o ser humano não está acabado,
mas está em constante construção.
Esta visão, que Giuliano Di Bernardo chama de “filosofia da regeneração”, não se limita a uma melhoria moral ou social.
É uma renovação ontológica, uma reconfiguração do ser a partir de suas fundações simbólicas.
O maçom não busca simplesmente ser melhor: procura ser outro, mais consciente, mais justo, mais livre.
A loja se torna o palco desta metamorfose.
Cada ritual, cada palavra pronunciada em silêncio, cada passo dentro do templo é um ato de regeneração.
O iniciado entra como pedra bruta, carregado de condicionamentos, ignorâncias e medos.
Mas através do trabalho simbólico o estudo, a reflexão, o diálogo vai polindo o seu interior, descobrindo que a verdadeira liberdade não está fora, mas no domínio de si mesmo.
Esta regeneração tem uma dimensão filosófica profunda.
Não se trata de adotar uma nova identidade, mas de revelar a essência que esteve escondida sob camadas de ruído e costume.
É um processo que lembra o pensamento platônico: a alma, presa na caverna do profano, sobe para a luz do conhecimento e da virtude. Mas na maçonaria, essa ascensão não é abstrata: vive-se, encarna-se, ritualiza-se.
Di Bernardo insiste que essa transformação não pode ser imposta de fora.
É um ato livre, voluntário, íntimo.
O maçom não é moldado pela loja; ele se molda, guiado por símbolos que agem como espelhos da alma.
O esquadrão lembra-lhe a retidão, o compasso ensina-o a traçar limites, a pedra fala-lhe da sua própria imperfeição. Cada símbolo é uma pergunta, cada grau uma resposta provisória.
Assim, a filosofia da regeneração humana na maçonaria não é uma teoria,
mas uma prática viva.
É a arte de se reconstruir por dentro, de se elevar sem perder a humildade, de buscar a verdade sem cair no dogma.
É, em última análise, um convite a ser mais plenamente humano:
consciente da sua fragilidade,
mas também da sua infinita
capacidade de transformação.
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