POSIÇÃO DAS ESTRELAS E CONSTELAÇÕES
O Templo Maçônico inspira-se no Templo de Salomão, constituído também por dois espaços (Santo e Santo dos Santos).
No presente caso o espaço está dividido em Oriente e Ocidente.
Neste espaço simbólico designado de Oriente, existe LUZ por que o SOL, situado um pouco à frente do Venerável Mestre, ilumina-o ao nível da Sabedoria.
O restante espaço está escurecido permitindo visualizar na imensidão celestial os principais planetas e constelações.
Contudo, a “Norte”, onde se sentam os Aprendizes, “lugar das trevas e do não conhecimento”, a dificuldade é maior porque a existência de nuvens dificulta a visualização do céu estrelado.
Todas as publicações antigas referem apenas esta transição do dia ou da “Luz” (“Oriente”), para a noite ou para as ”Trevas” (“Ocidente”).
SOL – Sendo a estrela central do sistema solar, foi ao longo dos tempos adorada pelos diferentes povos da antiguidade por permitir a existência de vida no nosso planeta, considerando-o como uma deidade solar, sendo construídos vários monumentos em sua honra.
O Sol ocupa um espaço privilegiado na Abóbada Celeste, no eixo central, à frente do Venerável Mestre, iluminando-o representando-o, no “Oriente”.
A representação das estrelas principais, para além do Sol, estão inseridas em constelações, enquanto áreas definidas na Esfera Celeste e agrupadas em torno de asterismos.
O asterismo constitui um padrão verificável de estrelas durante a noite.
Na Abóbada Celeste estão representadas 10 constelações, das 88 reconhecidas pela União Astronómica Internacional (U.A.I.), desde 1922.
Foi Ptolomeu, no séc. II, através do seu tratado de matemática e astronomia designado de Almagesto, quem identificou na época 48 constelações, embora as primeiras tenham sido registadas na cultura babilónica.
As restantes 40 seriam identificadas entre os séc. XVII e XVIII.
Mesmo assim ainda existem outras constelações não reconhecidas de origem chinesa e hindu, principalmente.
Começando a descrição pelo lado Norte, observamos a existência de três constelações.
CONSTELAÇÃO VIRGEM – Situado junto ao Oriente observamos a constelação Virgem, onde se destaca a estrela alfa SPICA (Alfa Virginis, traduzida em latim por “espiga") que rege o Secretário (os instrumentos de escrita usados pelos gregos e romanos eram feitos a partir de caules ocos designados de “spicula”).
Na mitologia, Témis, deusa da justiça, ascendeu aos céus desgostosa com o comportamento humano. Também se identifica como sendo Astreia, filha de Zeus e de Témis, e que teria habitado a terra durante a Idade de Our
oPosteriormente e com a enfraquecimento da humanidade, retirou-se para os céus onde se transformou na Constelação Virgem.
CONSTELAÇÃO URSA MENOR – Continuando a descrição é visível a constelação Ursa Menor, constituída por sete estrelas onde se distingue a Estrela POLAR, a grande referência que nos indica o Norte. Também conhecida como o “pequeno carro” foi reconhecida em 600 a. C. por Tales de Mileto.
Para os gregos a Ursa Menor é Arcas, filho de Calisto (Ursa Maior), colocado no céu por Zeus.
SPICA - Os elementos simbólicos empregues na composição da “abóbada celeste”.
CONSTELAÇÃO URSA MAIOR – Sendo a constelação mais antiga conhecida, representa os Mestres Instalados, através das 4 estrelas da cauda e que se distinguem pela sua dimensão (ALKAID, ALCOR, ALIOTH e MEGREZ). A última estrela da cauda designa-se de ALKAID ou Benetnasch.
Estes dois termos fazem parte da frase da cultura árabe “quaid al banat ad nasch” que traduzida significa “a chefe dos filhos do ataúde Mário”.
Apela ao conceito do “filho da viúva”, já que no Egito e na tradição árabe a Ursa Maior era representada através de um sarcófago (Osíris) e a sua Viúva (Hórus) em procissão fúnebre.
No lado Sul da Abóbada Celeste estão representadas 4 constelações. Começamos a descrição pela situada junto ao Oriente.
A limpidez estrelar da noite escura indica que estamos nos lugares ocupados pelos Mestres e Companheiros.
CONSTELAÇÃO BOIEIRO - Perto do Oriente observamos a constelação Boieiro, distinguindo-se a 1ª estrela alfa designada de ARCTURUS (no grego significa “guardiã do urso”), possui cor avermelhada, corresponde ao cargo do Orador.
Na mitologia grega representa o filho de Deméter, figura que foi premiada com o céu por ter inventado o arado.
ALKAID ALCOR ALIOTH MEGREZ Estrela Alfa ARCTURUS Estrela Alfa ALDEBARÃ
CONSTELAÇÃO TOURO - Na constelação Touro onde são bem visíveis as sete PLÊIADES (ou sete irmãs) que representam os Mestres (plêiade de homens justos) e as cinco HÍADAS (Hyades) dispostas em esquadria representando os Companheiros.
Nesta constelação é bem visível a 2ª estrela alfa ALDEBARÃ que rege o cargo do Tesoureiro.
Dentro da mitologia Zeus transformou-se em Touro para seduzir a Europa, nome de uma princesa fenício da época. Na mitologia egípcia os dois grupos (Plêides e Híades) eram associados à época das chuvas e, portanto, ao rejuvenescimento da natureza. Devemos lembrar que o Touro era associado na antiguidade à força e à fertilidade.
CONSTELAÇÃO LEÃO – Nesta constelação a estrela mais brilhante é REGULUS (“Alfa Leonis”), batizada por Nicolau Copérnico, significa “Regente”, correspondendo ao cargo de Mestre de Cerimonias.
Na cultura greco-romana representa o leão de Nemeia, um dos monstros mortos por Hércules, que depois de o matar passou a usar a sua pele que por ser muito resistente permitiu vencer as outras criaturas da mitologia grega.
CONSTELAÇÃO PEIXE AUSTRAL – Na constelação Peixe Austral faz-se notar a 4ª estrela alfa FOMALHAUT (Alfa Piscis Austrinis) com o seu disco azulado de poeira luminosa, significando em árabe “boca do peixe do Sul”.
Esta estrela representa o Chanceler (cargo inexistente em Portugal). Na mitologia esta constelação remonta à antiga Síria.
Estrela Alfa RÉGULUS
Estrela Alfa FOMALHAUT
Estrela Alfa ANTARES
CONSTELAÇÃO ESCORPIÃO – Mesmo sobre o lado Ocidente, e no eixo central do templo, observa-se a Constelação Escorpião onde se destaca a 5ª estrela alfa ANTARES (“Alfa Scorpii”) de cor vermelha e que rege o Guarda Interno. Esta estrela foi muitas vezes confundida na antiguidade com o planeta Marte por serem da mesma cor.
Esta constelação é visível no hemisfério sul durante o Inverno e no hemisfério norte durante o Verão.
Na mitologia grega Scorpius é o escorpião que matou Orionte (Órion). No eixo central são colocadas as constelações Cassiopeia e Órion.
CONSTELAÇÃO CASSIOPEIA – Situada perto do Oriente, simboliza os comportamentos e atitudes positivas e negativas dos maçons e que devem ser potenciadas ou corrigidas a partir do respetivo esforço individual, como o respeito, a tolerância, a fraternidade, a vaidade, o orgulho, etc.
CONSTELAÇÃO ÓRION –A maior visibilidade parece dirigir-se para a constelação Oríon onde se distinguem três estrelas em linha, designadas de "as Três Marias" ou "os Três Reis Magos".
Estas três estrelas representam a “idade do Aprendiz”. Dentro da tradição árabe, a constelação Oríon tinha a designação de “a Ovelha de Cinto Branco".
Como sabemos o avental do Aprendiz no nos primeiros tempos da maçonaria era feito de pele de carneiro. Estas três estrelas regem os Aprendizes.
Na mitologia as constelações Escorpião e Órion são inimigas pelo que devem ser colocadas muito afastadas, a primeira no eixo central perto do Oriente e a segunda no mesmo eixo, mas perto do Sul.
Os caldeus designavam-na de Tammuz.
Na mitologia grega Órion era um caçador, filho de Neptuno e da ninfa Euriale.
Fisicamente era um gigante com muita força e muito hábil no urso do arco com flecha e tinha uma personalidade muito pouco humilde, gabando-se que se quisesse exterminaria todos os animais da Terra. Perante esta atitude arrogante a deusa Gaia, protetora da Terra e de todos os animais, enviou um escorpião que o mataria com a sua picada.
BIBLIOGRAFIA
© EUROPEAN REVIEW OF ARTISTIC STUDIES 2017. POSIÇÃO DAS ESTRELAS NA “ABÓBADA CELESTE”.
The symbolic elements used in the composition of the “Dome Celeste” CANOTILHO, Luís.
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