
O Avental é a vestimenta emblemática, simbólica e obrigatória de um Maçon, em rigor a única necessária, e o seu uso denuncia o seu grau hierárquico dentro da Ordem Maçônica, podendo ser desde cargos administrativos como o posicionamento nos vários graus existentes, bem como evidenciar também os diferentes ritos e potências.
Mas pouco se conhece da história desta humilde vestimenta que tão grande significado possui. Os nossos rituais limitam-se apenas a explicar a simbologia do Avental para o grau do referido ritual, não tecendo informações ou comentários sobre a sua história e significado.
Cria-se assim uma grande lacuna para a interpretação desta vestimenta, que como já foi mencionada, é indispensável para o Maçom.
O presente estudo possui a pretensão de explicar como surgiu esta vestimenta e qual o seu significado, seja ele simbólico ou exotérico.
Contudo, não entraremos nas questões referentes à sua utilização em Loja, visto que cada grau possui o seu simbolismo e as suas (Publicado em freemason.pt) características próprias.
Iniciando o estudo propriamente dito, iremos tecer um breve comentário, sobre a utilização do Avental no mundo profano, e assim, conhecermos melhor as suas utilizações e importâncias profanas, para posteriormente entrarmos na simbologia Maçónica.
É notório que o Avental é utilizado por grande número de pessoas que mesmo não ciente da sua importância, beneficiam desta pequena e até mesmo insossa vestimenta.
Mas o que é afinal o Avental? E quando se iniciou a sua utilização?
No mundo profano o Avental é muito utilizado, principalmente por pessoas que têm a necessidade de se protegerem, seja de qualquer partícula sólida ou líquida, que venha a sujar a roupa, ou de substancias, porosas ou não, que possam agredir a pele.
Para alguns escritores, a origem do Avental está ligada há tempos muito remotos, como o Paraíso Terrestre, onde alguns vêem Adão como o inventor do Avental, representado na folha de parreira, o qual, segundo a ilustração bíblica, cobria os seus órgãos genitais. Esta ideia é refutada por outros que a consideram ilusória e especulativa.
Historicamente falando é quase que impossível precisar a data ou o período em que o Avental começou a ser utilizado; há, contudo, vários registros históricos do seu uso: os Romanos, por exemplo, usavam-no como parte do seu uniforme militar, como também há registros do uso de Avental por Egípcios, Persas e Hindus.
Mais contemporaneamente, percebemos que os pintores da renascença, também o utilizavam para proteger as suas roupas dos respingos de tintas.
Em Maçonaria o surgir do uso do Avental pode ter sido iniciado nas Guildas e corporações Medievais.
Tais associações, que deram origem à Maçonaria Operária, sendo provável que este deva ser o único sinal externo do período Operativo da Maçonaria, tinham por hábito distribuir entre os seus membros, Aventais para o exercício do ofício ao qual estavam ligados. malho, e que depois de prontas, viriam a ser partes das edificações.
Estes Aventais eram feitos predominantemente de couro de carneiro, um couro espesso, visando proteger os obreiros de labutas muitas vezes perigosas para o corpo humano.
Posteriormente com a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa, houve grandes modificações para a utilização do Avental, que deixou de ser uma peça considerada de protecção para o corpo, transformando-se em verdadeiros brasões ou estandartes, onde o conjunto das tradições cultivadas pela Arte Real era traduzida em emblemas e símbolos representativos de cada conjunto de ensinamentos que se queria transmitir sobre a Maçonaria. Tais símbolos sempre foram ricos em metáforas e conteúdo esotérico, filosófico e histórico.
Deste modo, os Aventais transformaram-se em verdadeiras obras de arte, cercadas de emblemas e símbolos que variavam de região para região. O que deverá ter gerado algumas polémicas, pois em 1813, com a unificação das duas grandes Potências Inglesas, houve a edição de uma norma (Publicado em freemason.pt) regulamentando e padronizando os Aventais, de forma a coibir os inúmeros abusos que aconteciam.
Ressalta-se também que em 1875, com o Congresso Mundial dos Supremos Conselhos em Lausanne, também se decidiu por uma padronização dos Aventais utilizados pelos seguidores do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Mas independente dos seus emblemas ou da sua padronização, o significado simbólico do Avental continuou o mesmo, pois representa um emblema da dignidade, da honra, do trabalho material ou intelectual, símbolo da inocência do iniciado.
É a insígnia do Maçom, a única que lhe que dá o direito de entrar nos templos e participar das reuniões.
Representa a prontidão para o trabalho, que nos acompanha desde o meio dia até ao fim da vida, pois constitui-se como um instrumento fundamental e não nos deixa esquecer que a labuta é uma constante, seja em Loja ou fora dela.
Recorda-nos também as nossas obrigações e deveres como obreiros da Arte Real, capazes de nos transformar de filhos de mulheres em filhos do homem, auxiliados pelas instruções que são ministradas a todos os filhos da viúva.
Exotericamente o Avental é a vestimenta corpórea da alma, que será pura ou impura conforme os nossos desejos e pensamentos.
Representa também a condição imortal da alma, que sobrevive à morte do nosso corpo físico e é símbolo do trabalho na construção do templo interior e nas tarefas de aperfeiçoamento evolutivo.
Notemos que o Avental vem sempre acompanhado por um cinto ou corda, que é um elo que une o Avental ao corpo até à altura dos rins, e que também dividi o corpo de quem (Publicado em freemason.pt) o usa: da cintura para baixo, está a parte procriadora, material; da cintura para cima, está a parte sensitiva, espiritual que guarda os centros de forças ou chakras.
Para os antigos, a parte mais importante do Avental era este cinto ou cordão, pois ele é símbolo do cordão umbilical, que liga o homem a terra, ou o cordão de prata, que liga o homem ao espírito; ou até mesmo o cordão de ouro, que liga o espírito ao Eu superior.
Independente da sua origem, do começo do seu uso ou da interpretação que lhe damos, o Avental utilizado hoje é o resultado da união dos Maçons Operativos com os Maçons Especulativos, e o seu uso simboliza o momento espiritual que o Maçom vive dentro da Maçonaria.
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