S.A.T.O.R.: LEITURA DE SUPOSIÇÃO

 

O Magic Square SATOR, uma inscrição palíndromo latino composta pelas cinco palavras SATOR, AREPO, TENET, ÓPERA, ROTAS, é um dos símbolos mais enigmáticos e debatidos da história, assunto de inúmeras interpretações na esfera esotérica e iniciática.

Apresentado em contextos muito diferentes, desde as ruínas de Pompeia (antes de 79 d.C.) até as paredes das igrejas medievais e aos textos alquímicos, a sua simetria perfeita e a aparente complexidade da sua tradução literal ("O semeador de Arepo mantém as rodas com trabalho") levaram-nos a procurar por um significado mais profundo, celato, como convém a um verdadeiro "quadrado mágico".

O Núcleo Esotérico e Alquímico

Na ótica esotérica, SATOR não é uma simples frase, mas uma mandala verbal, uma fórmula de poder que descreve o ciclo cósmico, a obra divina e a relação entre o homem e o Criador.

SATOR (O Semeador/Criador): Simboliza o princípio ativo, a fonte de cada manifestação, a energia primordial. Ele é frequentemente identificado com a Divindade Criadora (ou seja, o Deus Cristão, o "Logos Seminal" estoico ou Saturno, o deus da agricultura e do tempo). No sentido inicial, representa a centelha divina ou "Semente" do conhecimento que deve ser cultivada na alma do iniciador.
ROTAS (As Rodas): Posicionado no início e no fim (se lido ao contrário), simboliza o ciclo cósmico, o tempo que passa, o destino (a Roda do Destino) e o retorno eterno. Representa o universo manifestado e a necessidade de superar o ciclo de reencarnação (o "giro das rodas") para alcançar a libertação.
OPERA (As Obras/Obra): Refere-se à ação, execução, mas, acima de tudo, na chave inicial, ao Opus Magnum alquímico. É o intenso trabalho espiritual e interior que o iniciado tem de fazer sobre si mesmo para transformar o chumbo (a matéria-prima, o homem não iluminado) em ouro (o espírito purificado).
TENET (Ele segura/Ele sustenta): Crucialmente posicionado no centro da praça e formando uma cruz perfeita, representa a força da coesão, a Lei Universal que mantém a ordem no caos. O seu posicionamento central sugere que o princípio de que "mantém unido" tudo é o núcleo da fórmula. Para os cristãos esotéricos, esta palavra no centro formava o monograma de Cristo ou a inscrição da Cruz, servindo como uma cripto-oração (o rearranjo das letras SATOR em PATER NOSTER com as letras A e O para Alfa e Ómega é uma das mais famosas decritações).
AREPO: É a única palavra que não tem um equivalente claro no latim clássico, que alimenta o mistério. Interpretações exotéricas frequentemente vêem-no como um nome simbólico ou um termo de origem não-latina, tais como:
Arado: A ferramenta com que a terra funciona, simbolizando os meios pelos quais o Criador molda o mundo ou pelos quais o iniciador trabalha a sua alma.
Paz/respiração (de raízes celtas ou etruscas): A respiração vital ou o equilíbrio interior necessário para a Ópera.

O Caminho do Iniciante Escondido

No esoterismo, o quadrado SATOR torna-se um mapa ou um lembrete para o caminho do início:
Balanço central: A palavra TENET no centro simboliza o ponto de equilíbrio e estabilidade necessários para o iniciante. É o Ponto Zero, o momento presente em que o poder do ato criativo (SATOR) e o ciclo do destino (ROTAS) se encontram e são testados.
A leitura dupla: A leitura bustrofédica (como a cobra) ou circular do quadrado, que pode ser lida em quatro direções, descreve a interconexão entre polaridades ( alta /baixo, interior/exterior), um conceito fundamental no Hermetismo ("Aquilo que está abaixo é como o que está acima,
e o que está acima é como" o que está no fundo").
A Praça SATOR é um poderoso selo que engloba em cinco palavras o mistério da criação e redenção.
Para aqueles que seguem um caminho iniciatório, não é apenas um enigma para resolver, mas um espelho no qual refletir o drama eterno da Semente (SATOR) que, através do compromisso (OPERA), busca transcender a roda do destino (ROTAS), mantida em equilíbrio pela Lei Universal (TENET), graças a um veículo ou instrumento misterioso (AREPO)
A Hipótese Celta da palavra AREPO: "A Carruagem" ou "O Arado"
A palavra Arepo não existe no latim clássico, que representa o maior obstáculo à tradução literal do quadrado. A hipótese celta resolve este problema sugerindo o seguinte:
Termo Celta: Em gauleses antigos (a área celta romanizada posteriormente, como a Galinha Lugdunense), um termo, talvez *arepus (ou similar, como àrepos), foi usado para se referir a um tipo particular de carruagem ou arado.
Latinização: Assume-se que o arepus foi latinizado em Arepo e usado em um quadrado com a função de ablativo instrumental (complemento médio), embora esta construção gramatical seja incomum numa inscrição simples.
Tradução Lógica: Adotando essa interpretação, a sentença adquire um sentido agrícola e cósmico mais coerente:
"SATOR (O Semeador)
AREPO (com a carruagem/arado)
TENET (segura/direciona)
OPERA (com cuidado/as obras)
ROTAS (as rodas). "
Literalmente o agricultor usando sua ferramenta.
Sentido simbólico e esotérico, pode ser lido como:
O Criador,
com Seu instrumento ou veículo
(a carruagem, o universo em movimento),
direciona e sustenta as rodas do destino/cosmos.

Relevância esotérica e inicial

Se você aceitar a origem celta de Arepo
como uma "carruagem" ou "arado",
seu significado inicial é reforçado:

O Arado como Ferramenta de Trabalho
O arado (ou o carrinho que o transporta) é a ferramenta que trabalha a terra. Simbolicamente, ela representa a ação (a Ópera) ou os meios através dos quais o Divino Sator (SATOR) molda a matéria. Para começar, é a ferramenta de introspecção e disciplina que lhe permite "lavrar" sua psique para germinar conhecimento.

O Carrinho como Veículo
Um Carrinho é um veículo de trânsito, um meio de viajar através dos mundos ou planos de existência. O iniciado usa o Arepo (o próprio corpo, disciplina, caminho) para dirigir as Rotas (as rodas do Karma ou do Destino).

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