A CRIAÇÃO DO HOMEM

 

"O homem foi criado como mediador entre o visível e o invisível, entre o Criador e a Criação.

Mas, ao cair, esqueceu-se de sua origem e de sua função. Restaura-se pela Iniciação, e nela reencontra o verbo perdido que une os mundos."

A obra da regeneração espiritual é o eterno trabalho do iniciado. Como nos ensina o Mestre Martinez de Pasqually, o homem foi retirado da unidade divina por um ato de desobediência cósmica.

Desde então, é portador de uma centelha exilada — um reflexo do verbo original que anseia pelo retorno à fonte.
No seio do Templo, sob a égide dos Arcanos da Divina Sabedoria, o iniciado reencontra os signos sagrados que o reconduzem ao estado primitivo.

Cada símbolo, cada palavra velada, não é senão o eco de uma verdade arquetípica esquecida.

O Cordeiro sobre o altar, envolto pela luz dos vitrais do Alto, é o emblema da inocência restaurada, do sacrifício voluntário e da redenção universal.

Ele carrega o estandarte da vitória do Espírito sobre a matéria, da luz sobre a sombra.
Mas essa vitória não se dá por acaso. É necessário caminhar entre véus e espelhos, discernir entre a ilusão da forma e a essência pura.

O verdadeiro iniciado é aquele que, como o arquiteto interior, lapida seu próprio ser até que nele brilhe a imagem do Adão celestial — o homem antes da queda, imagem pura do Divino.
Assim, na Senda Real, sob a direção silenciosa dos que guardam os mistérios, reconstrói-se o Templo interior.

Não com pedras visíveis, mas com virtudes elevadas, com obras justas, com o fogo da contemplação e a água do arrependimento.
Que cada grau conquistado não seja vaidade, mas degrau de humildade.

Pois somente o coração puro poderá entrar no santuário oculto da Sabedoria — onde o Nome é pronunciado em silêncio, e o Amor se revela como a verdadeira Lei.


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Análise da Obra

Realizada com a técnica do afresco, A Criação de Adão é a mais famosa das nove pinturas que compõem o teto da Capela Sistina.

Ela retrata a história bíblica na qual Deus dá origem à humanidade passando o poder da vida para o primeiro homem, Adão.

Aqui, Deus é retratado sendo um homem velho, de muita sabedoria, com a barba e os cabelos grisalhos e compridos, mas com uma forma física jovem e musculosa, estendendo seu braço para passar o poder da vida para Adão.

Ele está envolto em um manto o qual divide com alguns anjos e uma figura feminina, que costuma ser interpretada como Eva, a companheira de Adão.

Esse manto que Deus está envolto, devido à suas similaridades, costuma ser interpretado como um cérebro humano, e pode ser uma referência a racionalidade humana, visto que durante esse período a racionalidade humana passou a ser bastante valorizada.

Adão é retratado em uma montanha, como sendo um homem jovem, musculoso, mas fraco, que preguiçosamente se levanta na direção de Deus, estendendo seu braço para aproximar-se do poder divino.

Os dedos indicadores de Deus e Adão estão quase se tocando, e são o ponto principal da obra.

O dedo de Deus parece preparado, enérgico. 

Enquanto isso, o de Adão parece caído, demonstrando fraqueza ou falta de vitalidade.

Existem diversas teorias de qual seria o real significado dessa famosa representação dos dedos. 

Mas uma das mais aceitas, é a teoria que diz que os dedos aparecem assim simbolizando que Deus está sempre disposto, mas que cabe ao homem tomar a decisão de buscá-lo.

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