A Estrela de Seis Pontas, o Hexagrama, não é o símbolo apropriado para o R∴ E∴ A∴ A∴, mas é comum no Craft inglês com o título de Blazing Star e até mesmo como a Magsen David (teísmo inglês – vide as Lições Prestonianas).
Para a vertente inglesa de Maçonaria, a Estrela Hexagonal encaixa-se perfeitamente na doutrina teísta que é comum ao Craft.
Destaque-se que nos trabalhos ingleses não é corriqueira a liturgia da circulação da bolsa para a colecta tal como acontece na vertente francesa onde, por exemplo, no Escocesismo simbólico é uma prática trivial.
Desafortunadamente alguns oportunistas, provavelmente pela incompetência de distinguir a existência de duas vertentes maçónicas principais, uma teísta (inglesa) e outra deísta (francesa), sempre pela lei no menor esforço, inventaram justificativas para alguns procedimentos que no mínimo são contraditórios desde que bem compreendida a Arte.
Cada rito ou ritual maçónico possui característica própria que vai moldada conforme o seu arcabouço doutrinário.
Nesse caso, por exemplo, distinguem-se as duas Estrelas (hexagonal e pentagonal) como elementos de estudo conforme o grau e a raiz maçônica.
Comum à vertente francesa e em particular ao R∴ E∴ A∴ A∴ a Estrela Flamejante possui apenas cinco pontas e traz consigo característica hominal haurida dos ensinamentos especulativos pitagóricos.
Assim, não existe na simbologia do Escocesismo simbólico nenhuma estrela hexagonal, muito menos a esdruxula invenção de que o trajecto para a colecta com as bolsas por primeiro deve representar uma pretensa estrela com seis pontas, cuja qual necessita de muita imaginação para que esse percurso possa ser comparado a uma perfeita estrela com seis pontas (já escrevi bastante sobre isso).
Os incautos antes de imaginar essas firulas ritualísticas deveriam antes aprender que as circulações que envolvem as colectas, tanto nas propostas e informações como do óbolo, respeitam simplesmente a hierarquia das Luzes Loja e das duas outras Dignidades constituídas pelo Orador e Secretário somados todos ao Cobridor Interno (elemento indispensável na composição para abertura da Loja).
No caso do R∴ E∴ A∴ A∴, esses seis cargos prioritários mais o do Mestre de Cerimónias correspondem aos “sete mestres”, ou o número mínimo necessário para se abrir uma Loja, onde três a governam, cinco a compõem e sete a completam (todos Mestres).
Racionalmente se explica então que nada disto tem a ver com “Estrela de Seis Pontas” no R∴ E∴ A∴ A∴ .
De fato a Estrela de Seis Pontas existe na Maçonaria, mais não no Escocesismo, portanto não há o porquê de se inventar nele justificativa que denote a representação de uma figura estelar de seis ápices. A Estrela de Seis Pontas é sim um elemento simbólico, mas na Maçonaria inglesa. É sabido que o R∴ E∴ A∴ A∴ é filho espiritual da França.
Para melhores esclarecimentos, seguem algumas definições despidas de apreciações fantasiosas sobre o Hexagrama e o Pentagrama utilizado no simbolismo da Maçonaria.
Hexagrama – designa a reunião de seis letras ou caracteres; é também a estrela de seis pontas formada pela união entre os vértices de um hexágono regular (polígono de seis lados iguais, cujos lados se igualam ao comprimento do raio da circunferência onde o polígono é inscrito).
A representação do símbolo estelar hexagonal corresponde à sobreposição de dois triângulos equiláteros que se cruzam e coincidem cada um com um dos ângulos adequados aos seis vértices do hexágono.
Como símbolo maçónico, nos trabalhos do Craft inglês, a exemplo do Ritual de Emulação (também conhecido inapropriadamente como York) o hexagrama é a Estrela Flamejante (Blazing Star). Do judaísmo ela é a Magsen David (Estrela de Davi ou o Selo de Salomão).
Como uma insígnia muito antiga, a sua interpretação mística mais corrente e que é aproveitada pela Maçonaria, envolve a relação espírito-matéria; o triângulo componente da estrela que vai com o ápice apontado para cima representa os atributos da espiritualidade e o que vai com o ápice voltado para baixo representa os atributos da materialidade. Na realidade essas concepções tratam do aprimorar do espírito sobre a matéria, alegoria altamente representativa na jornada evolutiva do simbolismo maçónico.
Infelizmente alguns tratadistas compararam equivocadamente esses triângulos, espiritual-material, a determinados cargos em Loja, o que acabou dando na falsa estrela que determinados articulistas ainda insistem em disseminar essa ideia anacrónica.
Devo registrar que eu mesmo, no começo dos meus estudos e juntamente com o saudoso e competentíssimo Irmão José Castellani, desatentamente acabámos embarcando neste equivoco. Felizmente não tardou que a Verdadeira Luz logo nos indicasse o adequado caminho, pelo que abandonamos imediatamente essa presunçosa ilação, embora algumas publicações daquela época ainda não tenham passado por uma correcção – registre-se o fato.
Pentagrama – dentre outros, menciona a figura simbólica composta por cinco letras ou sinais. É o pentágono regular estrelado (estrela de cinco pontas) que recebe concepções particulares de determinados credos.
Em Maçonaria, particularmente da vertente deísta francesa, tem em alguns ritos importância mística e é representada pela Estrela Flamejante de Cinco Pontas ou Pentalfa.
Na realidade o Pentagrama estelar maçónico derivou-se especulativamente do pentagrama das escolas pitagóricas.
Dentro das concepções filosóficas do pitagorismo a Estrela Pentagonal na sua posição normal – uma só ponta voltada para cima – representa o homem e a sua alta espiritualidade.
Nela simbolicamente inscreve-se a figura de um homem, cujo ápice superior é a sua cabeça e os demais representam os seus membros. Já em posição invertida, na Estrela Pentagonal inscreve-se a figura de um bode, representando assim os atributos da materialidade e da animalidade.
Em Maçonaria a Estrela Pentagonal é sempre representada como figura de alta espiritualidade, isto é, com um único ápice para cima.
A Maçonaria francesa ao adoptar o símbolo da Estrela Hominal do pitagorismo busca mostrar ao Iniciado no Segundo Grau que a obra de aperfeiçoamento do ser humano é feita através do preparo e da elevação das qualidades espirituais (carácter, inteligência, moral, etc.).
Assim, nada disto têm a ver com formação abstrata de uma eventual estrela construída a partir de deslocamentos sobre o piso da sala da Loja e muito menos envolve com concepções de magia, de feiticeiros, de bruxarias e outras rumores desse gênero.
Com este pequeno demonstrativo arrazoado espera-se ter trazido um pouco de conhecimento a respeito dessas alegorias maçónicas.
No que diz respeito a “perola” escrita mencionada na sua questão e publicada em alguns grupos maçónicos na INTERNET, realmente, ela não merece nenhuma consideração, já que o meu compromisso é com a autenticidade da Sublime Instituição e não com inferências que absolutamente nada, mais nada mesmo contribuem ou tem a ver com a verdadeira Maçonaria.
Infelizmente determinados articulistas, provavelmente por muito pouco compreender quais são os verdadeiros desígnios da Ordem, ficam por aí a expor anacronismos e semear opiniões particulares como fosse uma assembleia maçónica um palco para exposições de proselitismos e ideias temerárias – isto quando não copiam coisas que nem mesmo eles entendem.
A propósito, é oportuno mencionar que a INTERNET tem sido um instrumento de incalculável valor para a informação e para o esclarecimento dos homens, todavia há que se compreender também que nem tudo o que reluz é ouro, portanto esta ferramenta electrónica também tem servido como repositório de verdadeiros supra-sumos do lixo literário.
Infelizmente inescrupulosos autores que pensam mais em ganhos fáceis continuam a publicar verdadeiros atentados contra a legítima história, filosofia e ritualística da Sublime Instituição.
Nesse campo parece-me que cada um se adequa às suas convicções, enquanto isso o “aparente” toma a vez do “real”.
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