Os Graus Simbólicos da Maçonaria
Um Espelho das Etapas da Vida...
Reflexões sobre o Aprendiz, o Companheiro e o Mestre na Jornada Maçônica e Humana
Entrar na Maçonaria é muito mais do que atravessar uma porta ou vestir um avental, é um percurso misterioso que nos convida a aprender, experimentar e, por fim, compreender, é iniciar uma jornada de autoconhecimento, construção interior e serviço à humanidade.
Os graus simbólicos — Aprendiz, Companheiro e Mestre — não são apenas degraus administrativos ou cerimoniais, eles espelham a trajetória da existência humana e oferecem, a cada passo, lições profundas que transcendem o templo e reverberam na vida profana.
A Maçonaria, ao estruturar seus três primeiros graus oferece uma chave para decifrar as etapas mais significativas da existência humana.
E se os graus simbólicos fossem mais do que categorias iniciáticas? E se fossem espelhos da alma, arquétipos vivos do nosso processo interior de crescimento, crise e superação?
Aqui convidamos o leitor a mergulhar em uma leitura que vai além do esoterismo formal.
Vamos explorar os graus simbólicos da Maçonaria como metáforas universais do nascer, viver e morrer, revelando como cada um deles se manifesta em nossa trajetória pessoal — seja dentro ou fora dos rituais iniciáticos.
A proposta é refletir sobre como os ensinamentos maçônicos podem iluminar nossas escolhas cotidianas, inspirar autoconhecimento e despertar uma nova percepção sobre o tempo, o sentido da vida e os ciclos invisíveis que todos atravessamos.
Afinal, talvez sejamos todos aprendizes, companheiros e mestres — ao mesmo tempo, em diferentes aspectos da jornada.
1. Aprendiz: A Infância da Alma – O Nascer
O Aprendiz é aquele que se apresenta ao Templo em busca de luz. Chega com humildade, olhos vendados, emblema da ignorância e da disposição em aprender. Este grau representa a infância da alma, o nascer para o caminho iniciático, onde tudo ainda é mistério, silêncio e escuta.
A Coluna B∴
O Aprendiz trabalha ao pé da coluna B∴, que simboliza a força interior, a sustentação da base moral e espiritual do iniciado. É o pilar da entrada, o lado onde tudo começa.
As Ferramentas do Aprendiz
Entre as principais ferramentas estão o malho e o cinzel, instrumentos simbólicos do esforço e da precisão. Representam o trabalho de burilamento da pedra bruta — que é o próprio ser humano em sua natureza imperfeita. Há também a alavanca, símbolo do equilíbrio das forças e da ação ponderada.
Cada golpe dado é um gesto de lapidação do ego, da vaidade, da ignorância. O Aprendiz é aquele que, reconhecendo sua imperfeição, trabalha silenciosamente para se melhorar.
O Trabalho do Aprendiz
Na vida profana, esta fase nos convida à reflexão sobre o início de qualquer processo: o nascimento físico, o começo de uma nova jornada ou o despertar espiritual. É tempo de autoanálise, silêncio, disciplina e construção de alicerces morais sólidos.
“A verdadeira iniciação não é externa. É a descoberta interna de que tudo começa em ti.”
2. Companheiro: A Adolescência do Espírito – O Viver
No segundo grau, o Maçom torna-se Companheiro. Já não é mais um aprendiz silente, mas alguém que trabalha, questiona, interage. A simbologia é rica em ferramentas, números e medidas — reflexo do universo em expansão. Este é o grau do conhecimento técnico, da geometria sagrada, da arte de construir com sabedoria.
A Coluna J∴
O Companheiro trabalha ao pé da coluna J∴, símbolo da estabilidade e do conhecimento. É a coluna da razão aplicada, da construção consciente e do mundo exterior. Representa a juventude espiritual e a busca pela ciência.
As Ferramentas do Companheiro
O Companheiro utiliza instrumentos como o esquadro, o nível, o prumo e o compasso. São ferramentas que exigem mais técnica, precisão e senso de proporção. Elas ensinam o equilíbrio entre o pensar e o agir, o reto julgamento, a exatidão nos relacionamentos e a justa medida de todas as ações humanas.
O Trabalho do Companheiro
É a fase da vivência prática, onde o Maçom deve aplicar as lições aprendidas, interagir com o mundo, desenvolver fraternidade e aprimorar sua capacidade de construir relações e estruturas. É o tempo de conhecer os segredos da arte real, mas também de entender os segredos da convivência e da ética.
“O Companheiro compreende que viver não é apenas existir, mas construir algo que transcenda sua própria individualidade.”
3. Mestre: A Maturidade da Consciência –
O Morrer
O grau de Mestre é o auge do ciclo simbólico, mas não um fim. Representa a morte simbólica do ego e o renascimento do ser consciente. É o grau do silêncio profundo, do entendimento dos mistérios da vida e da morte. O Mestre é aquele que aprendeu com a dor, com o sacrifício de Hiram, e agora compreende que a vida é efêmera, mas o legado é eterno.
A Coluna Central (entre B∴ e J∴)
O Mestre já não trabalha aos pés de uma única coluna, mas transita entre elas, indicando que superou as dualidades e vive em equilíbrio. Seu lugar é no centro, onde reside o verdadeiro conhecimento — aquele que une o saber com o ser.
As Ferramentas do Mestre
O Mestre possui o esquadro perfeito, símbolo da retidão total do caráter. O compasso agora está plenamente aberto, indicando a liberdade espiritual e a consciência expandida. Possui também a régua de 24 polegadas, que ensina a dividir o tempo com sabedoria: trabalho, descanso e caridade.
O Trabalho do Mestre
O trabalho do Mestre é o da transcendência. Ele não apenas constrói, mas inspira. Ele não apenas vive, mas ensina a viver. É o arquétipo daquele que compreendeu o valor do tempo, da virtude, da obra moral. E por isso, não teme a morte — pois já plantou sementes de eternidade.
Na vida cotidiana, o Mestre é chamado a ser modelo ético, guia fraterno e instrumento de elevação.
“Morrer, para o Mestre, não é o fim — é a revelação.
Uma Jornada em Espiral:
Aprender, Viver, Transcender
Esses três graus não devem ser vistos como estágios lineares, mas sim como um movimento em espiral.
Muitas vezes, a vida nos pede que voltemos a ser Aprendizes — humildes diante de um novo desafio.
Em outros momentos, devemos ser Companheiros — colaborativos e ativos.
E há momentos em que somos chamados a ser Mestres — silenciosos, conscientes, sábios.
Cada grau fala de nós mesmos, das nossas fases, das nossas dores e conquistas.
• O Aprendiz busca a luz.
• O Companheiro aprende a caminhar nela.
• O Mestre torna-se um farol para os outros.
Reflexão Final
O que significa ser Maçom no mundo profano?
Ser Maçom é carregar consigo a essência desses três graus no coração e na conduta.
É perceber que a vida é um templo em constante construção.
Que os maiores segredos estão na simplicidade dos gestos, no silêncio das virtudes e na coragem de se transformar.
É saber que o verdadeiro Templo é o nosso ser, e a pedra bruta a ser burilada é o nosso ego.
Entrar na Maçonaria é nascer de novo, viver com consciência e morrer para os vícios do mundo, renascendo em espírito, razão e fraternidade.
“A Maçonaria não transforma homens
em deuses, mas homens comuns
em seres mais humanos.”
Fábio Maurício F. Santos
GLMESE - Loja Jacques Demolay nº 18
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