Painel de aprendiz (Orla dentada)


A Orla Dentada e o Pavimento Mosaico

pavimento de mosaico, Orla Dentada e o Pavimento Mosaico

Orla Dentada também é denominada de Orla Denteada.

É uma figura dentada que cerca o Pavimento de Mosaico do Templo, simbolizando a união que deve existir entre todos os homens quando o amor fraternal dominar todas as Nações e todos os corações.

Mostra-nos o princípio de atração universal simbolizando o amor e representa, também, com os seus múltiplos dentes, os planetas que gravitam ao redor do Sol; os povos reunidos em torno de um chefe, os filhos reunidos em volta do Pai; enfim, os Maçons unidos e reunidos em torno da Loja, cujos ensinamentos e moral aprendem, para espalhá-los aos quatro cantos do Orbe Terrestre.

As interpretações simbólicas da Orla Dentada são numerosas. 

Certos rituais franceses dizem que ela pretende ensinar aos Maçons que a sociedade da qual ele constitui uma parte envolve a Terra e que a distância, longe de afrouxar os laços que unem os membros entre si, os atrai com maior força.

Para Lenning ela simboliza os laços fraternais pelos quais todos os Maçons estão unidos. 

Para Gadicke, no entanto, e segundo Mackey, é mais precioso, definindo-a como “O laço universal pelo qual todo Maçom deve estar unido aos seus irmãos”, e acrescentando que

“consistiria de sessenta filetes ou fios, porque, segundo os antigos estatutos, a nenhuma Loja era permitido ter mais de sessenta membros”

para Plantagenet, a Orla Dentada simboliza a Fraternidade que une todos os Maçons, sendo assim uma reprodução material e permanente da “Cadeia de União”.

O chão da Loja é assoalhado de ladrilhos iguais, brancos e pretos contornados pela moldura que é a verdadeira Orla Dentada.

O Pavimento de Mosaico é formado por ladrilhos quadrados, alternativamente brancos e pretos. 

Foi antigamente usado em toda a extensão do Templo até o Oriente. 

Hoje é colocado no centro geográfico do Templo. 

Representa a imagem do Mundo Maçónico formado dos mais heterogéneos elementos, de toda espécie, de cores e raças diferentes, das mais variadas religiões e crenças, de todos os países, pertencentes a todos os climas, como também a todas as opiniões políticas sendo, entretanto, ligados entre si, unidos pelo mesmo cimento: Tolerância e benevolência.

Com efeito, o simbolismo geralmente admitido do pavimento de mosaico é o inerente a vida dos homens sobre a Terra. 

Mas, isso não é tudo, representa também o Corpo e o Espírito, unidos, porém não confundidos.

As fileiras formadas pelos ladrilhos estão separadas por linhas rectas, sendo alternadamente às vezes às esquerdas e às vezes à direita. 

Estas linhas, formam o caminho do iniciado que, não somente se recusa a repelir a moral comum, mas, ainda e sobretudo procura elevar-se acima dela.

As linhas longitudinais, estreitas, não aparecem aos olhos profanos, que vêem apenas ladrilhos brancos e pretos, e passam despreocupados em cima de um e de outro, seguindo assim a vida esotérica.

O profano tem assim, de frente, por trás, à esquerda e a direita, uma cor oposta à outra.

O iniciado pelo contrário, vai seguindo a vida esotérica enveredando pela trilha mais estreita, mais penosa, vai marchando ao longo das linhas longitudinais e passa entre esses ladrilhos que não suscitam obstáculos algum ao seu andar. 

Bastar considerar a estreiteza da trilha para compreender que tal caminho não pode ser a rota do profano.

A Espiritualidade e a Materialidade são os seus significados, entendendo-se por materialidade tudo o que aproxima o homem do animal, e, por espiritualidade, tudo que tende a desligar o homem da matéria.

É pelos ladrilhos de PAVIMENTO MOSAICO, que os Maçons se regulam os seus passos.

A lição clássica é esta

“The mosaic pavement is the beautiful flooring of the Lodge”.

Aliás, o pavimento mosaico é feito para ser pisado e sempre serviu para regular os passos.

Tanto é verdade que os antigos rituais, quando se referiam aos PP∴ e aos PP∴ em E∴, mencionavam o quadrilongo ou o ladrilho quadrado, um e outro considerados esquadros.

As grandes lojas brasileiras, como a tradicional Grande Oriente, sempre mantiveram esta doutrina, ou melhor, esta prática real, lógica e tradicional.

Depois, as grandes Lojas do Brasil passaram a confundir o Pavimento Mosaico com a entrada do Sanctus Santorum, assunto que começa a ser revelado no grau de companheiro e que nada tem que ver com o piso da loja maçónica.

É muito provável que este erro venha a ser sanado brevemente., para o que bastaria a consulta aos rituais universais de outros Ritos.

A confusão teria ocorrido pelo fato de que, nos templos adaptados em salas, os maçons terem de usar um tapete de quadriculados brancos e pretos, alternados.

Não haveria de negar, ainda, que o chão quadriculado da Loja maçónica se houvesse inspirado nos caprichados pavimentos de mármore das catedrais construídas pelos Pedreiros livres da Idade média. 

Porém, ao Pavimento Mosaico se emprestam mais significados cabalísticos e filosóficos do que argumentos históricos.

Como revela Mackey na sua Enciclopédia Maçónica, querem alguns que o Pavimento Mosaico se inspire no soalho do lugar onde se reunia o Grande Sinédrio. Outros se referem ao “pavimento”, lugar em que Cristo e os seus acusadores foram recebidos por Pilatos (o lugar chamado Gábata – S. João, 19/13).

Quando separados, os ladrilhos brancos e pretos representam o Sim e o Não, o contraste não harmonizado é também a dúvida (ser ou não ser), que a Cabala exprime pelo “terrível” número dois. 

Daí se sugerirem, ainda, em termos menos antigos, a luta entre a afirmação e a negação, ou entre a tese e a antítese.

A Maçonaria é uma escola de harmonização dos contrários e tem por fundamento que a melhor síntese é a conciliação, a união dos opostos.

A Maçonaria usa a dialéctica harmónica, a discussão conciliatória, o diálogo fraternal. O contraste de pontos de vista não deve levar os maçons a lutas e inimizade, à destruição.

A dialéctica é necessária, pois da discussão nasce a luz, mas, no reino de harmonia, que é a Loja, o diálogo não deve arrastar ninguém a lutas e querelas.

Tudo tem o seu contrário. 

Esta verdade preocupou o homem desde tempos remotos. Ao princípio de Conservação (Visnu), os brâmanes opuseram a Destruição (Siva, destruidor e renovador).

O médico pitagórico Alemeon revelou os contrastes na sua “Tábua de Opostos”.

A Ormuz (Ahura- Mazda), divindade do Bem, os persas opunham Angra-Manyu ou Arimã, o deus do Mal, o inimigo, correspondente a Satã ou Chatã.

Na natureza acontece o mesmo. A toda acção corresponde uma reacção igual e contrária (Newton).

Polos iguais, se repelem, polos contrários se atraem.

Na reprodução biológica sempre encontramos a oposição: macho e fêmea, vida e morte, destruição e geração.

A própria vida seria um conjunto de funções que resistem à morte (Bichat).

O Pavimento Mosaico representa, com os seus ladrilhos unidos e simétricos, a Harmonia Universal, a união dos homens de todas as raças e crenças e afirmação de que a Maçonaria não admite preconceitos. 

Pois não há homem que não derive de um ancestral da caverna ou da tribo. Ainda, que todos os homens podem igualar-se pela educação e pela instrução.

As excepções se limitam a uma questão de sanidade mental ou ao apego exagerado à conservação de modos de vida e costumes, à manutenção da miséria em proveito de alguns, à ignorância, ao obscurantismo e a outros tantos males que ainda reinam na humanidade.

(José Carreiro)

Bibliografia Consultada

  • Adoun, Jorge. As Chaves do Reino interno. Pensamento. SP
  • Aslan, Nicola. Estudos maçónicos sobre simbolismo. Aurora. RJ.
  • Castro, Boanerges Barbosa. O Templo Maçónico. RJ.
  • Charlier, René Joseph. Mosaico Maçónico. Edo. Ribeirão Preto. SP.

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