FRATERNIDADE

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Fraternidade

O primeiro ternário maçônico composto pelas três palavras: liberdade, igualdade e fraternidade. 

Não é que ele seja só isso; há vários grupos de três palavras sempre representando os três lados do triângulo em cujo centro se acha o olho onividente da Divindade. 

O tema é de quantos o mais importante, e tanto que se acha expresso na oração, no Salmo 133, lido sempre no início dos trabalhos, ao ser aberto o Livro da Lei. 

"Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e que desce à orla dos seus vestidos. Como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre". 

Oh! Quão bom e quão suave que os irmãos vivam em fraternidade, em amorosa confiança! É como o óleo precioso que, à ordem de Deus, ungiu e sagrou o primeiro sacerdote hebreu, Arão, irmão de Moisés. 

Estava Moisés no monte; e apareceu-lhe um fogo envolvendo umas salsas, de modo que as salsas não se consumiam. 

Quero gozar esta vista... monologou Moisés. 
E qual não foi seu espanto quando, ao chegar perto, uma voz de trovão lhe disse: – "tira tuas sandálias, porque o chão que pisas é santo. 

Quem me fala? Interrogou Moisés, e veio-lhe do meio do fogo a resposta: – Eu sou o que sou! E prosseguiu: – Vá ter com o povo meu, e liberta-o do jugo de Faraó. 

Mas como, Senhor, posso falar ao povo, se sou gago? E do meio da salsa ardente veio-lhe a ordem: – Fala pela boca de Aarão, teu irmão! 
Dize ao povo que o que é, te envia! 

Então desceu Moisés do monte, assustado da visão, mas disposto a cumprir a ordem divina, e logo pega da ânfora de óleo e unge Arão, em nome de Deus, e o constitui seu auxiliar imediato. 

E a benção de Deus, no óleo precioso, derramou-se sobre a cabeça de Arão, pingou-lhe da barba, ensopou-lhe os vestidos, escorreu por todo seu corpo gotejando pelas orlas das vestes sobre a terra. 

Tal é a benção de Deus! 
Tal, a suavidade e a bondade de viverem os irmãos em união, em amorosa fraternidade! 

E quando já o povo de Israel estava em sua terra, tão portentosamente tirado por Deus dos barreiros egípcios, o orvalho de Hermom descia sobre todos os montes de Sião e também pelas campinas e valados, abençoando a vida vegetal que crescia como uma exalação. 

E rebanhos pululantes de ovelhas se viam pelas encostas, pastando ao som mavioso da flauta do pastor. A natureza em festa, as árvores engalanadas de flores perfumosas, o balido das greis ao longe se ouvia, porque ali Deus, com sua benção, ordenava a vida para sempre

Vendo esta maravilha, o cantor de Deus, Davi, escreveu o seu verso: – Oh! Quão bom e quão suave é que vivam os irmãos em amorosa fraternidade! É como o óleo precioso sobre a cabeça de Arão, ou como o orvalho bendito sobre frondes vegetais! 

Deus é amor, diz São João Evangelista, e onde houver amor, aí Deus está presente. 

Os gregos divinizavam o amor em Eros, e o mestre Esíodo dizia que o amor é o princípio de integração dos elementos. 
Onde houver união aí está Eros, e Platão já dizia que o universo está cheio de Eros. O universo está cheio de amor, foi criado por um ato de amor, e onde houver união aí está Deus, porque Deus é amor

Os elétrons e prótons se buscam e, amorosamente se unem no átomo, e o amor, no nível atômico, se chama eletromagnetismo. Os átomos contrariamente polarizados se procuram numa ânsia de união, e esse amor unitivo, no nível atômico se chama afinidade. As moléculas se irmanam, se fundem num amplexo amoroso, e o amor nesse nível se chama coesão. Assim nasce a molécula, o cristal, os amontoados siderais, o universo. 

As estrelas, planetas e satélites se entrosam, e o amor, nesse nível se chama gravitação. 

As moléculas de compostos protéicos se unem nas células, nos tecidos, nos órgãos, e surgem então os seres vivos que se amam, que se irmanam, que se confraternizam na família, na sociedade, na humanidade inteira. 

A própria palavra inteligência vem de inter-legere que quer dizer ler entre as coisas o nexo que as liga. A inteligência busca o nexo unitivo, e por esta razão, como diz Ortega, ela vai conduzida por Eros donde vem que a inteligência é de natureza erosóide ou erótica. 

Quem cuidara que na própria inteligência tão fria e discursiva está imperando o amor? a união? 
A inteligência em que falta o nexo unitivo de Eros, a inteligência que não pode ou não sabe ler entre, não é inteligência, é loucura, estupidez. 

A sociedade que não vai conduzida por Eros, pelo amor, se desfaz. A família onde não impera o amor se desintegra, se reduz a nada. 

Quando cessa a integração harmoniosa e amorosa dos órgãos, nós ficamos doentes. Quando as células do nosso corpo trocam o amor colaboracionista pelo egoísmo destruidor, então chamamos a essa rebelião celular câncer. 

Se as moléculas reciprocamente não se buscassem numa loucura de amor, de eros, não haveria a coesão do aço de vídia que corta o aço mais duro, não haveria a coesão do diamante, do carborundo que desgastam e comem o mesmo aço de vídia. 

Se os átomos eletricamente contrários não estivessem ansiosos por união, não se formariam as moléculas, não haveria a afinidade química. 

Se os elétrons não buscassem os prótons, ou se os prótons não procurassem os elétrons para amorosamente se unirem, não haveria o eletromagnetismo. 

Se não houvesse a gravitação que enlaça o universo num amplexo de amor, tudo reverteria ao caos primeiro donde tudo veio. 

É por isso que Aristóteles primeiro, e depois, Santo Agostinho e Dante disseram "que o amor de Deus move o Sol!". 

É do nosso conhecimento que há alguns irmãos maçons que não se afinam. Pois saibam esses irmãos que sem o amor nada se constrói; que Cristo disse: – vá, e reconcilia-te com teu adversário enquanto estás em caminho com ele, para que ele não te entregue ao juiz que te encerrará na prisão, até que pagues o último ceitil, o último centavo. Esquecei as vossas desavenças, enchei-vos de tolerância, de perdão, de amor, que se não, a ordem que vos congrega alijará para longe, e estareis fora da benção do Altíssimo, porque é da sua vontade que os irmãos vivam em união. 

Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos se unam pelo amor fraterno. Isso é como a benção derramada com o óleo sobre a cabeça de Arão, ou como o orvalho bendito com que o Grande Arquiteto do Universo afaga e vivifica a natureza toda. 

Viam os gregos esta benção do Alto Deus, e daí lhe deram a ela o nome de Pã. 

Então o Pã era imaginado como um fauno, metade homem, metade bode, que nada mais era do que a natureza bruta unida à racional. 

E toda a beleza e harmonia da natureza era supostamente ouvida na extasiante flauta de Pã. "Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla dos seus vestidos; como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre". 

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