A transição da condição de Profano para Neófito, é um momento inesquecível e simplesmente mágico, onde a morte e a vida se confundem, onde o medo e a coragem se unem como almas gêmeas.
É um salto para o desconhecido, confiando exatamente num desconhecido que ampara nossos passos para as Viagens mais singulares que já vivenciamos, simbólicas para quem vê, mas, extremamente reais para quem as realiza.
Um misto de ansiedade e calma, um misto de agonia e paz, um misto de morte e vida, o som do coração é ensurdecedor.
No Livro da Lei, encontramos em Isaías, capítulo 42, versículo 16, uma justificativa para existência, e função deste “Terrível Desconhecido” condutor, com a seguinte fala:
“Encaminharei os cegos para a estrada que não sabes. Fá-loshei andar por veredas que sempre ignoram. Mudarei as trevas diante deles em Luz e os caminhos tortuosos em direitos”.
Um Dia Mágico cheio de revelações sobre a nossa origem, sobre a nossa frágil condição de ser humano, onde o nosso interior e exterior são expostos sem o menor pudor, é o tudo e o nada colocado em condição de igualdade, sem julgamentos, não existe o certo e o errado, ou o rico e o pobre, para ser comparado, existem apenas os momentos das Viagens, e que devemos mais do que nunca confiar a nossa jornada a até então a aquele Terrível Desconhecido.
Os pensamentos tornam-se cada vez menores, pois, não há nada em que se basear; realmente uma sensação de morte para algo que nem sabíamos que tinha vida própria, e que infelizmente chegamos a conclusão que nos aprisiona com os grilhões da vaidade, e dos vícios, os quais muitas vezes nem nos apercebemos deles em nossa conduta pessoal.
Conceitos preconceituosos sobre as fontes de vida própria, coisas que devemos largar, um pedido aparentemente simples, como podemos encontrar na proposta de Fernão Capelo Gaivota, o qual pedia apenas que as outras Gaivotas se soltassem das pedras.
Que pedras são estas, se as Gaivotas voam?
Grande Paradigma literário.
No livro Caminho da Tranqüilidade de autoria do Dalai Lama, encontramos o seguinte pensamento:
“Um ambiente espiritual criado através de rituais e regras tem um efeito poderoso sobre nossas vidas. Contudo, se nos falta a dimensão interior necessária para a experiência espiritual, os ritos perdem o sentido e transformam-se em formalidades”.
Talvez seja esta a mensagem subliminar existente no insistente pedido dos Mestres, para estudarmos cada vez mais, um pedido que objetiva não o aumento de nossa cultura, mas sim o nosso crescimento interior, para que possamos absorver e aplicar na nossa vida pessoal.
Até agora o que foi feito objetivou estimular emocionalmente os leitores, fazendo-os relembrar de sua Iniciação, deixando a cada um a doce explosão das emoções vivenciadas naquele dia consagrado a cada um de nós, e com este solo fértil, lembrar a importância do estudo, e para aproveitar este “solo”, pretendo abordar a importância dos ensinamentos os quais são ministrados desde o inicio de nossos Trabalhos.
Vamos a Leitura do Livro Sagrado, realizada na abertura de nossa Oficina no Grau de Aprendiz Maçônico (R.´. E.´. A.´. A.´. do G.´. O.´. P.´.). O Orador(1) é convidado pelo Mestre de Cerimônia (2) a Abrir o Livro da Lei, e então se dirige até o Altar de Juramentos onde temos o Livro da Lei, e diz:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens. E a Luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
A interpretação de algo que ouvimos depende exatamente do conjunto de informações que formam o nosso interior, uma pedra bruta, que aos poucos deve ser desbastada, através do conhecimento e principalmente da prática, e é para isto que nos reunimos em Loja.
Assim apenas ouvir a Leitura da Abertura do Livro Sagrado, não deve ser considerado como um simples momento de interiorização.
Devemos buscar algo mais, devemos sim compreendê-lo, pois, a Luz resplandece nas trevas, e lembrar que foi exatamente Ela que nos foi dada no dia de nossa Iniciação após a retirada da venda, lembra-se?
A língua portuguesa apresenta palavras homófonas, isto é, palavras de mesmo som e com sentidos diferentes, e como o nosso tema é dualidade, vamos avaliar as seguintes palavras:
PRINCÍPIO, VERBO e COMPREENDERAM, sob a óptica da dualidade.
Será que devemos considerar PRINCIPIO simplesmente como Origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento, ou, podemos considerá-la como Preceito, regra, Lei.
E quanto à palavra VERBO pode ser considerada como Classe gramatical que tipicamente indica ação, ou como A sabedoria eterna.
Da mesma forma vamos proceder o mesmo tipo de raciocínio para a palavra COMPREENDERAM.
Será que devemos considerar COMPREENDERAM simplesmente como Alcançar com a inteligência; atinar com; perceber, entender, ou, podemos considerá-la como Incorporar, englobar; incluir.
Agora faremos uma substituição destas alternativas no Versículo em estudo: A Regra era a Sabedoria Eterna, e a Sabedoria Eterna estava com Deus, e a Sabedoria Eterna era Deus.
Ele estava na Regra com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens.
PRINCÍPIO, VERBO e COMPREENDERAM, sob a óptica da dualidade.
Será que devemos considerar PRINCIPIO simplesmente como Origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento, ou, podemos considerá-la como Preceito, regra, Lei.
E quanto à palavra VERBO pode ser considerada como Classe gramatical que tipicamente indica ação, ou como A sabedoria eterna.
Da mesma forma vamos proceder o mesmo tipo de raciocínio para a palavra COMPREENDERAM.
Será que devemos considerar COMPREENDERAM simplesmente como Alcançar com a inteligência; atinar com; perceber, entender, ou, podemos considerá-la como Incorporar, englobar; incluir.
Agora faremos uma substituição destas alternativas no Versículo em estudo: A Regra era a Sabedoria Eterna, e a Sabedoria Eterna estava com Deus, e a Sabedoria Eterna era Deus.
Ele estava na Regra com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens.
E a Luz resplandece nas trevas, e as trevas não a incorporou. Parece simples, não é?
Mas, se lembrarmos que Regra é uma Norma, ou um conjunto de Normas, e que Norma é a tradução literal da palavra grega Esquadro, fica um pouco mais complexa a linha de raciocínio, principalmente se analisarmos que a Jóia Móvel representada pelo Esquadro, é exatamente o Venerável Mestre, ou seja aquele que ocupa o Trono de Salomão.
Vamos ver se esta condição pode ser considerada verdadeira?
O Venerável Mestre é o representante da Sabedoria Eterna, e a Sabedoria Eterna estava com Deus, e a Sabedoria Eterna era Deus. Ele estava no Esquadro com Deus.
Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a Vida, e a vida era a Luz dos homens.
E a Luz resplandece nas trevas, e as trevas não a incorporou.
Após, esta interpretação, podemos ver que o a condição do Venerável Mestre dar a Luz ao Neófito, é uma condição não imposta pela Lei dos Homens (Regimento Interno), mas sim uma prerrogativa da Lei do Nosso Livro Sagrado.
Talvez, possa nesse instante pode passar pelo pensamento do leitor sobre o título deste trabalho que é: DUALIDADE: A FRÁGIL CONDIÇÃO DA HUMANIDADE, o que tudo o que foi escrito até o momento tem a haver com o tema?
Queridos Irmãos, se continuarmos com o nosso exercício de pensar, e lembrarmos que uma das máximas da Cabala é: “A Harmonia é o perfeito equilíbrio entre o Bem e o Mal”, que um dos conselhos de Jesus Cristo é: Não Julgueis para não ser Julgados, e que a máxima de que Tudo o que o Grande Arquiteto faz é bom, fica claro a fragilidade da condição humana de rotular tudo como bom ou ruim, o que não passa de um “julgamento de nossa consciência, segundo as nossas Verdades”.
Eis o peso que a Dualidade nos infere, e tal é a importância deste evento, que o mesmo encontra-se representado em nosso Templo pelo Pavimento Mosaico.
Meus Queridos Irmãos, eu acredito que este trabalho não tenha fim, e isto pode trazer certa decepção para muitos que esperavam um desfecho final, e tenho a certeza que é um tema infinito e pessoal, é a nossa Pedra Bruta a ser desbastada paulatinamente, transformando-a em Pedra Cúbica, e devemos lembrar que ainda falta poli-la que só é possível na aplicação de um conhecimento transformado em sabedoria.
Para mim, este é um conjunto de opiniões pessoais, e este trabalho tem apenas a intenção de caracterizar a importância do Estudo, e não da Leitura, saber diferenciar um do outro, e de despertar o Debate seja ele interior ou não, para que a nossa frágil condição humana seja transformada em algo que possamos engrandecer os Projetos do Grande Arquiteto do Universo, com nossas atitudes diárias.
BIBLIOGRAFIA
R.´. E.´. A.´. A.´. – Grande Oriente Paulista. Livro Sagrado Caminho da Tranqüilidade - Dalai Lama A Oficina e seus Cargos: R.´. E.´. A.´. A.´. – Publicação da A.´. R.´. L.´. S.´. Mestre Affonso Domingues – Grandes Lojas de Portugal (Artigo de Ir.´. M.´. I.´. Rui Bandeira.
OBS:
O objetivo de utilizar um texto produzido em Portugal serve para mostrar aos IIr.´. que os conceitos da nossa Ordem, realmente são Universais.
(1) ORADOR
No Rito Escocês Antigo e Aceito, o ofício de Orador é aquele cujo titular pode exercer a mesma função (orador), mas que vai muito mais para além dela. O Orador não se limita à invocação do Grande Arquiteto do Universo. Aliás, em bom rigor, nem sequer é esse o principal escopo deste ofício. O Orador é o oficial da Loja encarregado de tirar as conclusões de qualquer debate. A discussão de qualquer assunto é levada a cabo segundo regras destinadas a permitir um debate sério, sereno e esclarecedor, em que cada um expõe a sua idéia e os motivos dela, mais do que rebater as idéias expressas pelos demais. Em reunião de Loja, procura-se que todos os membros se expressem pela forma positiva, isto é, afirmem as suas idéias, não pela negativa, limitando-se a criticar as opções dos demais. Assim: "No final, um oficial da Loja, o Orador, extrai as conclusões do debate, isto é, resume as posições expostas, os argumentos apresentados, podendo ou não opinar sobre se existiu consenso ou sobre a decisão que aconselha seja tomada”. A função do Orador, porém, vai muito mais longe do que a sua intervenção para tirar as conclusões do debate.
O Orador é, no clássico esquema da separação de poderes que Montesquieu nos legou, o representante do Poder Judicial na Loja. É ele que deve especialmente zelar e velar pelo estrito cumprimento dos Landmarks, usos e costumes maçônicos e pelo cumprimento das normas regulamentares, sejam emanados da Grande Oriente, seja da Loja.
É a ele que cabe advertir os demais quando se lhe afigure que quaisquer destas normas estão sendo violadas ou em vias disso, em ordem a prevenir a indesejada violação. É a ele que, havendo infração suficientemente grave para justificar punição, cabe instruir o respectivo processo. É o Orador o único Oficial da Loja que tem a prerrogativa de poder interromper o Venerável Mestre, que à sua opinião se deve submeter, quando emitida em relação à aplicação ou interpretação de normas maçônicas. (Artigo de Ir.´. M.´. I.´. Rui Bandeira, da A.´. R.´. L.´. S.´. Mestre Affonso Domingues).
Nos Ritos de York e de Emulação existe um ofício, designado por Capelão, cuja função é dirigir a Loja na invocação do Grande Arquiteto do Universo, em oração coletiva que realça a espiritualidade da Maçonaria e reforça os laços entre os seus membros.
(2) MESTRE DE CERIMÔNIAS
O Mestre de Cerimônias é o oficial de Loja que executa, dirige e conduz todas as movimentações em Loja.
Sempre que um Irmão da Loja deve circular nela, fá-lo-a acompanhado pelo Mestre de Cerimônias (melhor dizendo: seguindo-o).
Sempre que a posição ou o estado de um dos objetos com significado ritual deve ser corrigido, quem efetua essa ação é o Mestre de Cerimônias.
Cumprindo instrução nesse sentido do Venerável Mestre ou por decisão própria.
O Mestre de Cerimônias é o responsável por toda a circulação no espaço da Loja e, conseqüentemente, pela sua fluidez e correção.
É ele quem indica por onde se deve ir, para se fazer o quê.
O ofício de Mestre de Cerimônias é fundamental na execução do ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, porque é ele quem marca os ritmos e, assim, quem agiliza ou soleniza cada cerimônia.
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