A ESPIRITUALIDADE DA RITUALISTICA

 ARTE REAL - TRABALHOS MAÇÔNICOS: A ESPIRITUALIDADE DA INICIAÇÃO ...

Vejamos a força espiritual por ocasião da abertura dos trabalhos ritualísticos numa loja justa, perfeita e regular. 

Segundo Leadbeater, na liturgia de abertura das atividades maçônicas no templo, devem os IIr meditarem com profunda concentração mental em perfeito equilíbrio, para manterem a harmonia do ato. 

Diz Leadbeater: “Necessitamos de cobrir a LOJA, não só para resguardar os Mistérios, e sim, porque, só estando coberto, é que poderemos manter pura e tranquila a sua influência

A forma mental que vamos construir tem de estar muito bem equilibrada e medida com extremo cuidado, pois consta de matéria etérea do plano físico e das mais sutis dos planos emocional e mental”. 

Ainda Leadbeater: “Diante do domínio das emoções, o homem desenvolve o principio do amor intuicional que entra em atividade. 

Com o auxilio da mente, o homem quebra os cinco grilhões, que o impedem de se adiantar na evolução. São eles: a ilusão de que sua personalidade é o seu verdadeiro ser, a dúvida sobre a realidade das coisas espirituais, a superstição, e os insensatos gostos e desgostos. 

Assim, capacita a vontade espiritual para que se manifeste em sua conduta”. 

Daí, a necessidade de manter, durante toda a reunião, esse clima harmônico de atitudes mentais, objetivando o resultado altamente espiritualizado dos IIr manter o clima fraternal que deve reinar entre os Maçons

Por ocasião do encerramento, as saudações apresentadas não são de puro formalismo

Cada saudação contribui para intensificar a energia que se está produzindo enquanto a Loja trabalha, e envolve a peculiar atmosfera mental da Loja. Realmente, um clima de perfeita harmonia Espiritual

Como entidade mental, a Loja está constituída pela soma das referidas porções de seus membros, que se combinam para formar um conjunto do qual brota o raio de luz protetor. 

Ainda sobre o encerramento dos trabalhos, Leadbeater, diz: “Que nos reunimos com perfeita amizade e igualdade, sem prejuízos nem preferências a respeito de ninguém e fazendo justiça a todos

Atuamos sempre com absoluta veracidade e retidão, demonstrando incessantemente o mais agudo senso de honra. 

E ainda que a Loja esteja agora sendo fechada e estejamos para separar-nos no plano físico, contudo nos separamos sobre o esquadro, sem jamais esquecer o perfeito ajuste que o esquadro assegura, de sorte que o interesse de nossos IIr seja o nosso próprio interesse durante a sua ausência, porque todos somos pedras unidas na construção do divino templo erigido a glória do GADU”

Sem sombra de dúvida, quando a ritualista da reunião se desenvolve em perfeita harmonia e concentração mental, o magnetismo flui de tal maneira que o clima de bem estar é sentido por todos os membros que dela participam. 

Existe, ainda, a proteção formada por correntes magnéticas, com o objetivo de proteger o desenvolvimento dos trabalhos dentro da mais perfeita harmonia e que todos estejam em sintonia com os propósitos e objetivos da Sublime Instituição. 

Neste clima de congraçamento, todos se irmanam dentro dos mais elevados ensinamentos que fundamentam a Irmandade dos Homens Justos e Perfeitos. 

Não se deve esquecer nunca do ESQUADRO como símbolo da matéria e o COMPASSO que simboliza o Espirito, portanto, o Maçom deve trabalhar constantemente para que o Espirito subjugue a Matéria; é o que ensina o simbolismo da posição do Esquadro e do Compasso sobre o L da L. 

Outro momento sublime é quando da abertura do L da L. 

Merece uma atenção especial diante da eloquente leitura do Salmo, onde se verifica o instante da espiritualização da abertura dos trabalhos. 

A abertura do L da L não é um ato singelo, mas uma repetição simbólica da construção do ser humano, o que equivale dizer, da construção do Templo humano

Quando o Ir responsável abre o L da L, está abrindo o Universo e, ao ler em voz alta o Salmo, oferece seu sopro, iniciando com sua vibração, os mistérios ocultos da Maçonaria, espiritualizando os símbolos que o cercam, numa ação de criatividade

Todos devem acompanhar o cerimonial com atenção, porque participam dos resultados, desaparecendo o homem profano, para que, numa perfeita união, as palavras do Salmista possam penetrar no íntimo de cada um, transformando as dificuldades da vida em momentos de indivisível paz. 

Na abertura deste Livro Sagrado se está solicitando Sua autorização e Sua glória para se dar início ao cerimonial, que só é possível com a presença da Luz, símbolo da revelação, reflexo às divindades, que iluminam o coração, a inteligência e a sabedoria de cada um para discernimento da verdade e para que cresçam a bondade, a fé e a caridade. 

O ser humano anseia pelo conhecimento. 

A satisfação, do desejo de conhecer se inicia quando se sente uma substância invisível, um fluído divino, um potencial de energia, a presença de Deus. 

Assim, cumpre a todos os Maçons buscarem o seu crescimento espiritual, desbastando a P B embasados nesse manancial de ensinamentos contidos nos Rituais, o alicerce para impulsionar a essência inicial de seu crescimento, onde deverão, com trabalho, estudo e senso moral construir sua vida, sendo útil na edificação moral e social da humanidade. 

Esse é o real proposito de todos que fazem parte da Sublime Instituição. 

Aí estão os verdadeiros significados da Espiritualização do desenvolvimento da liturgia dos Rituais praticados na Maçonaria. 

Ainda sobre a preparação na construção de sua edificação moral e espiritual, o Maçom irá encontrar nas ferramentas que compõem a construção da grande obra da espiritualidade e moralidade da humanidade, o senso moral, indispensável argamassa na edificação do grande Templo humano. 

Nunca esquecer que a Maçonaria molda o homem para ser J e P, portanto, o amor, a solidariedade, a fraternidade, a justiça e a caridade devem ser as virtudes que embelezam sua natureza humana se contrapondo aos vícios que denigrem e alvitram o seu ser. 

Numa reflexão a parte, deve lembrar o Maçom que o CERIMONIAL DA INCIAÇÃO é um ato sagrado, início da construção do templo interior de cada iniciado, daí a responsabilidade de cada Loja em dispensar a devida atenção ao desempenho da ritualística, procurando dar o verdadeiro sentido Espiritual ao sublime processo iniciático. 

O tratamento dispensado ao Recipiendário deverá ser revestido do mais elevado respeito, para que seja dispensado todo carinho, afeto e respeito. 

Este Neófito irá fazer parte da grande FAMILIA MAÇÔNICA UNIVERSAL. 

Lembrar-se de que a INICIAÇÃO é um dos mais solenes momentos da vida de um maçom. Portanto, as brincadeiras de mau gosto e a gozação não deverão, por hipótese alguma, fazer parte desse trote irreverente, mesclado de sadismo. 

Tal comportamento não faz parte da Maçonaria, pelo contrário, vem apenas denegrir a seriedade e sublimidade da INICIAÇÃO, que é revestida do mais excelso principio espiritual. 

Para analisar o verdadeiro sentido místico que norteia a MAÇONARIA, necessário se faz entender o  verdadeiro significado da parte Mística existente dentro da Sublime Instituição, particularmente no que diz respeito aos símbolos e alegorias. 

Portanto, quando se fala sobre MISTICISMO, como mistério, tem o significado de algo que se percebe, profundamente, no íntimo, mas que não pode ser revelado, ou de que não se pode falar. 

O MISTICISMO representa uma tendência para a busca de um Absoluto, com o qual pretende o místico unir-se, moralmente, através de meios simbólicos, e nasce do esforço, que faz o homem para entender o verdadeiro sentido da realidade absoluta ou divina, que está em íntima ligação com as coisas. 

Enfim, é na realidade, um conjunto de atos e disposições, cuja finalidade é a união com a divindade, considerada como espirito criador e regulador de tudo que existe e que procura compreender os atributos divinos, buscando a unificação e concretização de UM ABSOLUTO, ou do ENTE ÚNICO, supremo e onipotente

O Espírito Místico não segue a exatidão cientifica, dominada pela evidência, pela clareza e pela demonstração real. Pelo contrário, ele é ininteligível, obscuro, enigmático, misterioso, totalmente especulativo e atua na esfera de circunstância indefinível. 

É inefável e intuitivo. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Nas considerações que seguem, é oportuno lembrar que o bom Maçom tem o dever de aprender, e aprender bem, para poder ensinar melhor ainda. 

É evidente que o estudo enobrece e conscientiza. 

Não esquecer que é importante saber; entretanto, mais importante do que saber é fazer, é ser! 

Os Mistérios que envolvem a Maçonaria são cheios de riquezas ocultas, os quais é preciso descobri-los para que se possam conceber todos esses ensinamentos, para que o Maçom se torne um sábio. 

A Maçonaria é uma escola de Moral, ilustrada por Símbolos e velada por Alegorias. 

Há, portanto, uma presença totalitária de símbolos, que apresentam um conteúdo cognitivo, na medida em que permite aprender, através de seus significados: a realidade. 

O símbolo desempenha essa função em nossa vida maçônica e fora dela. Em outras palavras, a missão do Maçom desde então é o da Construção espiritual interna de cada membro. 

Entretanto, resultando deste esforço a CONSTRUÇÃO SOCIAL, estendida a toda humanidade. 

Isto posto e compreendido, vamos voltar aos “Instrumentos e Utensílios dos AAp MM

Estas ferramentas tornaram-se símbolos, não servindo somente à prática dos trabalhos na área da construção civil. 

No início deste trabalho, se fez referências à ilustração dos símbolos que ocultam na alegoria maçônica, seus significados que se tornaram secretos e somente pela instrução, revelados. 

Outros símbolos, conforme transcritos abaixo, exprimem o sentido moral e espiritual do seu conteúdo oculto, despertando no Maçom a necessidade do seu crescimento interior, preparando-se para o trabalho de lapidação de seu EU interior. 

É assim que esses instrumentos símbolos se definem: - a régua é dividida em 24 polegadas, ela nos ensina a apreciar às 24 horas em que está dividido o dia, induzindo-nos a empregá-la com critério, na meditação, no trabalho, no descanso físico e no espiritual. É ainda o símbolo da Lei, da Ordem e da Inteligência, a determinar a direção e a regular a aplicação dos estudos. 

- O Maço é instrumento importante e nenhuma obra manual poderá ser acabada sem ele. Ensina-nos, também, que a habilidade sem o emprego da Razão é de pouco valor, e que o trabalho é uma obrigação do homem. Inutilmente o coração conceberá e o cérebro projetará, se a mão não estiver pronta a executar o trabalho. O Maço é ainda, o emblema da lógica, sem a qual não pode haver raciocínio correto e pela qual se pode conhecer qualquer ciência. 

Com o Cinzel, o Obreiro dá forma e regularidade à massa informe da Pedra Bruta e pode marcar impressões sobre os mais duros materiais. Por ele aprendemos que a educação e a perseverança são precisas para se chegar à perfeição; que o material grosseiro só recebe fino polimento depois de repetidos esforços, e que é, unicamente, por seu incansável emprego que se adquire o hábito da virtude, a iluminação da inteligência e a purificação da alma. 

Nas ALEGORIAS procura-se nas estrelinhas, por trás da aparência das palavras e das coisas, o sentido espiritual sempre oculto, tal como ocorria nas palavras de Cristo, cuja função essencial consistia em traduzir as verdades do espírito em narrações concretas e cotidianas. 

São inspirações contidas nos símbolos e alegorias que conscientizam o Maçom sobre os direitos e deveres e, acima de tudo, o exercício efetivo da fraternidade e da harmonia da Of e dos IIr. 

Sabe-se que a desarmonia de uma Loja se embasa em três pontos fundamentais: a vaidade, o rancor e o radicalismo. 

Portanto, é oportuno se manter vigilante para que esses desabrimentos não venham desequilibrar a união entre a Of e os IIr. 

O exercício de virtudes opostas a esses pontos torna o Maçom mais dedicado aos estudos, à frequência e participação assídua nos trabalhos da Loja e no interrelacionamento fraterno entre os IIr numa comunhão perfeita de interesses mútuos. 

No SIMBOLISMO, também, a presença marcante da Maçonaria se faz sentir nos instrumentos e ferramentas usados pelos Pedreiros Operativos na Idade Média, como também, remontando as antigas corporações dos construtores e dos antigos povos da Babilônia, do Egito, do povo hebreu, etc., repleta de símbolos que se identificam com os atuais da Maçonaria Especulativa

Mostram a força desses Símbolos na relação direta do pensamento e do sentimento espiritual e moral neles contidos. O que mais impressionam, além dessa sensibilidade, é a sua linguagem universal. 

Onde quer que esteja um Maçom, em qualquer parte do mundo, encontrando o Esquadro e Compasso entrelaçados, por exemplo, sabe que a Maçonaria está ali presente. 

São tantas as observações sobre ESPIRITUALIZAÇÃO NA MAÇONARIA, a liturgia dos diversos cerimoniais existentes, as lições dos rituais referentes a cada grau, a vasta literatura sobre a SUBLIME ORDEM, os fatos históricos sobre as transformações sociais e politicas ocorridas no mundo inteiro, se faz entender que, embora a Maçonaria não tenha feito a historia do mundo, não se pode, porém, contar a história do mundo sem a participação da Maçonaria. 

O homem faz a história, é o homem que escreve a história. 

É, portanto, a força dessas Alegorias e desses Símbolos que sempre transformou a Sublime Instituição numa energia moral e espiritual capaz de modificar o homem e o mundo em que vive. 

A história da humanidade prova sua transformação graças a sua intervenção. 

É através dos ensinamentos recebidos que o Maçom se torna consciente de seus deveres e de sua responsabilidade perante a Ordem, a humanidade, buscando sempre o progresso e o bem estar dos povos. 

Finalmente, para vivenciar o estado Espiritual na Maçonaria, é preciso estudar, aprender e compreender a fim de fazer um julgamento de conduta na vida e da vida. 


BIBLIOGRAFIA 

ACADEMIA MAÇÔNICA DE LETRAS 

Formação Social da Maçonaria– (Anais do I Congresso Internacional de Historia e Geografia) Volume II – Rio de Janeiro - 19 a 21 de março de 1981 - Impresso na Gráfica Editora Aurora. 

ASLAN Nicola - Comentários ao Ritual de Aprendiz – Vade-Mecum Iniciático. Editora maçônica – Rio 1977. 2ª Edição. 

ASLAN Nicola – Estudos Maçônicos sobre Simbolismo – 3ª Edição – Editora Aurora – Rio – 1981. ASLAN, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Volumes I, II – Editora ARTENOVA – 1974; Volume III – 1975 e Volume IV – 1976.

BOUCHER Jules – A Simbólica Maçônica (Segundo as regras da Simbólica esotérica e tradicional) – Título Original: LA SYMBOLIQUE MAÇONNIQUE – Tradução de FREDICO OXANAM PESSOA DE BARROS. 

CASTELLANI José – Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom (Em todos os Ritos) – Editora A GAZETA MAÇÔNICA – 1987. GLEPB – GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DA PARAÍBA - Ritual de Aprendiz Maçom do REAA – Edição (1928) 2012. 

Ritual de Companheiro Maçom do REAA – Edição (1928) 2012. 

Ritual de Mestre Maçom do REAA – Edição (1928) 2012. 

LEADBETATER C. W. 33º – A Vida Oculta na Maçonaria – Editora Pensamento – Tradução da 2 Edição de 1928 por J. Gervásio 

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