A gente cresce com uma fantasia perigosa na cabeça: a de que, se formos bons o suficiente, leais o suficiente, presentes o suficiente, seremos imunes à dor do abandono. A gente se esforça para ser a pessoa incrível, o parceiro dos sonhos, e acredita que isso é uma apólice de seguro contra a partida do outro.
E, por um tempo, parece funcionar.
Você é o porto seguro, a rocha, a pessoa que faz tudo certo. Você se doa, escuta, cuida.
E então, um dia, sem aviso prévio, a pessoa vai embora.
E o seu mundo, construído sobre a lógica da meritocracia do afeto, desmorona.
A primeira reação é a autoflagelação.
Você repassa cada conversa, cada atitude, procurando a falha, o erro fatal que justifique o fim.
Porque, na sua cabeça, a conta não fecha. Como alguém pode abandonar uma pessoa incrível?
É aí que a vida te força a engolir a pílula mais amarga e libertadora de todas.
Pessoas incríveis também são abandonadas. Também são deixadas para trás.
O abandono, na maioria das vezes, não tem nada a ver com o seu valor. Tem a ver com a incapacidade do outro de lidar com ele.
A sua luz pode ter exposto a escuridão dele.
A sua inteireza pode ter assustado a confusão dele.
A sua paz pode ter sido entediante para quem está viciado no caos.
E a gente se reconhece nessa perplexidade. Nessa dor de ver a pessoa que você tanto cuidou escolher alguém que, claramente, oferece menos.
É nesse momento que você entende
que a escolha dela não foi sobre quem era melhor,
mas sobre quem era mais compatível
com a bagunça interna dela.
A partida de alguém não é um atestado de que você não foi bom o suficiente. Muitas vezes, é a prova de que você foi bom demais para quem não estava pronto.
O seu valor
não está na capacidade
de fazer alguém ficar.
Está na sua coragem de continuar sendo uma pessoa incrível, mesmo que o mundo, às vezes, não saiba o que fazer com você.
De um coração intenso
para corações intensos!
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