AS LEIS DA NATUREZA (Juan Carlos Malaga)

 

“As leis da natureza movem-se lenta e imperceptivelmente, mas com segurança e precisão, e chegará o dia em que o homem será obrigado a tomar consciência destas leis, quer queira quer não. A natureza não faz acepção de pessoas, e aqueles que não se movem e progredem em harmonia com suas leis de progresso, necessariamente desaparecerão com os velhos.Thomas H. Burgoyne

A Luz do Egito
ANÁLISE MAÇÔNICA E OCULTISTA
1. O princípio hermético do ritmo
Burgoyne, discípulo do pensamento hermético e rosacruciano, nos lembra que toda a criação vibra em ciclos: ascensão e descida, vida e morte, luz e escuridão.
O maçom que compreende este ritmo não se revolta contra ele, mas aprende a fluir com o compasso cósmico, tal como o compasso maçônico que delimita e ordena os movimentos da alma.
“Quem conhece o ritmo, evita o pêndulo.”
O Kybalion

Assim como os antigos construtores ajustavam sua obra às leis geométricas, o iniciado ajusta seu espírito às leis do cosmos, tornando-se um colaborador consciente do Grande Arquiteto do Universo.

2. Natureza como templo do G.A.DU.
Na Maçonaria, a natureza é o primeiro templo. Suas leis não são arbitrárias: são as colunas vivas da verdade.
O maçom que ignora ou desafia essas leis cai na desarmonia e na ruína moral; quem as observa participa da Obra eterna.
“A Natureza não faz acepção de pessoas” significa que o Iniciado e o profano estão sujeitos igualmente à Lei — só o sábio a reconhece e coopera com ela.
O simbolismo das duas colunas J e B representa precisamente este equilíbrio natural: rigor e misericórdia, força e forma, gravidade e expansão.

3. Visão cabalística
Da Cabala, estas “leis da Natureza” são as emanações da Árvore da Vida: as Sefirot, canais pelos quais flui a energia divina.
A natureza não é cega nem mecânica; é a manifestação visível da Sabedoria Oculta (Chokmah).
A humanidade, ao ascender em consciência, deve alinhar-se com estas Sefirot, harmonizando o seu microcosmo com o Macrocosmo.
Quem não o faz — diz Burgoyne — “desaparecerá com os velhos”: isto é, com as formas caducas de pensamento, as estruturas morais ou sociais que resistem à mudança espiritual.

4. Interpretação filosófica
Os grandes sábios sentiram-no:
Platão falou do kosmos noetós, a ordem invisível que governa o mundo sensível.
Hermes Trismegisto ensinou: “O que está em baixo é como o que está em cima. ”
Pike diria: "A Maçonaria é a ciência da harmonia universal. ”
Jung, da psicologia hermética, viu na “natureza” a projeção viva do Self, o princípio divino interior que impulsiona o crescimento.
Portanto, obedecer às leis da natureza é obedecer às leis da alma.
BREVIÁRIO INICIÁTICO
Natureza é a primeira loja.
Sua arquitetura silenciosa ensina mais do que mil livros.
Progresso não é escolha: é lei.
Quem não evolui se desintegra no tempo.
A luz do Egito representa a ciência oculta da alma, a fusão entre espírito e matéria.
O iniciado não se opõe ao destino, direciona-o com sabedoria, como o navegador que aproveita o vento.

SERMÃO FILOSÓFICO
"Chegará o dia em que o homem será obrigado a tomar consciência destas leis... ”
Esse dia é hoje!
A humanidade moderna, no seu orgulho tecnológico, esqueceu os ritmos sagrados do cosmos.
O iniciado deve voltar a ser padre e arquiteto, não só do templo interior, mas do mundo visível.

No fundo, Burgoyne não fala de punição,
mas de purificação.
Velhas formas desaparecem para dar lugar a uma ordem superior, como a pedra bruta se transforma em pedra cúbica.
“Quem entende a Lei, não teme a mudança. ”

CONCLUSÃO
A luz do Egito é a luz da consciência que reconhece que o universo não está fora, mas dentro do homem.
A Maçonaria, assim como o hermetismo e a Cabala, ensina que a harmonia com a Natureza é a harmonia com Deus.
E quando o homem vir isto — não com os olhos da carne, mas com a luz interior — terá compreendido o verdadeiro significado da Iniciação:
viver em unidade com as leis eternas do
Grande Arquiteto do Universo.

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