Assim como o homem
dispõe dos fatores evolutivos que o impulsionam sempre para o Alto,
encontram-se também, no seu caminho, obstáculos a vencer, ficando em sua livre
escolha, contorná-los, ou, iludido, tentar possuí-los. Estes obstáculos
poderiam ser classificados como Fatores Evolutivos, se utilizados pelo homem
profano.
Mas, caso o Homem Maçom, que já viu a Luz, opte por eles, em
detrimento dos Fatores Evolutivos, ele receberá o anátema de perjuro e ver-se-á
aprisionado nestas verdadeiras masmorras que o reterão até que resolva, em seu
livre arbítrio, retornar ao Seio de Abraão e, consequentemente, ao
convício com os Homens Livres e de Bons Costumes.
Assim, nestes nossos
breves estudos sobre o que aprendemos na Maçonaria, a exemplo do que já
discorremos, vamo-nos deter em três das masmorras que consideramos principais
como fatores de involução, no caminho do homem: Os Vícios, a Violência e a
Ambição, um existindo, muitas vezes, em decorrência do outro e também
analisados de per si.
O Vício, como oposto
da Virtude, gerador de crimes e decadência físico-moral do Homem.
A Violência, gerando
a própria violência e obstaculando o progresso individual e social.
A Ambição, como fator
de progresso, se controlada e sadia, mas, também, como fator de queda do homem
comum e perjúrio do Homem Maçom, se empregada desenfreadamente.
Todavia, antes de
penetrarmos nessas masmorras escuras e úmidas, permitam os Amados irmãos, que
vos comente alguma coisa sobre, não uma, masmorra do espírito, mas, sobre uma
penitenciária completa da alma humana, qual seja, a ignorância.
Ao considerarmos a
Sabedoria, a Força e Beleza, como qualidades inerentes ao espírito do homem,
pois, essas qualidades, são fornecidas em essência, no início de sua
existência, devemos nos ater, também, às imperfeições do espírito, sendo que,
essas, ele, na sua teimosia, quando opta pela senda mais fácil, adquire no
transcorrer da vida e depois, pode perder tempo preciosismo para recuperar os
pontos negligenciados.
Perfeição absoluta,
só encontramos no Grande Arquiteto do Universo.
Só Ele é Perfeito.
Todavia, é
lícito ao homem tentar alcançar a perfeição, sendo essa, praticamente, sua
finalidade, pois, ao atingirmos o limiar da Perfeição, alcançamos a Glória
Eterna!
Optando pelos
descaminhos do mal, o homem adquire as imperfeições e essas, o conduz aos
vícios, à violência e à ambição descontrolada, e, consequentemente, à Dor e à
queda nos abismos insondáveis da perdição.O exemplo mais clássico de
imperfeição no espírito do homem, é a ignorância, não aquela que se confunde
com a simplicidade, no limiar de sua existência, mas aquela que ele adquire ou
em que se estaciona, ao tornar-se ocioso e tendente ao mal.
A ignorância é
resultante da ociosidade mental do homem; é o produto mais concreto da chamada
Lei do Menor Esforço. O que faz o homem estacionar e muitas vezes se ambientar
nos pantanais da ignorância, é, partindo-se de sua preguiça mental,
enveredar-se pelas tortuosas veredas do Mal.
O homem, opta pelo mal, porque
supõe que este, com os ilusórios rendimentos e as promessas de vitória fácil
com que acena aos incautos, pode levá-lo aos píncaros das glórias terrenas.
Assim, considerando-se esperto, ele, na realidade, é o incauto, é o tolo, que
ouvidas as verdadeiras recompensas reservadas aos justos, pode iludir-se com as
efêmeras e falsas que porventura auferirá, servindo as hostes do mal.
Assim, o espírito
ignorante pratica o mal porque ouvida, desconhecendo seu verdadeiro
significado, sua verdadeira missão. Aí, fecha-se o círculo vicioso, ele é mau,
porque é ignorante; e é ignorante, porque? Por sua própria culpa, sua própria
opção pelo mal, como já vimos.
A ignorância mais
malfazeja, não é aquela do pobre analfabeto, vítima das injustiças sociais, é,
sim, aquela dos que, por exemplo, tendo a obrigação de proporcionar a todos, as
luzes da cultura, ou, pelo menos, da alfabetização, negligenciam tal dever, em
nome de interesses próprios, mesquinhos e inconfessáveis. Estes, sim, portam a
verdadeira ignorância, porque, asseclas do mal, não sabem que contra eles
próprios, um dia, virá a cobrança do prejuízo causado em milhares de seres.
Aí
ouvirão o clamor dos prejudicados a torturar diuturnamente seus ouvidos ultra
sensibilizados pelo remorso e, preferirão mil vezes jamais haverem existido.
Nessa altura só lhes restará apelar para a misericórdia do Grande Arquiteto do
Universo, que não lhes faltará, mas, antes, a Justiça cobrará inexoravelmente,
seu tributo.
Ignorância, é aquela
do portador de emenda cultura que utiliza seus cabedais em proveito ou em
detrimento da coletividade.
Ignorante, é aquele
que não crê no Grande Arquiteto do Universo, que Deus; é aquele que julga ser a
matéria a verdadeira origem da vida, que julga que nada existe além da morte e
que, a vida resume-se nas formas conhecidas pelos sentidos do corpo material.
Ignorante, é aquele
que considera que os fins justificam os meios; que considerando-se sábio, não
precisa mais estudar e que todos têm que acatar as asneiras que profere como
sendo a única expressão da verdade; que considerando-se rico ou poderoso, deve
desprezar os pobres e os humildes; que, enfim, dotados de alguns dons que o
Grande Arquiteto do Universo lhe conferiu, acha que deve empregá-los apenas
para satisfazer sua desenfreada ambição.
Estes exemplos,
ilustram a conceituação de ignorância, que é o contrário, o oposto da
Sabedoria, que, como já vimos é o somatório da Cultura, da Experiência e da
prática desinteressada das virtudes. Um homem ignorante não é virtuoso, porque
se o fosse, seria um Sábio.
Fechemos, agora, o
parêntesis, e retornemos ao estudo a que havíamos nos proposto acerca de
algumas Masmorras dos Perjuros.
O VÍCIO
O Vício é
uma inclinação que induz o ignorante à prática do Mal. Não confundir com mau
hábito.
A diferença entre os dois, está na dependência e na conseqüência
advinda. Assim tomemos como exemplo, o uso do fumo; fumar, não é vício, é um
mau hábito, pois geralmente, o grande prejudicado é o próprio fumante, tanto
financeira como fisicamente, com danos irreparáveis à própria saúde. Agora,
observemos o uso da maconha, dos entorpecentes e alucinógenos de um modo geral;
não constitui o uso dessas drogas, apenas um mau hábito; trata-se de um vício
dos mais malévolos, pois, além de prejudicar o próprio viciado, com a
dependência, o dano é estendido aos seus semelhantes, através da prática de
crimes motivados pelo estado de “atuado” e pela necessidade de angariar
recursos para a aquisição do tóxico.
O Vício pode atingir
tal intensidade, que tende a transformar-se em doença fatal, como ocorre com a
Toxicomania e o Alcoolismo, nem sempre curáveis, dado ao corpo e a alma do
viciado já se encontrarem impregnadas com as toxinas do veículo utilizado.
Além do viciado, quem
mais sofre é sua própria família. O Vício, traz além da decadência física, para
a sua vítima voluntária, a vergonha, a humilhação e opróbrio para seus
familiares; são as situações vexatórias de um pai ver o filho às voltas com a
prisão por porte e uso de tóxicos; de um filho ver o pai viciado na ingestão
alcoólica, sujeito ao sarcasmo e às chacotas na rua; à pobre mãe ver a
filha desencaminhada nas garras lodosas da prostituição, um vício que decorre
de outros, combinado com as injustiças sociais.
Mas o que conduz o
homem ao vício? Dois fatores: a Ignorância e o Materialismo. A Ignorância,
porque, como já nos referimos, o homem, dado suas tendências para o fácil, para
o mal, tende também, a esquecer o que trouxe de seu aprendizado inicial, de
valores morais essenciais positivos, pois, estes, são mais difíceis de
utilização, exigindo certa dose de força de vontade, trabalho, estudo.
É mais
fácil praticar o mal do que o bem. Materialismo, porque o homem, ao invés de
apelar para o Grande Arquiteto do Universo e para os valores morais, nos
momentos de crise, apela para as panacéias, para os paliativos, para o contorno
dos problemas e não para as suas soluções, enfim, para o consolo duvidoso do
vício.
E, procedendo dessa
maneira, o homem, dominado pelo Vício, torna-se um escravo das trevas, um
prisioneiro, incapaz de vislumbrar as claridades fulgurantes reservadas aos
Homens Livres e de Bons Costumes.
A Violência
A maior resultante da violência é a própria violência, o revide; o
ataque gera a defasa e a melhor defasa é o ataque: Violência versus Violência.
E o que é violência? É a materialização do mal em seu aspecto mais concreto,
podemos assim dizer. E o principal produto da violência? O Crime!
E, o que é crime? É a
transgressão da Lei Moral. Mas, pode-se argüir, nem todo crime é violento.
Engano, toda transgressão da Lei Moral é uma violência e, por via de
conseqüência, um crime. Não importa se existe diferença aparente entre um
espancamento e um peculato. Ambos são transgressões da Lei Moral e ambos são
crimes. Tirar o que não lhe pertence é um crime tão violento quanto um estupro.
Os Códigos Penais do mundo, relacionam centenas de crimes; os Códigos Morais e
Religiosos apontam milhares de crimes cometidos pelos homens, e as suas
próprias conseqüências os acusam diuturnamente de bilhões de crimes. Assim,
podemos dizer que o crime é uma constante no mundo ilusório da matéria. É uma
abominação, porque se confunde com a própria conceituação de Violência!
Ao analisarmos o
crime e consequentemente, a Violência, vamos nos ater aos mais horrendos de
seus exemplos, sob pena de termos que nos aprofundar na confecção de um
trabalho que importaria em milhões de páginas. Assim, analisaremos apenas o
Assassinato, que pode ser classificado, elementarmente, para os fins a que nos
propomos, sob três aspectos: o homicídio, o aborto e o suicídio.
O homicídio é o ato
que o homem pratica ao tirar a vida de outro homem.
É uma terrível ofensa à Lei
Moral, pois, arroga a si próprio, uma prerrogativa inerente a Deus, que dá a
vida, só Ele a podendo tirar, sem contar que o homem, assim agindo, está
impedindo o próprio progresso e do assassinado.
O ABORTO
Este sim,
é dos requintes máximos da Violência, pois, o homicídio, apesar de nunca
justificado, é, as vezes, explicável. O aborto, nunca. É o crime mais nefando
contra a vida. Nem o mais bruto dos irracionais o pratica. Só o homem,
justamente aquele que tem o direito de, um dia, num determinado momento
sideral, contemplar a face do Eterno!
O SUICÍDIO
É, também,
como o homicídio e o aborto, um crime nefando e condenável, só perdendo em
atrocidade, mesmo assim, em baixíssima margem, para o aborto. É uma Violência,
a mais triste, por ser a mais tola, que um ser humano pode perpetrar. Não
comporta, tal como o aborto, justificativas nem explicações. Demonstra o mais
baixo grau de covardia e egoísmo a que o homem pode descer em sua queda para o
abismo insondável da perdição. O suicídio é réu de crime sem perdão perante as
Leis da Natureza. É, o suicídio, um crime irreparável perante a sociedade, a
família e sobretudo, perante si mesmo, isto é, perante a própria pessoa que o
praticou.
Nem a dor mais profunda,
nem o desespero mais pungente, pode justificar o suicídio, tão importante é a
vida, mesmo que aparente e temporariamente infeliz. Só quem a concedeu, pode
tirá-la, nunca quem a recebeu como dádiva sem preço e sem condições, senão a de
aproveitá-la da melhor maneira possível, objetivando o progresso próprio e da
coletividade.
A AMBIÇÃO
É de uma
certa forma, benfazeja ao homem, quando sadia e controlada. Nessas condições,
ela pode ser representada pelo desejo ardente de se praticar o Bem, objetivando
o próprio progresso do Ser e da sociedade. É o estudante que se aplica
ambiciosamente concluir seu curso com distinção; é o médico que se especializa
ambicionando aumentar seus conhecimentos curadores; é o artesão que se esmera,
ambicionando apresentar ao público, um produto aperfeiçoado ou mais belo; é o
funcionário que agiliza seu trabalho, ambicionando o bom andamento do serviço
público; é o político que se desvela no afã de apresentar sempre uma visão
lúcida do panorama administrativo, ambicionando o bem-estar social.
Como se vê, ao
contrário da Violência, a ambição tem seu lado bom, podendo até constituir-se
em fator de progresso. Mas, infelizmente, este aspecto positivo da ambição é
suplantado em nosso mundo, pelo aspecto negativo, a ambição desenfreada,
incontrolável, dirigida para o mal, para os interesses pessoais inconfessáveis.
E o que conduz o
homem a este triste estado d´alma? É o desejo pecaminoso que gera a busca
insaciável aos prazeres efêmeros e ilusórios da matéria; aos enganosos caminhos
do Poder ou da Riqueza Material, que por sua vez, geram a ganância,
arbitrariedade, o entorpecimento e embrutecimento dos sentidos, a violência e,
fatalmente, a queda no abismo insondável das Trevas.
Ao atentarmos para os
exemplos citados, constataremos que as recíprocas são verdadeiras e em maior
número. Assim, observaremos o médico utilizando seus conhecimentos não para
atingir a dor humana com espírito compassivo, mas, para enriquecer rápida e
copiosamente; o artesão falsificando a qualidade de seus produtos, objetivando
produzi-los em maior quantidade e com menor custo, para obter maiores lucros; o
funcionário negligenciando suas obrigações à medida que exige mais e mais
direitos; o político se corrompendo e negociando com grupos imediatistas e
alheios ao bem comum, objetivando o enriquecimento ilícito e a curto prazo, ou
a ascensão ao poder para melhor consecução de suas metas particulares.
Aonde levará a
Humanidade essa ambição tresloucada?
Ao extermínio total? Não cremos, pois, a
Misericórdia Infinita do Grande Arquiteto do Universo, intervirá no momento
oportuno.
Já foi dito:
“É necessário que haja escândalo, mas, ai daquele que for o protagonista do
escândalo”.
Aí esta a resposta. A Humanidade não pagará pelos crimes dos
viciados, dos violentos e dos ambiciosos, mas, eles, sim; eles próprios
pagarão.
Trabalho realizado
por Marcos Antônio Gomes, pesquisado nos livros Aprendiz de Maçonaria, autor
Ir.´. Joacy da Silva Palhano, Dicionário de Maçonaria, autor Ir.´. Joaquim
Gervásio de Figueiredo e Constituição do Grande Oriente do Brasil
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