O silêncio é a linguagem primeira do oculto. Ele não é ausência, mas presença invisível, como o véu que cobre o mistério para que somente os olhos preparados possam enxergar além da superfície.
No silêncio, o mundo externo se cala, e o mundo interno se amplia, revelando caminhos que não podem ser percebidos pela pressa ou pelo ruído constante da vida.
O oculto habita nesse espaço entre o som e o vazio.
Ele não se mostra de imediato, pois sua essência não é feita para o olhar distraído.
O mistério se esconde para ser buscado, e é no silêncio que o buscador encontra a chave que abre portas secretas.
O oculto não é apenas o que está escondido dos olhos, mas aquilo que exige transformação do ser para ser compreendido.
O silêncio é também disciplina, um pacto sagrado com a interioridade.
Ele conduz a mente a se desfazer das ilusões, permite que o coração ouça o que o espírito sussurra.
Nesse estado, o oculto se manifesta como lampejo, símbolo ou intuição.
Aquilo que parecia invisível se revela não como espetáculo, mas como verdade interior, discreta e profunda.
O oculto, unido ao silêncio, é mestre da paciência.
Ensina que o valor do segredo não está em ocultar por vaidade, mas em guardar até que o tempo certo chegue.
Assim como a semente repousa na escuridão da terra até que floresça, o saber oculto repousa na sombra até que o iniciado esteja pronto para compreendê-lo.
Eis o paradoxo:
o silêncio e o oculto não afastam,
mas aproximam.
Eles convidam o buscador a mergulhar no próprio ser, a atravessar véus e camadas, a dialogar com o que está além da palavra.
Só então, o silêncio se torna canto invisível, e o oculto, luz velada que guia os passos na jornada do despertar.
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