma de X simboliza a cruz do discípulo fiel.


30º Grau – Cavaleiro Kadosh ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra

Palavra-chave: Santidade e combate moral
Símbolo: Águia bicéfala, cruz negra e espada
Lição: Um dos graus mais emblemáticos do REAA. “Kadosh” significa “santo” em hebraico. O Maçom é aqui um guerreiro consagrado à Verdade e à Justiça, pronto para combater o erro com firmeza e integridade. É o verdadeiro Cavaleiro da Alma.


Capítulo 6: Graus Administrativos e Superiores – O Cume da Pirâmide Iniciática

Estes graus não são meramente honoríficos. Cada um carrega consigo um peso simbólico, moral e espiritual que exige do Iniciado o mais elevado senso de responsabilidade. Eles representam o ápice da edificação interior, onde o Maçom torna-se um pilar vivo da Tradição e da Justiça Universal.


31º Grau – Grande Inspetor Inquisidor Comendador

Palavra-chave: Julgamento e Retidão
Símbolos: Balança, espada e o livro da Lei
Lição: Este grau simboliza o papel do iniciado como juiz de si mesmo e dos seus irmãos, não no sentido profano, mas como um guardião da moral e da consciência maçônica.
Neste estágio, o Maçom é convidado a refletir sobre o equilíbrio entre justiça e misericórdia, sendo ele mesmo o templo onde esse julgamento é exercido.
É o grau do discernimento supremo: não basta conhecer as Leis — é necessário aplicá-las com sabedoria.


32º Grau – Sublime Príncipe do Real Segredo

Palavra-chave: Harmonia universal
Símbolos: Delta luminoso, compasso e espada flamejante
Lição: Aqui, o Maçom se torna detentor do chamado “Real Segredo”, que nada mais é do que a união perfeita entre Amor, Vontade e Sabedoria.
Este grau é uma síntese de todos os anteriores e representa o reencontro da alma com sua centelha divina.
O iniciado agora contempla o sentido último da Obra: a reintegração do homem à sua essência sagrada.
Também é neste grau que o Maçom passa a atuar simbolicamente na administração suprema do Rito.


33º Grau – Soberano Grande Inspetor Geral

Palavra-chave: Suprema Consagração
Símbolos: Águia bicéfala com a coroa imperial e o número 33
Lição: Este é o grau supremo do Rito Escocês Antigo e Aceito. Mas sua grandeza não está no título — e sim na renúncia do ego, na plena entrega à Verdade e à missão espiritual da Maçonaria.
O Maçom 33º é o servidor supremo da Luz. Ele não comanda com poder terreno, mas conduz com exemplo e humildade.
Águia Bicéfala neste grau representa a visão do Alto e do Baixo, do material e do espiritual, do Oriente e do Ocidente — ou seja, a visão completa daquele que transcendeu as limitações humanas e se tornou um verdadeiro Iniciado.


Encerramento: A Obra Nunca Termina

No começo era o Caos...

Não havia luz e também as trevas não existiam.

Era o Nada, o Vazio total. 

Nele, o Grande Geómetra!

Um movimento milenar começou a organizar o Caos em ondas de energia.

No Caos, no Nada, o Grande Geómetra manifestou-se. E sentiu o impulso de se projectar pelo espaço infinito, de abrir as Suas asas e limitar nelas o Universo então vazio.

No princípio, criou Deus os céus e a terra. 

A Terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.

Disse Deus: “Faça-se a Luz”! E a Luz foi feita(Génesis, 1:1-3).

Ele lança a Sua Luz no mundo e começa o Seu trabalho: arquitectar e construir o Templo da Sua Criação.

Organizando o Não Manifesto, que é o Caos por essência, Ele cria as primeiras partículas que darão origem a átomos dispersos, desconexos. 

Átomos que formarão moléculas, substâncias, matéria. Moléculas que formarão células, tecidos, órgãos, organismos. Vontade e verbo, que formarão almas, que encarnarão espíritos nos corpos.

O Grande Criador colocou Ordem a partir do Caos.

A teoria do caos

É uma das Leis mais importantes do Universo, presente na essência de quase tudo que nos cerca.

A ideia central da teoria do caos é que uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer consequências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. Por isso, tais eventos seriam praticamente imprevisíveis – caótico, portanto.

A palavra “Caos” é de origem grega e significa confusão, desordem, perturbação.

Na teologia grega, porém, Caos era tudo o que existia antes do surgir do universo: o Vazio ou o Nada.

Na teologia do Antigo Testamento, “A terra era sem forma e vazia, e as trevas cobriam o abismo”.

É da desordem que nasce a ordem.

Edward Lorenz é considerado o pai da Teoria do Caos, que inspirado na previsão do tempo, feita de maneira pouco precisa pelos meteorologistas, simulou no seu computador, o Royal Mcbee de cerca de 800 quilos, quais seriam as previsões do tempo do Estado onde morava, o Estado de Massachusetts, dadas às condições iniciais previstas pelo seu programa, temperatura, velocidade do vento, umidade e pressão.

Lorenz conseguiu mostrar que com essas variáveis era possível fazer previsões do tempo, e comprovou que pequenas causas podem provocar grandes efeitos, independentes do espaço e do tempo.

A teoria do “efeito borboleta”, e popular análise: bater de asas de uma borboleta na Amazónia pode produzir um tornado no Texas, foi o exemplo tomado pelo cientista.

Muitos devem lembrar-se do filme Efeito Borboleta (The Butterfly Effect), lançado em 2004, provocou discussões ao nível mundial. Na trama, dirigida por Eric Bress e J. Mackye Gruber, o jovem Evan Treborn (interpretado por Ashton Kutcher) descobre ter o potencial de fazer pequenas modificações em histórias do seu passado com o objectivo de alterar o presente e, consequentemente, promover verdadeiras revoluções no seu futuro.

O Caos é o estabelecer de um padrão organizado para a desordem aparente.

É exatamente isto que estes estudos procuram mostrar: Uma ordem em fenómenos que não possuem ordem nenhuma, que são os desastres. 

Querem instituir uma regra para um evento totalmente desregrado, imprevisível, que pode arrasar várias vidas sem prévio aviso (estes eventos são considerados como fenómenos caóticos).

A Teoria do Caos pode aplicar-se na vida humana. 

Um simples evento pode causar a mudança de vários factores na nossa vida (é a famosa gota d’água).

A Teoria do Caos que na sua concepção analisou condições meteorológicas passou a ser aplicada em vários campos, como o desenvolvimento da bolsa de valores ou análise de apólices de seguros, dentre outros.

No noticiário diário, situações em que um pequeno factor provoca grandes transformações são sempre cogitados, como o exemplo de um pequeno atraso que alguém teve na hora de sair de casa e que levou a perder o autocarro e chegar atrasado para pegar o avião, e o avião caiu. Um segundo de atraso foi a diferença entre a vida e a morte. Daí a pergunta que não quer calar: existe destino? Ou ele existe e muda na medida em que fazemos escolhas?

Também nas ciências do comportamento o “efeito borboleta” induz à reflexão sobre a imprevisibilidade da vida, vez que atitudes conscientes e inconscientes podem levar a resultados catastróficos.

Na medida em que os estudos evoluem novas aplicações surgem para esta palpitante teoria.

A evolução da sociedade e o surgimento cada vez maior de novos conhecimentos fazem com que as teorias recebam contribuições das mais diversas áreas do conhecimento não apenas de ciências sociais. 

Temos que ter a mente aberta para novas observações e descobrir como usar estas informações em nosso benefício.

Devido à grande velocidade com que as transformações têm ocorrido, administrar torna­-se cada vez mais uma tarefa árdua, isto porque os recursos cada vez mais escassos ou racionalizados, competitividade acirrada e as várias realidades, precisam ser vistos de maneira global e interdependente, o que faz com que a escolha de uma estratégia afecte drasticamente o resultado e os envolvidos. É o principio da causa e efeito em ação continua.

Causa e efeito x teoria do caos

A Lei de Causa e Efeito acompanha e regula os seres na sua evolução em experiências vividas nos mundos da forma, desdobrando-se ao longo de milénios, ajustando e reajustando a expansão da consciência humana.

Esquecemos que um hoje bem harmónico e organizado resultará em felicidade amanhã.

O Dalai Lama diz-nos na sua sabedoria, misto de experiência de vida e dádiva divina:

“Só existem dois dias do ano sobre os quais nada pode ser feito. Um deles chama-se ontem e o outro amanhã. Portanto hoje é o dia certo para você amar, sonhar, ousar, produzir e acima de tudo, acreditar… O ontem é irrecuperável, não há o que nele se pensar e o amanhã, nada será sem o dia de hoje. É no aqui e agora que devemos cultivar bons e precisos pensamentos e acções, pois só assim, um amanhã tão esperado poderá vir a existir”.

A Lei de Causa e Efeito, algumas vezes chamada de lei do plantio e da colheita, é conhecida como a lei principal, pois dela emanam todas  as outras.

Todas as leis, como a vida, têm um princípio de causa e efeito. Não há excepções.

Se é agricultor e plantar milho, vai colher milho.

Se plantar tomates, vai colher tomates, e não feijão ou soja.

A causa é o plantio, o efeito é a colheita…

Se semear pensamentos negativos na sua mente, é isso o que vai obter ou colher na vida: resultados negativos.

No entanto se semear pensamentos positivos, colherá resultados positivos.

Por outras palavras, se fizer ou disser alguma coisa, essa é a causa, então deve esperar pelas
consequências, ou o efeito.

A ordem vem do caos (ordo ab chao)

Esta metáfora também encontra paralelo nos modernos conceitos científicos que tratam da formação do universo físico. Se de um lado a relatividade provocada pela velocidade com que as partículas se dispersam no vazio cósmico nos mostra um universo caótico e indiferente, semelhante ao que se dizia existir nos primeiros momentos da sua criação, a gravidade existente nos corpos formados pela condensação da energia luminosa, que se transforma em massa, força essas partículas a se reunirem e se constituírem em sistemas.

A física moderna ensina que o equilíbrio universal é causado pela contraposição da energia positiva que é gasta pelo universo na sua expansão e pela energia negativa gerada pelos campos gravitacionais que mantém os sistemas planetários. 

Quer dizer, um embate entre a relatividade e a gravidade, na organização dos sistemas essas forças são representadas pela sinergia (que gera e aglutina) e pela entropia (que consome e dispersa).

Este também é o processo que gera o conhecimento. A energia concentra-se em locais específicos do organismo (os neurónios do cérebro) e gera a actividade psíquica.

Através dessa atividade nós vamos conhecendo o mundo em que vivemos.

E desta forma o mundo organiza-se, a lógica nasce e o que era desordem e ignorância passa a ser ciência. Surge a ordem no caos. ORDO AB CHAO.

Portanto, podemos concluir que a Evolução é a Ordem a partir do Caos. 

Somente assim a Ordem viria através do Caos.

Na topologia do conhecimento humano reconhece-se, enfim, que há uma forma de energia forçando a matéria universal a se dispersar e preencher o vazio cósmico em princípio, e outra que promove a sua organização, por agrupamento.

Analogamente, poderíamos dizer que esse mesmo processo ocorre na formação dos dois substratos que sustentam o fenómeno da vida, ou seja, a mente e o corpo. 

Enquanto o organismo se forma na dispersão, pelo fenómeno da cissiparidade, que é a multiplicação celular a partir de um zigoto, a mente desenvolve-se pela cefalização, que é o processo que permite a reunião e o processamento das informações vitais em corpos infinitamente pequenos, os neurónios.

Ordo Ab Chao na Maçonaria

Desta teorização vemos a actuação de uma Inteligência Suprema, que se compara à de um arquitecto na elaboração de um grande edifício cósmico. Daí a ideia de um Grande Arquitecto a dirigir a obra de construção do edifício universal.

Na Maçonaria a tradição de que o cosmo se constrói a partir da dialética dos opostos reflecte-se no conflito entre o vício e a virtude. 

Por isso o Maçom é desafiado a refletir sobre o que é a virtude.

Por isto é que no ritual de Iniciação se indaga do iniciando o que ele entende por um e outro, especificando que a virtude é uma disposição da alma que nos induz à prática do bem e o vício é o hábito desgraçado que nos arrasta para o mal. 

Esta interpretação mostra claramente que a prática  da Maçonaria é entendida como uma disciplina de comportamento, na qual o indivíduo é treinado para regular os seus costumes, atingindo com isso um perfeito equilíbrio entre as forças que motivam a sua conduta como pessoa humana, partícipe de uma sociedade.

Por isto é que a Maçonaria é comparada a uma jornada em busca da luz; jornada essa que começa na iniciação e nunca termina em vida,ue es pois não é senão na passagem desta existência para a outra qsa luz se revela em todo o seu esplendor, na forma do espírito que se liberta da matéria e se condensa em pura energia luminosa.

A dialtica dos opostos, na prática maçónica, porém, não é invocada somente na sua conformação moralista. 

Ela também revela o carácter místico da Arte Real, naquilo que ela tem de simbólico e arquetípico. 

Na topografia do inconsciente humano o mal e o bem sempre estiveram conetados com cores, temperaturas, sons, direções etc.

Assim, se desenvolveram as tradições que informam que o bem se encontra no claro, no silêncio, no frio ou calor extremo, no leste, e o mal na escuridão, no barulho, no clima temperado, no oeste, etc. 

Estas são metáforas neurolinguísticas que expressam bem o conteúdo arquetípico da mente humana.

Não é outra a razão de os Templos Maçónicos terem a sua planta orientada do Ocidente para o Oriente (onde nasce o Sol) e a marcha ascendente do Irmão dentro do Templo sempre seguir a orientação do Ocidente (yin, escuro, feminino) para o Oriente (yang, luminoso, masculino); e também da esquerda para a direita, porque este é o sentido da rotação da Terra.

Arquiteto do Universo, que tem nas hostes celestes, nas figuras dos seus anjos os Mestres Arcanos, e nos homens os seus Pedreiros Universais. 

Estas metáforas são constantemente invocadas na prática maçónica e se fundamentam em vários arquétipos que a mente colectiva da humanidade, nas suas diversas fases de desenvolvimento, criou.

ORDO AB CHAO (Ordem no Caos) é uma divisa maçónica por excelência. 

Encontrável em todos os ritos maçónicos, ela, por si só, é explicativa dos propósitos da Maçonaria, enquanto filosofia de organização e construção de um edifício social universal. Como lema, é exclusiva do Rito Escocês Antigo e Aceito.

No sentido simbólico-filosófico pretende induzir no Maçom a colocar ordem na sua vida, para se aprimorar em todos os sentidos: intelectual, moral, civil, cultural e emocionalmente – de forma a vencer o caos que o mundo oferece aos desprevenidos e que o espírito humano apresenta pela sua própria essência.

(Escola Maçónica Mestre António Augusto Alves de Almeida)


Com o 33º grau, o iniciado não “chega ao fim”, mas compreende que todo fim é uno de estos grados tiene su propio simbolismo, enseñanzas y prácticas rituales, centrándose en áreas como la filosofía, la histo




3. Complementan y amplían las enseñanzas de los primeros 3 grados: El REAA fue diseñado para complemedo de la filos

Comentários