A coragem que uma pessoa precisa ter para desabafar é gigantesca. Ela chega até você com a armadura cheia de rachaduras, depois de dias, talvez semanas, lutando sozinha. E, num ato de extrema confiança, ela finalmente decide te mostrar a ferida.
Nesse momento, o que ela menos precisa é de um especialista em soluções.
Ela não está te pedindo um mapa para sair do buraco;
ela só está te pedindo para segurar uma lanterna
enquanto ela mesma encontra o caminho.
É por isso que a gente precisa entender a diferença fundamental entre acolher e opinar.
A pessoa que desabafa com você precisa de sua ajuda e não do seu sermão.
O “sermão” é o “eu te avisei”,
o “você deveria fazer tal coisa”,
o “pense positivo”.
É a nossa ânsia de “consertar” o outro, quando, na verdade, só estamos invalidando o sentimento dele, dizendo, nas entrelinhas, que a dor dele é um erro que precisa ser corrigido.
A “ajuda”,
na maioria das vezes,
é o silêncio que escuta.
É o “sinto muito que você esteja passando por isso”.
É a validação. É oferecer presença, não uma palestra.
Desde que comecei a escrever aqui, aprendi que a maior parte da dor humana não busca uma solução;
busca um eco.
Busca a confirmação de que não se está sozinho no vazio.
O sermão não cura; ele cala.
Ele faz a pessoa se arrepender de ter confiado, e a empurra de volta para a solidão.
Então, da próxima vez que alguém te entregar o próprio coração, apenas segure com cuidado.
Resista à tentação de dar um sermão.
A sua escuta pode ser a única ajuda que a pessoa precisa para não desistir.
E se você é essa pessoa que guarda tudo por medo, eu entendo. Sua cautela é a cicatriz de sermões passados.
Mas, por favor,
não desista de encontrar seu porto seguro.
E para todos que se sentem sozinhos agora,
sintam-se ouvidos.
Mesmo em silêncio. Mesmo à distância.
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